Sétimo UP Boxe Show em Belém, PA
Por Jorge Luiz Tourinho
31 de agosto de 2021
Grande evento foi realizado na capital do Estado do Pará no dia 28 de agosto. O Pará Clube sediou o sétimo UP Boxe Show organizado pelo consagrado treinador Ulysses Pereira e seus companheiros. Pudemos acompanhar a transmissão pelo Canal YouTube. Diante de tantas dificuldades para se fazer boxe profissional, devemos agradecer aos responsáveis pelo numeroso e bom programa exibido.
Já passei da idade de criticar. Façam aquilo que suas consciências mandarem. Porém, no intuito de tentar colaborar, farei algumas observações. Uma série de apoiadores e anunciantes foram divulgados pelo locutor do Canal Ulysses Pereira. Entre eles estavam o Governo do Estado e uma deputada. Para uma programação dessa dimensão torna-se necessário reunir todos os apoios possíveis. Os políticos têm se caracterizado por dar suporte apenas para ganhar ou pedir votos no futuro. Não tem ligação com o nosso esporte nem com seu desenvolvimento. Se resolveram ajudar, parabéns.
A qualidade desse evento fez por merecer transmissão por TV. Como o preconceito não foi superado, fizeram muito bom trabalho via YouTube. Um probleminha durante a luta do promissor Jefferson somente. Talvez o locutor Giovani e o comentarista Jurandir possam não se posicionar como torcedores dos atletas da academia Ulysses já que as imagens vão para o mundo. Foram bombardeados pelos assistentes no chat.
Outra ideia que já é praticada nos maiores centros pugilísticos é não chamar para o centro do ringue os atletas que perderam pela via rápida. Dá-se o resultado apenas com o nocauteador que tem o braço levantado. O perdedor nessas condições, normalmente, está triste, acabrunhado e, às vezes, envergonhado. Para quê levá-lo para ouvir a decisão que o dá como derrotado?
Nas Ligas Atléticas dos EUA não existem mais as contagens protetoras com lutador de pé. Na prática servem para tirar, momentaneamente ou não, a vitória por nocaute técnico de quem provocou a contagem. Creio que o Conselho Nacional de Boxe (CNB) e a Federação Paraense, entidades supervisoras do programa, poderão acabar com isso. Está em dificuldade, ou perde por TKO ou se espera o desenrolar dos acontecimentos.
Abaixo, seguem meus comentários sobre as nove lutas.
Leves - Muhammad Mesquita (1-0) W4 Márcio Oliveira Jr (0-1).
O vencedor é filho de Francisco Mesquita que se radicou na Paraíba há bom tempo. Foi um super leve que se destacou no RJ. Combate de fácil marcação. Muhammad quase não golpeou nos dois assaltos iniciais e os perdeu. Boxe não é somente esquiva. No terceiro em diante resolveu acelerar. Derrubou no terceiro e venceu o quarto. Ambos tem que melhorar muito suas condições físicas. O Sr. Giovani ainda falou em empate mas, nada disso, a decisão foi unânime. 38-37 (foi o que marquei), 38-36 e 39-37.
Super penas - Jônatas Oliveira (2-1) KO2 Milton Pantoja Jr (1-3).
Amplo domínio do vencedor. Derrubou no primeiro round. No segundo, um gancho no fígado provocou a segunda e derradeira queda. Jônatas é um nome a ser observado.
Super médios - Vitor Richer (1-0) W4 Whilton Moreira (1-3-1).
Luta estranha. Moreira estava equipado com uma sapatilha que escorregava e não havia breu no ringue. Nem Coca-Cola para tentar melhorar a aderência do perdedor. Richer teve seu triunfo de estreia minimizado pela pouca estabilidade de seu oponente. É muito forte e merece ser observado. Precisa apertar e tentar decidir antes do tempo. Whilton foi anunciado com 2-2-1 antes da contenda. Fiquei com o BoxRec. As papeletas: 39-37 e 40-36 (2) que foi o que anotei.
Leves - Francisco da Cruz (2-0) TKO6 Henrique Souza (2-1).
Em termos de equilíbrio e emotividade foi o cotejo da noite. Da Cruz buscou desde cedo a definição pela via do sono. Foi boxeado pelo perdedor e, a despeito do comentarista achar que estaria cansado, continuou sua busca e foi premiado. A boa mediadora Tatiana Barros abriu duas contagens com o perdedor de pé. Acho que não é adequado. A segunda delas, no sexto tempo, a fez considerar que Souza não estava mais em condições. Se tiver preparação física, da Cruz é atração garantida para quem gosta de trocação franca!
Pesados - Romário da Conceição dos Santos (1-0) W4 Ronalddy Matheus Reis (2-1).
Confronto equilibrado de difícil marcação. Houve alternância no domínio do ringue e nos golpes conectados. Os Srs. Giovani e Jurandir já estavam dando a vitória para Matheus quando foram surpreendidos pela decisão dividida. A maior iniciativa de Romário pode ter levado aos escores de 40-36 (2) e 37-39. Para mim, empate em 38-38. Ambos prometem mas torna-se necessário mais iniciativa e golpes atirados.
Leves - Jefferson Silva (8-1) W6 Demeson (ou Demenson) dos Santos (1-4-1).
O sinal caiu pouco depois do knockdown aplicado pelo vencedor no capítulo inicial. O pouco que vi foi suficiente para querer vê-lo de novo em ação. Claro que um oponente com cartel parecido.
Leves - Jackson Furtado (8-0) TKO1 Douglas da Costa (1-1).
Excelente prospecto esse Jackson! Tomou conta, meteu a mão e mostrou como se porta um boxeador profissional: vai buscar a vitória desde sempre. Gancho no baço provocou a primeira queda e uma enxurrada de murros a segunda e última. Claro que Douglas não estava no nível do vencedor que também espero ver contra lutador de cartel equivalente.
Cruzadores - Lucas Pereira Pontes da Silva (5-0) KO1 Herculano Gomes do Carmo (1-1).
O vencedor sobrou. Desde a campainha inicial se sabia que o negócio acabaria rápido. Golpe no fígado provocou a queda que evoluiu para o nocaute. Outro triunfo que pouco ou nada somou na carreira de Lucas. É filho do treinador Ulysses e tem que ser programado com boxeadores de, pelo menos, cartel parecido. Foi anunciado pelo locutor como campeão brasileiro mas não pode ser. Yamaguchi Falcão venceu esse título quando nocauteou Clebson Tubarão.
Título meio-pesado FECONSUR
Isaac Rodrigues Coelho (27-3) W10 Sérgio Dantas (4-1).
Triunfo esperado desde a divulgação dos cartéis. Uma análise superficial levou Isaac à condição de favorito. Uma análise aprofundada nos adversários vencidos por ambos o levou à de franco favorito. Quem achava que Dantas poderia voltar para a Bahia como campeão sul-americano?
Domínio total de Rodrigues que provocou quedas no terceiro, sexto e décimo. Um direto de direita cortou o supercílio esquerdo do paraense no sexto capítulo. O excelente árbitro Everton Moreira parou a blitzgrieg após Sérgio responder à contagem de oito para que examinassem o ferimento. Achei incorreto o momento para parar.
Talvez esse corte tenha feito o agora campeão FECONSUR parar no oitavo assalto. Serviu para que Dantas vencesse um dos tempos. As papeletas foram: 100-89 (2) e 98-91. Marquei 99-78.
Antes que alguém me pergunte como Dantas foi colocado no quadrilátero com Rodrigues, devemos ver que a FECONSUR é a sucessora da FESUBOX. Continua sem ranking. Seus cinturões são disputados por aqueles cujos promotores mostrarem interesse.
A verdade é que os 242 combates feitos por Sérgio Dantas na área olímpica não poderiam ser credencial para disputar cinto da América do Sul (exceto Uruguai e Venezuela). Enfim, bola para a frente.
Imagem: YouTube