Rio in Ring no Grajaú Country Club
Por Jorge Luiz Tourinho
12 de agosto de 2021
Um evento exclusivamente com lutas entre profissionais no Rio de Janeiro. Para mim surpreendente! Altamente desejável pelo que já representou o Estado para o Boxe brasileiro. E pelas Academias e pugilistas que lutam diuturnamente para superar as grandes dificuldades e fazer acontecer o esporte das luvas. Se foi possível realizar um, será também possível organizar outros.
O programa teve a supervisão dupla da Federação de Pugilismo do Estado do Rio de Janeiro (FPERJ) e do Conselho Nacional de Boxe (CNB). O palco foi o terceiro andar do prédio principal do Grajaú Country Club, na Zona Norte da capital fluminense. Quando o evento crescer poderá ser passado para o ginásio secundário e depois para o principal. O clube oferece boas condições para a evolução da atividade profissional no Estado.
Estiveram presentes na noite do dia 8 de agosto diversos personagens importantes do Boxe Brasileiro. Citarei apenas aquele com o qual conversei: o ex-peso super médio Davi Martins. Com 45 anos e muita saúde, quer voltar aos ringues. Tentei demovê-lo da ideia mas não obtive êxito. Está cheio de garra e vontade para recomeçar. Após dialogar com o Sr. Marx, Presidente da FPERJ, voltou animado. Disse-me que tem uma série de procedimentos para alavancar o Boxe profissional no RJ. Não pode adiantar nada ainda. Realmente o sigilo pode ser fundamental nessa empreitada. Boa sorte Davi!!!
Ao amigo Sérgio Portugal digo que não terei o mesmo olhar que tenho para as programações do México ou dos EUA. Temos muita dificuldade para a organização de lutas de boxe no Brasil. Basta ver quantas foram realizadas no mês de Julho. Mesmo com a falta de anunciantes e patrocinadores, a FPERJ deverá pensar em gastar um pouco mais para ter uma filmagem de boa qualidade e garantir, sem questionamento, a divulgação dos resultados nos sites especializados.
Vamos à minha análise dos quatro combates. Foi anunciado que houve pela manhã uma jornada entre amadores. Fico devendo os resultados. O locutor não anunciou os carteis. Foram pegos no famoso BoxRec mas podem estar incompletos.
Meio-médios - Matheus Ferreira Augusto (2-0) TKO1 Matheus Ramos dos Santos (0-1).
O vencedor é o Pantera Negra. Começou devagar estudando a movimentação do Ramos dos Santos. Passou a dominar na metade do assalto inicial. Golpes na linha da cintura provocaram a única queda. Valente, dos Santos respondeu à contagem de oito mas foi castigado duramente. Acertou o árbitro Marcos Machado. Era um monólogo.
Médios - David Lourenço (4-0) Wdq6 Francisco Azevedo Laerte (1-7).
Combate caracterizado pela pouquíssima preparação de golpes. Ambos preferiram uma trocação mais franca na qual Lourenço levou a vantagem. Por pequena margem o vi vencer os dois primeiros rounds. No terceiro o triunfo foi mais claro mas Laerte acertou boas bombas no corpo. Inexplicavelmente para mim, o mediador Eugênio dos Santos resolver marcar faltas por projeção da cabeça baixa. Uma no quarto tempo, outra no quinto e a desclassificação no sexto. Exagero pois Laerte se abaixou para esquivar e avançou para socar. Não houveram cabeçadas. Mais velocidade na movimentação e jabs preparando as sequências podem ser praticados pelos dois. Lourenço teve na esquina os consagrados Messias Gomes e Mário Soares, ex-campeão brasileiro meio-pesado.
Cruzadores - Luciano Falcão (2-0) TKO3 Márcio de Oliveira Soares (0-1).
Pouca ação no capítulo inicial de estudos. Falcão venceu e mostrou melhor linha puglística. No segundo resolveu castigar a zona hepática para receber o 10-9 com clareza, na minha opinião. Soares foi um bravo. Mesmo atingido revidou o quanto pode. Um cruzado de esquerda produziu a queda que evoluiu para o nocaute técnico. Muito feliz com o triunfo, o irmão do Yamaguchi agradeceu ao Coliseu Boxe de Guarulhos e ao treinador que o acompanhou cujo nome não entendi. Pensar positivo é importante mas acho precipitado cravar que será campeão mundial. É cedo e a estrada é longa.
Leves - João Gabriel Cândido Rocha (1-0) KO1 Patrick Marques dos Santos (0-1).
Se fosse chamado a dar pitaco, escolheria o vencedor como o boxeador da noite. Tomou conta do quadrilátero e bateu com precisão e vontade de decidir. Movimentação e pegada o levarão para a categoria de promessas. Golpe na cabeça levou ao preocupante nocaute. Trabalhou rápido a equipe médica e se levantou Patrick para tranquilizar o pessoal. Só não entendi a torcida usar o apelido de Monkey. Olho nesse João Rocha.
Fotos: Natália Tourinho | Panorama do Boxe Brasileiro