Tszyu destrói Ocampo e se afirma como nome nos médios ligeiros
Jorge Luiz Tourinho
19 de Junho de 2023
O australiano Tim Tszyu (23-0) é sempre apresentado como o filho do extraordinário Kostya Tszyu ex-campeão unificado dos meio-médios ligeiros, um dos poucos vencedores da lenda Julio Cesar Chávez. Embora esta filiação seja motivo de orgulho, ele vem trilhando uma carreira brilhante de forma metódica.
Foi muito feliz o extraordinário comentarista da ESPN, Eduardo Ohata, quando o definiu como um exemplo marcante para o Boxe. O fato de ser mordido por cachorro – levou 26 pontos no antebraço direito – e não adiar o combate de sábado 17 de junho; de enfrentar boxeadores ranqueados podendo esperar pelo dono dos cinturões dos médios ligeiros já que é o desafiante obrigatório; são atitudes como essas que o levam a ser idolatrado no país dos cangurus e respeitado pelo mundo afora.
Além disso, e mais importante, são suas qualidades como pugilista. Melhor ainda, sem bancar o maluco nas pesagens nem insultar oponentes, se impõe dentro do ringue sem espalhafato. Só com sua técnica refinada, força e resistência.
Estava em jogo na Goldcoast, Austrália, o seu cinturão interino WBO dos médios ligeiros. O atual campeão, Jermell Charlo (35-1-1), se recupera de cirurgia em uma das mãos. Daí o interinato de Timofei. O mexicano Carlos "Chema" Ocampo (35-3), que era o décimo primeiro da lista, aceitou a luta. Foi simplesmente detonado no assalto inicial. Primeiro com um direto de direita na mandíbula que gerou o primeiro KD. Depois com um castigo brutal que culminou com a segunda queda que levou o árbitro a decretar o nocaute imediatamente. Felizmente, o bravo azteca se levantou e desceu do quadrilátero andando.
Cabe uma reflexão sobre os lutadores mexicanos. Dificilmente, vejo um deles procurar o clinche quando atingidos. Uma vez bombardeados e sentindo eles vão para a trocação. Ora, agarrar o adversário é uma forma de defesa. O que pode ser faltoso é exagerar ou fazê-lo de forma acintosa. Ocampo recebeu o golpe e caiu. Voltou e foi para cima de forma desordenada. Resultado: foi presenteado por uma saraivada de murros que acabou com seu sonho. Pelo menos por enquanto.
Um triunfo espetacular que coloca Tszyu como um dos nomes dessa divisão. Capaz de levar multidões aos ginásios aonde lutar. Como Ohata, eu também gostaria de assistir a peleja Charlo Vs Tszyu. Contudo, o fato de ser campeão unificado dá ao americano o direito de escolher entre um dos quatro primeiros classificados nos quatro maiores organismos reitores.
Pouco importa para os empresários do No Limit Boxing. Sabem que poderão fazer outro evento de grande monta com Tszyu e qualquer outro top-15. Com seu pupilo na condição de favorito!
Preliminares exibidas pela ESPN.
57 Kg – Rocky Ogden (6-0) TKO1 Mark Schleibs (12-2)
Pactuado para seis rounds durou menos de dois minutos! Uma estranha rivalidade eclodiu na pesagem, não sei porque (e nem quero saber) e gerou certa expectativa sobre o cotejo. O vencedor vem do Muay Thai e sobrou. Foi acertando e Schleibs pareceu-me sem condições. Três quedas levaram o mediador a paralisar as ações.
É cedo para prever o que virá para Ogden.
Super leves – Hassan Hamdan (6-0) WTD4 Justin "Iceman" Frost (13-3-1)
Valeu o título australiano. Errou, lamentavelmente, o árbitro ao mandar seguir o confronto quando uma cabeçada involuntária arrebentou o supercílio esquerdo do vencedor. Estava em curso o quarto assalto e já se poderia ir para as papeletas com o julgamento desse que foi o último tempo.
Não sei se o regulamento vigente na Austrália não obriga a pontuar o capítulo interrompido. O fato é que, se Hamdan tinha condições de seguir adiante, porque foi considerado inapto no intervalo? Que enigma!!!
A decisão foi unânime. Minha marcação foi 39-37.
Super galos – Sam Goodman (15-0) W12 Ra'eese "The Beast" Aleem (20-1)
Combate espetacular fizeram esses dois guerreiros que buscavam a posição de desafiante obrigatório da IBF. Outra eliminatória feita para ganhar dinheiro com o pagamento da taxa. Para quê eliminatória se há ranking mundial?
Pior ainda, as duas primeiras posições da classificação da IBF estão vagas. Lutaram o quarto e o quinto e o australiano levou a melhor num cotejo de alternativas. Talvez ambos tivessem se movimentado muito sem atirar golpes, mas brindaram a plateia com excelente luta.
O americano Aleem pareceu ter cansado no final. Seu treinador mandou-o para o tudo ou nada no último episódio. Concordo com o locutor Hugo Botelho – está narrando cada vez melhor. Porque não o mandou para cima no sétimo ou no oitavo assalto?
A decisão foi dividida. O juiz japonês foi o que viu diferente. A escalação de juízes neutros não dá a infalibilidade que alguns iluminados exigem. 112-116, 117-111 (o que anotou Ohata) e 116-112. Marquei 118-110 para Goodman que mostrou ser sólido embora não tenha pegada.