Whyte Campeão Pesado Interino do CMB
Por Jorge Luiz Tourinho
O dinheiro não compra campeonatos mundiais de boxe mas pode ajudar a conquistá-los. É a conclusão que, mais uma vez, sou obrigado a chegar. Dillian Whyte (28-2) havia sido nocauteado por Alexander Povetkin (36-3-1) na sua última luta em 22 de agosto de 2020. Uma autêntica zebra, já que o britânico venceu todos os assaltos até levar uma bomba de esquerda no quinto round e cair por toda a contagem. Nessa luta estava em jogo o título interino dos pesados do Conselho Mundial de Boxe (CMB) já que o campeão Tyson Fury esnobou a lista de desafiantes para ganhar fortuna.
Ora, boxeador que vem de nocaute não poderia disputar o cinturão mas... vá lá, é um bom lutador, de classe mundial, etc... O que levou o então campeão interino Povetkin a aceitar uma revanche sabendo que seria novamente o azarão? Possivelmente, o desagradável empresário Eddie Hearn enfiou no contrato da primeira contenda a infame cláusula de revanche imediata caso o seu pupilo perdesse. O russo e seu staff devem ter aceitado porque a bolsa para a segunda luta entre ambos deve ter sido ótima. Danem os outros desafiantes! Infelizmente, os dirigentes dos organismos reitores do pugilismo não mostram peito para mexer nos interesses dos magnatas como o dono da MatchRoom.
Então, saiu o novo embate pelo cinto interino do CMB em Gibraltar ontem, dia 27 de março. O desenrolar foi quase o mesmo da luta anterior. Whyte dominando os capítulos, desta vez mais comedido - gato escaldado... - boxeando para vencer cada tempo sem afobação que o levasse a se expor aos golpes do então campeão. No quarto e último tempo encaixou um golpe, depois de ver o oponente sentir, outro direto de direita que atingiu o pescoço e jogou o soviético nas cordas de outra face do ringue. Logo em seguida, aplicou o definitivo cruzado de esquerda no escutador de samba de um trôpego adversário. Valente, Povetkin respondeu à contagem de oito mas pontificou a toalha jogada por seu corner. Nem sei se o terceiro homem do quadrilátero deixaria seguir.
Vitória clara e esperada do fortíssimo Dillian que não entrará como favorito contra Fury, Joshua ou Usyk mas poderá vencê-los. Aos 41 anos, concordo com as redes sociais, Alexander deve pensar em se retirar. É um bom lutador mas o corpo já não consegue reagir com a velocidade necessária.
ESPN KnockOut de Chapala, Jalisco, México - 26 de março
O dia que marca o aniversário do grande Eder Jofre nos trouxe um programa estranho vindo por um dos canais Disney. O país azteca tem centenas de lutadores profissionais e seus promotores podem fazer combates mais equilibrados.
Começou com pesos galos. Cristian Medina (15-3) foi colocado diante de um substituto de última hora. Marvin Díaz se esforçou mas ficou óbvio que o cotejo não chegaria aos tempos previstos. Depois de muito fugir no primeiro, recebeu alguns golpes e caiu. O confuso árbitro resolveu marcar falta inexplicável contra ele. Ainda no segundo capítulo um gancho na zona hepática acabou com a triste festa.
O filho do ex-campeão Fernando Vargas, Amado Vargas, foi apresentado como promessa. Com apenas 18 anos, dominou um esforçado opositor e venceu apenas por pontos. 40-36 foram as marcações do excelente comentarista Eduardo Ohata e minha. Não ouvi o locutor oficial. Ficou com 2-0 mas é cedo para afirmar que repetirá o que fez o pai.
Os super galos Edwin Palomares (14-3-1) e Cesar Ramírez (18-5) fizeram combate emotivo porém deslúcido. Quem gosta de trocação insana talvez classifique esse cotejo como "boa luta". Quem sabe que o boxe é feito de ataque, defesa, movimentação, domínio de ringue, técnica e eficiência, definirá a vitória de Palomares como "briga de rua". Nocaute no décimo assalto, brutal e preocupante. Felizmente, Ramírez saiu andando.
A luta final, entre super médios, foi a pior delas. José Uzcategui (30-4) já foi campeão mundial. Optou por cozinhar o galo, não se soube o porquê. Terçava luvas com um oponente com cartel negativo! Josué Obando foi para 20-29 depois de ser poupado pelo venezuelano até o oitavo tempo quando o mediador se cansou da falta de equivalência e preferiu parar as escaramuças.
O adeus a Vitor Ribeiro e Pepe Altstut - no mês que aniversariam os grandes Paulo Roberto Godinho, Sidnei dal Rovere e Eder Jofre demos o adeus aos abnegados Vitor Ribeiro (treinador) e Pepe Altstut (empresário e apoiador). Ambos vítimas da maldita pandemia. Nossas condolências às famílias e amigos.
Foto: https://www.essentiallysports.com/boxing-news-im-a-harder-puncher-than-andy-ruiz-dillian-whyte-sends-anthony-joshua-a-warning/