Rio in Ring IV
Jorge Luiz Tourinho
30 de Abril de 2023
Uma vez mais, o Grajaú Country Club – Zona Norte do Rio de Janeiro – sediou um evento de Boxe profissional. Na noite de 22 de abril aconteceu outra edição – a quarta – do Rio in Ring. Por estar com febre tive que me contentar em assisti-lo pela Web. A iniciativa do treinador Walmor e da FPERJ (com o presidente Marx à frente) merecem todos os elogios.
Vão algumas sugestões e análises dos combates.
Uma vez que ainda não se conseguiu driblar os obstáculos para que os programas pugilísticos realizados no Brasil ganhem as telinhas o jeito é transmitir pelo Canal YouTube da FPERJ. Não encontro justificativa para que as emissoras de esportes – SporTV, ESPN e Band Sports – somente transmitam as lutas de MMA que acontecem em território brasileiro. Porque não passam o Boxe? Mesmo que seja em video tape. Talvez não tenham a certeza de que haverá combates equilibrados com equivalência entre os contendores, preconceito ou o quê?
De qualquer forma, a equipe de filmagem poderá aperfeiçoar seu trabalho. Basta ver os programas que nos chegam de diversos países. Outro ponto a ser modificado é a apresentação dos boxeadores. É mais do que desejável que seus pesos e cartéis sejam anunciados junto com a cidade em que residem. Se não fosse o indispensável site BoxRec, não saberia a maior parte dos recordes dos atletas.
A luta final, movimentada e equilibrada, marcou a disputa do título brasileiro dos meio-médios que foi anunciado como vago. Pedro Guilherme "Magrelo" dos Santos (7-3-2) sagrou-se campeão ao vencer por pontos, em decisão unânime, a Matheus "Pantera" Ferreira Augusto (4-1).
Como escrevi, pareceu-me um cotejo bem equilibrado no qual faltou mais intensidade de ambos. Creio ser um conceito totalmente errado se considerar que "a energia deve ser guardada para os rounds finais". Seja disputa de cinturão ou não, o lutador deve buscar a vantagem e, se possível, abreviar a contenda.
Outro aspecto a observar é que quem não tem dinamite nos punhos deve ter volume de golpes. Nesse quesito, os dois guerreiros poderiam e poderão mostrar mais em futuros confrontos. Enfim, são dois novatos que crescerão muito e terão outras oportunidades.
As papeletas foram: Júlio Salomão 99-91, Gilberto Mateus 97-93 e Maura Costa 96-94. De casa anotei 95-95. O comentarista Serginho (perdoem não ter ouvido seu nome e sobrenome) do canal FPERJ viu vencer o agora campeão Pedro, mas não disse sua marcação.
As preliminares exibidas foram:
Talvanes Souza Ferreira (1-0) TKO3 Ailton Belas Torres Jr (0-1) – super médios.
Boa vitória de Talvanes! Dominou todo o combate. Apesar de Torres lhe ter exigido bastante, o triunfo foi costurado até haver o knockdown. O castigo que se seguiu fez o árbitro decretar o fim dos escaramuças. Boa linha do vencedor que deverá ser observado na próxima apresentação. Torres pode cuidar da preparação física e de aumentar seus recursos de defesa.
Luiz Carlos Costa Poerari (1-2) W4 Daniel Emmanuel Bowden (3-2) – pesados.
Vitória claríssima e surpreendente daquele que mais golpeou e que mais iniciativa teve durante os quatro assaltos. Bowden pareceu estar travado. Decepcionou sua pequena torcida. Fará bem a ambos adquirir mais condição física. Decisão unânime se deu com os escores: Antônio "Toni" Santana e Júlio Salomão 39-37 e Maura Costa 40-36 (o mesmo que o comentarista Serginho e u anotamos).
Thiago Ferreira da Silveira (4-0) W6 José Conceição Nascimento (5-6) – médios.
Foi a grande decepção da noite. Thiago fez duas excelentes aparições aqui no Rio e eu esperava muito mais dele. Estava todo torto se fingindo de canhoto e não definiu antes da hora uma luta que ele mesmo desequilibrou a seu favor.
Há uma opinião reinante em setores importantes do boxe brasileiro segundo a qual lutar como canhoto "pode iludir o adversário". Concordam com isso? Acho uma grande ilusão! Eder Jofre se fazia de canhoto? Quem se fazia? Acelino Freitas? Miguel de Oliveira? Sertão Pereira? Servílio de Oliveira? Maurício Amaral? Sidnei Dal Rovere? Chiquinho de Jesus? Maguila Rodrigues? Quem se fingiu de canhoto e se deu bem?
Enfim, as papeletas foram ouvidas e o veterano Zé Conceição deve passar a treinador ou a auxiliar técnico. Aos quarenta e poucos anos é o melhor a fazer. Marcos Marques e Jefferson Silvano 59-55 (o que anotei) e Priscila Guimarães 58-56. O comentarista FPERJ Serginho marcou 60-54.
Robson "Prince" Matias de Souza (4-1) W6 Gabriel de Almeida Nascimento (1-3) – super penas.
Foi a luta da noite! Pela intensidade e energia com a qual os dois gladiadores buscaram o triunfo. Não se iludam com os escores, Gabriel exigiu muito do vencedor e também mostrou qualidades.
A decisão unânime teve as marcações de Priscila Guimarães 58-56 e de Júlio Salomão e Marco D'Elia 60-54 que foi o que anotei.
Carlos Henrique "Pitbull" Rodrigues da Silva (14-1-1) TKO3 Cristiano "Morcego" Coelho da Silva (0-1).
Não poderia acontecer nada diferente do que ocorreu. Cristiano tentou vender caro a derrota, mas a diferença de técnica entre eles ficou evidente. Uma contusão no ombro ou na clavícula provocou o nocaute técnico. Ainda bem que não houve um castigo mais acentuado. Esse tipo de emparceiramento é o que afasta as TV do nosso Boxe. Nada o justifica.