Vitória espetacular de Liam Smith o coloca como desafiante a título mundial dos médios
Jorge Luiz Tourinho
22 de Janeiro de 2023
Muita provocação e maluquice antecederam o combate entre Chris Eubank Jr e Liam Smith. A Arena de Manchester, terra natal de Smith, foi o local do excepcional evento cuja luta final trouxe o espetacular triunfo do nativo. O filho do ex-campeão mundial dos médios e super médios, Chris Eubank, era ligeiramente favorito. Sua forma meio esquisita de se portar com a guarda baixa e, praticamente, debochando do adversário pode ter sido determinante para a derrota por nocaute técnico no quarto assalto.
Dois boxeadores experientes fizeram três rounds movimentados com vitórias parciais para ambos. Eubank na longa distância atirando bons jabs de esquerda e colocando alguns diretos e uppercats quando encurtava. Smith cercava e buscava atirar suas bombas quase sempre na cabeça. Um potente gancho de esquerda abalou Eubank no quarto tempo. Rápida combinação que culminou com um upper levou-o à lona pela primeira vez. Ainda trôpego foi considerado apto para continuar. Outro castigo que iniciou com um direto de direita provocou a segunda e última queda. Dessa vez o árbitro resolveu parar o cotejo.
Não posso criticá-lo porque estava bem longe do ringue em casa e não vi a expressão de Chris. O fato é que o perdedor respondeu à contagem de oito e reclamou barbaridade não ter oportunidade de seguir. Porque não parou logo depois do primeiro knockdown quando ele estava visivelmente sentido? São coisas que deixo para a análise do Diretor de Arbitragem da Associação Brasileira de Pugilismo (ABP), Renato Moura.
Muito festejada a vitória que leva Liam Smith (33-3-1) para a invejada posição de desfiante a título mundial dos médios. O problema é encontrar campeão que queira enfrentá-lo. Chris Eubank Jr foi para 32-3 e ainda está nos rankings dos principais organismos. Nem precisará recomeçar para chegar a alguma disputa importante. Bastará vencer um bom boxeador qualquer.
Preliminares exibidas na ESPN4.
Pesados - Frazer Clarke (5-0) TKO5 Kevin Espíndola (7-7).
Domínio total do britânico que deixou a desejar. Em face a um saco de pancadas vivo, não conseguiu definir antes da hora. O nocaute técnico veio por contusão no braço direito do argentino que está num nível bem inferior do que o vencedor. A dúvida do ídolo e comentarista Servílio de Oliveira é também a minha: como é que foi contratado Espíndola? Com certeza, há outros britânicos mais categorizados que ele e que exigiriam mais do Clarke. Enfim, parece que querem inflar o cartel dele...
Pesados - Joseph Parker (31-3) W10 Jack Massey (20-2).
Boa vitória de Parker sobre um bom boxeador desconhecido por mim. Foi o recomeço de caminhada para disputa de cinto mundial após o nocaute sofrido para Joe Joyce. Alguém poderá dizer que não foi algo marcante, mas foi uma decisão unânime e clara.
Phil Edwards 96-93, Howard Foster 97-92 e Victor Laughlin 97-93 foram as papeletas. Massey teve uma falta marcada no oitavo período por agarrar demais.
Meio-médios - Ekow Essuman (19-0) W12 Chris Kongo (14-2).
Espetacular confronto!!! Valeu os cinturões da IBF Europa, WBC Intercontinental Silver (o que é isso?), Britânico e da Comunidade Britânica. Ambos deixaram tudo dentro do ringue. Podem ter feito a luta do ano, até aqui, do Reino Unido.
Essuman demorou alguns episódios para acertar a distância e escapar das direitas em direto do seu bravo adversário. Nos últimos quatro assaltos, sobraram-lhe condição física e coração para virar uma luta acirrada e de difícil marcação. Kongo teve dificuldades para manter a longa distância nos rounds finais e para sair do infight.
Os dois têm muito boas perspectivas no futuro. A decisão majoritária se deu com: 114-114 Phil Edwards, 116-113 Michael Alexander e 115-114 Victor Laughlin. O comentarista Servílio de Oliveira e eu marcamos 115-113 para Essuman.
Cruzadores - Richard Riakporhe (16-0) TKO4 Krzystof Glowacki (32-4).
Os carteis mostravam que seria uma luta equilibrada, não? Ledo engano. O inglês foi batendo com vontade até fazer o mediador parar com o castigo. Não houve queda. O polonês decepcionou pois pouco fez para sair com a mão erguida. Riakporhe está sendo preparado para título universal - mais um britânico- e merece ser observado. Tem envergadura, técnica e dinamite nas mãos.
Imagem: Manchester Evening News