Rio in Ring no Grajaú Country Club

15/08/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

12 de agosto de 2021

Um evento exclusivamente com lutas entre profissionais no Rio de Janeiro. Para mim surpreendente! Altamente desejável pelo que já representou o Estado para o Boxe brasileiro. E pelas Academias e pugilistas que lutam diuturnamente para superar as grandes dificuldades e fazer acontecer o esporte das luvas. Se foi possível realizar um, será também possível organizar outros.

O programa teve a supervisão dupla da Federação de Pugilismo do Estado do Rio de Janeiro (FPERJ) e do Conselho Nacional de Boxe (CNB). O palco foi o terceiro andar do prédio principal do Grajaú Country Club, na Zona Norte da capital fluminense. Quando o evento crescer poderá ser passado para o ginásio secundário e depois para o principal. O clube oferece boas condições para a evolução da atividade profissional no Estado.

Estiveram presentes na noite do dia 8 de agosto diversos personagens importantes do Boxe Brasileiro. Citarei apenas aquele com o qual conversei: o ex-peso super médio Davi Martins. Com 45 anos e muita saúde, quer voltar aos ringues. Tentei demovê-lo da ideia mas não obtive êxito. Está cheio de garra e vontade para recomeçar. Após dialogar com o Sr. Marx, Presidente da FPERJ, voltou animado. Disse-me que tem uma série de procedimentos para alavancar o Boxe profissional no RJ. Não pode adiantar nada ainda. Realmente o sigilo pode ser fundamental nessa empreitada. Boa sorte Davi!!!

Ao amigo Sérgio Portugal digo que não terei o mesmo olhar que tenho para as programações do México ou dos EUA. Temos muita dificuldade para a organização de lutas de boxe no Brasil. Basta ver quantas foram realizadas no mês de Julho. Mesmo com a falta de anunciantes e patrocinadores, a FPERJ deverá pensar em gastar um pouco mais para ter uma filmagem de boa qualidade e garantir, sem questionamento, a divulgação dos resultados nos sites especializados.

Vamos à minha análise dos quatro combates. Foi anunciado que houve pela manhã uma jornada entre amadores. Fico devendo os resultados. O locutor não anunciou os carteis. Foram pegos no famoso BoxRec mas podem estar incompletos.

Meio-médios - Matheus Ferreira Augusto (2-0) TKO1 Matheus Ramos dos Santos (0-1).

O vencedor é o Pantera Negra. Começou devagar estudando a movimentação do Ramos dos Santos. Passou a dominar na metade do assalto inicial. Golpes na linha da cintura provocaram a única queda. Valente, dos Santos respondeu à contagem de oito mas foi castigado duramente. Acertou o árbitro Marcos Machado. Era um monólogo.

Médios - David Lourenço (4-0) Wdq6 Francisco Azevedo Laerte (1-7).

Combate caracterizado pela pouquíssima preparação de golpes. Ambos preferiram uma trocação mais franca na qual Lourenço levou a vantagem. Por pequena margem o vi vencer os dois primeiros rounds. No terceiro o triunfo foi mais claro mas Laerte acertou boas bombas no corpo. Inexplicavelmente para mim, o mediador Eugênio dos Santos resolver marcar faltas por projeção da cabeça baixa. Uma no quarto tempo, outra no quinto e a desclassificação no sexto. Exagero pois Laerte se abaixou para esquivar e avançou para socar. Não houveram cabeçadas. Mais velocidade na movimentação e jabs preparando as sequências podem ser praticados pelos dois. Lourenço teve na esquina os consagrados Messias Gomes e Mário Soares, ex-campeão brasileiro meio-pesado.

Cruzadores - Luciano Falcão (2-0) TKO3 Márcio de Oliveira Soares (0-1).

Pouca ação no capítulo inicial de estudos. Falcão venceu e mostrou melhor linha puglística. No segundo resolveu castigar a zona hepática para receber o 10-9 com clareza, na minha opinião. Soares foi um bravo. Mesmo atingido revidou o quanto pode. Um cruzado de esquerda produziu a queda que evoluiu para o nocaute técnico. Muito feliz com o triunfo, o irmão do Yamaguchi agradeceu ao Coliseu Boxe de Guarulhos e ao treinador que o acompanhou cujo nome não entendi. Pensar positivo é importante mas acho precipitado cravar que será campeão mundial. É cedo e a estrada é longa.

Leves - João Gabriel Cândido Rocha (1-0) KO1 Patrick Marques dos Santos (0-1).

Se fosse chamado a dar pitaco, escolheria o vencedor como o boxeador da noite. Tomou conta do quadrilátero e bateu com precisão e vontade de decidir. Movimentação e pegada o levarão para a categoria de promessas. Golpe na cabeça levou ao preocupante nocaute. Trabalhou rápido a equipe médica e se levantou Patrick para tranquilizar o pessoal. Só não entendi a torcida usar o apelido de Monkey. Olho nesse João Rocha.


Fotos: Natália Tourinho | Panorama do Boxe Brasileiro