Tyson Fury, Biro Mesquita e Yamaguchi Falcão
Jorge Luiz Tourinho
14 de dezembro de 2022
O triunfo e consequente manutenção do título dos pesados do CMB - WBC de Tyson Fury (33-0-1) sobre Derek Chisora (33-13) colocou as coisas nos seus devidos lugares na divisão mais valiosa do Boxe. O gigantesco evento teve lugar no campo do Tottenham em Londres no dia 3 de dezembro. Era para ser outro mega evento com Fury pegando Anthony Joshua (24-3), mas não houve acerto.
Falando sobre o futuro do Rei Cigano, o empresário Bob Arum deixou transparecer qual foi o problema que impediu o choque entre os dois ingleses. O manager de Joshua, que é também o do campeão WBA-IBF-WBO Oleksandr Usyk (20-0), insiste em contratos com cláusulas de revanche imediata. Esse desejo do espalhafatoso Eddie Hearn (da Matchroom Boxing) parece que irá melar o combate que o mundo quer ver entre Fury e Usyk.
Arum, da Top Rank Boxing, e Frank Warren, da Queensberry Promotions, os co-manejadores do principal pesado do momento, fizeram um belo trabalho convidando e colocando na primeira fileira Usyk e Joe Joyce (15-0). Este está sendo considerado como o terceiro da fila para encarar Fury. Contudo, se não prosperarem as negociações com Hearn para os cotejos com Usyk e com Joshua, poderemos ter um embate entre Tyson Fury e Joyce.
Nenhum dos três entrariam como favoritos contra o Rei Cigano. Basta vermos o que o campeão do Conselho fez com Chisora. Venceu todos os nove assaltos pontuados para vencer por nocaute técnico no décimo round. Um ferimento no olho direito já bastante entumescido fez o árbitro parar o confronto por ali. Foi um resultado impressionante pelo domínio total sobre um já veterano forte e resistente. O cartel do perdedor pode nos enganar. Suas treze derrotas foram para boxeadores que estavam entre os top-20 no momento das lutas.
E a eliminatória entre Andy Ruiz Jr (35-2) e Deontay Wilder (43-2-1) que sacaria desafiante obrigatório do mesmo WBC? Pode esquecê-la. É o quarto passo a ser dado pelo entorno de Fury. Serviu para que mais taxas fossem arrecadadas...
Aélio Biro Mesquita (21-9-1) apareceu na ESPN4. Foi na noite de 2 de dezembro na cidade de Atlanta, EUA. Enfrentou a ascendente promessa canadense Chann Thonson (13-0). Nada apresentou. Foi dominado desde o começo. Castigado, ajoelhou-se três vezes no segundo capítulo. Na terceira vez que respondeu à contagem de oito, ficou aparente que não estava em condições de continuar e veio a decisão de TKO2.
Segundo a emissora, pesaram como pesos leves. Thonson é apenas o número 87 na relação do indispensável site Boxrec. Talvez mudar de função seja uma ideia para Mesquita. Servir de escada para promissores lutadores no mercado americano é o que parece estar no radar.
Ao contrário de Biro, Yamaguchi Falcão (24-1-1) tem um promotor que está alavancando sua carreira. Desta vez, colocou diante do capixaba o Ernest Amuzu (26-8). Não assisti o cotejo. O resultado - TKO7 - não me surpreendeu. Uma análise no seu cartel mostra ser apenas um vencedor de perdedores. Yamaguchi vai trilhando o caminho para, quem sabe, ter oportunidade maior. Foi a quinta luta feita em 2022!
Apesar das vitórias conseguidas neste ano, Yamaguchi está como o super médio #72 na lista do Boxrec. Boxeador de classe mundial, não terá dificuldades em demolir oponentes do nível desse Amuzu. O cartel positivo do Ernest é (ou foi) tremendamente enganador. Suas vitórias foram conseguidas em Gana. É a prova que não basta apresentar um recorde recheado de triunfos. Deve-se ver de quem o atleta venceu.
Foto: Yahoo Esportes