Yamaguchi, Munguia e Abdullaev
Jorge Luiz Tourinho
20 de fevereiro de 2022
Outro sábado maiúsculo em matéria de Boxe. Pelo mundo inteiro, mas vou destacar as noitadas na Rússia, no México e nos EUA.
Não consegui assistir a jornada de Monrose, Estados Unidos. Nela, Yamaguchi Falcão (20-1-1) marcou a sua volta aos ringues da América do Boxe com um nocaute no segundo assalto sobre um boxeador argentino de patamar inferior ao dele. Fernando Ezequiel Farias (10-2-2) não poderia ser nada mais do que a zebraça da semana. Uma rápida análise no seu cartel pode ter dado a impressão que foi contratado para alavancar a retomada da carreira do medalhista olímpico brasileiro.
Yamaguchi não teve nada com isso e deve ter metido a mão para garantir o triunfo rapidamente. Michael Reyes apareceu como promotor e o mais velho dos irmãos Falcão já está programado para 19 de março nesse mesmo palco. Para alçar voo mais alto, Guchi deverá ser colocado contra adversários de melhor nível. Atletas como Farias ele vencerá com facilidade porque é de classe mundial.
Numa preliminar, entre médios, o também brasileiro Rodrigo Lopes Rodrigues (8-2) foi derrotado por nocaute técnico pelas mãos de Connor Coyle (15-0). Dessa vez o boxeador de Mr. Reyes foi o norte-americano.
Da Plaza Monumental de Tijuana, México, nos chegaram via DAZN as imagens de um evento apenas regular. Quem o salvou foi o excepcional peso médio azteca Jaime Munguia (39-0). Trocou golpes com o bom lutador D'Mitrius Ballard (21-1) e mostrou porque os campeões mundiais dos médios fogem dele como o diabo foge da cruz.
O título Intercontinental da Organização Mundial de Boxe (OMB) pouco vale. O que deve ser visto é a categoria fora de série desse jovem guerreiro de Tijuana. Dominou o cotejo desde o início. Ajustou-se no primeiro round, marcou a movimentação de Ballard no segundo e bombardeou no terceiro. Depois do knockdown veio o castigo que levou o árbitro a decretar o TKO3. A segunda queda era iminente.
Os promotores de Munguia, Zanfer e Golden Boy, se associaram ao DAZN para que as imagens chegassem aos quatro cantos. Conseguiram, mas precisariam ter preliminares de bom nível. Ou, pelo menos, tentar isso.
Na primeira luta exibida, uma piada de péssimo gosto. O invicto pena, também de Tijuana, Rafael Espinoza (18-0) foi colocado com um filipino, Alie Laurel (18-7-1), que pareceu estar sonado. Foi à lona no primeiro soco mais forte e, logo depois, com um contragolpe foi a nocaute. Menos de dois minutos...
Entre super leves, Diego Torres (14-0) venceu em 10 tempos a Jonathan Escobedo (8-3-1). Contudo, mesmo com a vitória unânime e clara, quem foi aplaudido foi o perdedor. O público mexicano é muito exigente e valoriza aqueles que buscam, que tomam a iniciativa. Torres foi colocado contra um apenas bravo oponente para brilhar e ser exibido ao mundo. Decepcionou porque deixou-nos a impressão que poderia ter resolvido o confronto se tivesse apertado. Escobedo não se importou em estar inferiorizado pela maior velocidade do vencedor e se lançou em busca do improvável triunfo. Perdeu, mas é mais fácil que ele seja contratado para outro combate do que Torres. As papeletas foram 98-91 e 97-92 (2) que foi o que marquei.
Na última preliminar, William Zepeda (25-0) nocauteou em três capítulos a Luis Viedas (29-12-1). Pelo cartel, já se viu que o perdedor tinha que representar o papel de saco de pancadas vivo. Nem isso pode fazer. Zepeda bateu quando pode. Foi uma luta horrorosa para um cara de classe mundial como ele. Derrubou no segundo. Foi derrubado no mesmo segundo assalto e teve contra si uma falta maluca marcada. No terceiro continuou a caçada e, após duas quedas, foi anotado o KO.
De Ekaterinburg, Rússia, a ESPN trouxe a excelente luta na qual Zaur Abdullaev (15-1) surpreendeu o veterano porém grande boxeador Jorge Linares (47-7). Valeu o título Prata dos leves do Conselho Mundial de Boxe (CMB). O venezuelano dominou a primeira parte do cotejo e o russo a segunda. Quando parecia que teríamos uma difícil decisão para os juízes, Abdullaev conseguiu as duas quedas que evoluíram para o nocaute técnico no décimo segundo tempo.
Entre pesados, o campeão argentino Leandro Daniel Robutti (8-6) vinha bem contra o novato local Georgy Yonovidov (4-0). Aplicou um KD no terceiro round, mas cansou e abandonou no intervalo que antecederia o sexto episódio.
Entre meio-pesados algo lamentável. Giorgi Kushitashivili (2-0) esbordoou por apenas dois rounds um oponente paradão. Olarewaju Segun (9-2) foi o saco de pancadas vivo que o vencedor detonou facilmente. Caiu uma vez no primeiro e outra no segundo. Acertou o mediador.
Os super leves Ivan Koslovsky (5-0) e Zoravor Petrosyan (12-2) fizeram animada disputa. O primeiro acabou com a vitória dividida. 91-99, 96-93 e 96-94 (o que marcou Eduardo Ohata) foram os escores. Anotei 95-95.
Anunciada como eliminatória ao cinturão super pena da Associação Mundial de Boxe (AMB), o confronto entre Angel Rodríguez (20-1) e Mark Urvanov (20-3-1) foi muito bom. O primeiro venceu por pontos e é venezuelano. Mostrou pouca volúpia e acabou se emocionando com o triunfo contra um bom adversário russo. Não houve quedas e a luta foi equilibrada. A decisão se deu com as seguintes papeletas: 115-113, 116-113 e 116-112 (o mesmo que o comentarista Ohata). Anotei 114-114.