Robson Conceição venceu bem eliminatória do CMB
30/01/2022
Jorge Luiz Tourinho
30 de janeiro de 2022
Após equilibrado combate nos quatro assaltos iniciais, Robson Conceição (17-1) passou a dominar e venceu com sobras a eliminatória ao título dos super penas do Conselho Mundial de Boxe (CMB). Com maior altura e envergadura, foi orientado pelo treinador Luiz Dórea a ficar na longa distância e mantê-la. Junto a sua grande atividade e velocidade de movimentação para bater e cair fora, o brasileiro foi acumulando 10-9 nos demais rounds.
Seu pior momento foi no terceiro capítulo. Numa troca franca recebeu um gancho de esquerda que o fez bambear. Fim do tempo logo a seguir impediu outra carga de Xavier Martínez (17-1). Apesar da locutora e da comentarista da Sky Sports falarem durante os intervalos quando o áudio das esquinas foi captado – devem ter aprendido com o locutor da ESPN Mateus Pinheiro – deu para ouvir, com dificuldade, seu treinador o instruindo para evitar a trocação.
Não quero recolocar aqui discussão já ultrapassada. Treinador não ganha a luta mas pode ajudar muito. Foi o caso ontem, 29 de janeiro, em Tulsa, EUA. Luiz Dórea orientou Robson a ficar na distância – o que lhe dava vantagem visível – e garantiu que não haveria surpresas como aquela do terceiro período. O treinador de Martínez deixou o barco andar, ou seja, manteve seu pupilo esperando a entrada do brasileiro para contragolpear. Assim foi até o décimo. Ora, encerrado o sexto assalto estava claro que essa tática deveria ser mudada se quisessem algo mais do que receber a bolsa. Ou Martínez tentava sufocar caçando Conceição ou iria perdendo os rounds. Pareciam confiar que acertariam uma bomba salvadora. Loucura, Xavier não é um pegador.
A ressaltar também a atitude de Robson que procurou o combate desde o começo. Fez bem sua preparação nos Estados Unidos. Lá, ensinam e preparam boxeadores para atirar golpes por todo o tempo. Não tem essa de economizar energia para os tempos finais. Outra virtude foi o trabalho no corpo. Na maior parte das vezes como soco no final das sequências. Já escrevi da velocidade na movimentação. Independente de ter ou não muita dinamite nos punhos, está correta a ideia de bater e sair do alcance do adversário. Ainda mais com maior envergadura.
Resumindo: uma grande vitória que poderá levá-lo a nova disputa do cinturão CMB super pena. Escrevi a palavra poderá porque não sei o que Frank Espinoza pretende para o campeão Oscar Valdez. Havia a ideia de unificação com Shakur Stevenson. Aguardemos o Conselho.
A decisão unânime se deu com as papeletas: Henry Ellick 99-91, Henry Gueary 100-90 (dormiu ou cochilou no terceiro assalto) e David Sutherland 98-92 (que seria a minha marcação).
Outra disputa de cinto mundial, não exibida pelos nossos canais de esportes, foi a manutenção da faixa dos cruzadores do CMB em Warren, EUA. Ilunga Makabu (29-2) venceu em 12 ao desafiante Thabiso Mchunu (23-6).
A curiosidade desse cotejo é que acertaram nos bastidores que Makabu exporia seu cinturão diante de Canelo Álvarez. Foi na convenção anual do Conselho. Muita repercussão e surpresa. Dias mais tarde o número um libra por libra disse não saber disso. Estaria interessado em pegar o campeão médio Jermall Charlo. Aguardemos outra vez o CMB.
Foto: Bahia Notícias