Spence Jr e Batarelli

Por Jorge Luiz Tourinho

Uma vez mais o excepcional Errol Spence Jr mostrou porque é considerado um dos cinco melhores boxeadores do momento. Estavam em disputa seus títulos meio médios do CMB e da FIB. O oponente Danny García veio credenciado como um dos mais capazes da relação de desafiantes dessa divisão. O fato de haver sido campeão indiscutível dos super leves alimentou a ideia de que poderia sair do AT&T como campeão.

O estádio dos Dallas Cowboys em Arlington, Texas, foi o palco da excelente noitada do Premier Boxing Champions (PBC) e marcou a volta do público mesmo com a pandemia. O combate final foi excelente, como previsto. A maior técnica do craque Spence Jr marcou presença embora dele tenha sido exigido muito para triunfar. As papeletas 117-111 (o que marquei) e 116-112 (2) mostraram uma clara, porém trabalhosa, vitória do campeão. García foi um adversário valente que também exibiu muitas qualidades e venceu alguns assaltos. Seu cartel foi para 36-3. Errol ficou com 27-0 e só vejo dois possíveis contendores para ele: Terence Crawford e Manny Pacquiao.

O evento teve mais quatro lutas. Equivalentes no papel, na prática não. Acabaram sem o veredito dos juízes. Penas, Eduardo Ramirez (24-2-3) TKO5 Miguel Flores (24-4) com um brutal cruzado de direita. Venceu todos os rounds e a definição não pode ser classificada como nocaute porque o perdedor estava de pé no fim da contagem. Simples. TKO.

Josesito López (38-8) TKO10 Francisco Santana (25-9-1). Meio médios. López venceu oito dos nove capítulos esbordoando com vontade. A impressão que tive era que a peleja poderia acabar como acabou até um pouco antes. Valeu pela intensidade e busca pela vitória por ambos.

Os médios ligeiros fizeram uma eliminatória pelo cinturão da AMB. Pra quê, não existe ranking mundial? Enfim, Sebastian Fundora (16-0-1) TKO2 Habib Ahmed (27-2-1) de forma aparentemente fácil. Uma bomba atingiu o alvo e o árbitro resolveu, acertadamente, acabar com as escaramuças.

Na sexta-feira (4) nos chegou a décima edição do maior evento de boxe do país, o Boxing For You, direto da Arena de Lutas em São Paulo. Desejo, com a minha análise, que as pessoas responsáveis por ele pensem e possam melhorá-lo cada vez mais. Da vez passada, relevei a desastrosa "luta" Esquiva-Morrama por causa da pandemia e da impossibilidade de buscar-se adversários fora do país. Contudo, voltamos a ver outro massacre. A primeira luta, entre Carlos Henrique da Silva (11-0-1) e Nathann Siqueira (2-1) já se mostrava desigual no papel. No ringue foi algo preocupante e perigoso. Siqueira foi selvagemente espancado pelos 6 capítulos. Não caiu, nem foi derrubado. Aguentou um castigo fora do comum. Além de perder todos os tempos ainda teve dois pontos descontados erradamente pelo árbitro. Triunfo como esse não catapultará Carlos Henrique à condição de desafiante a coisa nenhuma.

A disputa do título brasileiro do Conselho Nacional de Boxe (CNB) das penas foi a melhor luta da noite. O equilíbrio faz muito bem ao boxe. Daniela Ramos (9-2) W10 Simone Aparecida da Silva (17-16) num duelo emotivo, vibrante e emocionante. Ramos venceu claramente apesar de um juiz ter visto empate. Os outros dois anotaram 98-92 (o mesmo que eu).

De olho na possibilidade de voltar ao circuito mundial, Rose Volante (15-1) retornou com grande atuação e venceu todos os oito tempos do cotejo contra Hallana dos Santos (14-8). A baiana lutou e tentou com suas armas um melhor desfecho mas não deu, Volante está num nível acima. 80-72 sem contestação. Deu muita alegria a um velho jornalista ver e ouvir as entrevistas das duas vencedoras da noite. Equilíbrio, humildade, lembrança dos filhos e sonhos no mundo pugilístico, além da beleza. Parabéns.

Na final, título brasileiro CNB super pena. Eduardo Costa do Nascimento (6-1) TKO2 Luiz Cláudio Cardoso da Silva (6-3). Golpes na linha de cintura provocaram três quedas no segundo assalto. O árbitro queria mais mas a esquina de Luiz jogou a toalha. Na California, três KD no mesmo round levam ao nocaute. Esteja de pé ou não o boxeador. Estranho o CNB não prever isso.

Pelo acontecido no primeiro combate em São Paulo, tenho que solicitar que o ex-campeão mundial Sérgio Batarelli tome as rédeas do Boxing For You e impeça seu matchmaker de programar outras lutas sem nenhuma equivalência. Não me venham com mais desculpas. Batarelli sabe melhor que eu que o boxe desigual pode trazer até a morte. Portanto, mande parar com a programação de cotejos como Esquiva-Morrama e Henrique-Siqueira antes que uma tragédia aconteça. Ao CNB peço o mesmo. Que exerçam seu dever de homologadores examinando os combates no papel. Será que é pedir muito?

Efemérides: 6 de dezembro.

2013 - Evangeline Downs Casino, Opelousas, Louisiana, EUA

cruzadores - Hamilton Ventura W8 Andres Taylor

Hamilton Ventura da Conceição, vulgo Geladeira, ainda está ativo. Pode ter nascido em Cruz das Almas, Bahia, em 7 de março de 1983. Talvez resida em Guarulhos, SP, e tenha o cartel de 15-7-1.

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