Rio In Ring 5
Jorge Luiz Tourinho
24 de agosto de 2023
Outra vez mais o Grajaú Country Club, no Rio de Janeiro (RJ), sediou o evento que vai se tornando tradicional e indispensável para o Boxe carioca. Foi na noite de domingo 20 de agosto. Dez combates entre profissionais animaram os abnegados que lá compareceram.
Em que pese as grandes dificuldades para se fazer Boxe profissional no Estado, o saldo foi muito positivo. Claro que há necessidade de evolução em alguns aspectos, mas deixarei para abordá-los se for chamado para conversar com os dirigentes da FPERJ – Federação de Pugilismo do Estado do Rio de Janeiro (o nome completo não consegui decorar).
O que quero tornar público é o meu desejo para que o clube da Zona Norte da capital fluminense passe a ser palco de lutas, no mínimo, de quinze em quinze dias. Nossa modalidade precisa dessa constância e, já que há condições, porque não tentar levar a iniciativa a cabo?
O último programa trazido pela ESPN de Cancún, México, nos mostrou três promotores aztecas unidos para realizar um grande espetáculo. Talvez seja o exemplo para que as correntes do pugilismo carioca sentem à mesa para debater e traçar planos comuns para o crescimento do esporte.
Vamos analisar os cotejos. Os cartéis foram retirados do indispensável site BoxRec. O locutor não os anunciou como também não falou das pesagens.
Super leves – João Luis Barcelos Nery Jr (1-2) TKO1 Fernando Augusto Grotolli (0-2)
Duas quedas levaram o árbitro Leonildo de Souza a decretar o nocaute técnico após o perdedor ficar curvado recebendo golpes. Talvez tenha se precipitado o mediador paulista, mas a verdade é que a postura de Grotolli pode tê-lo feito entender que não dava mais.
Parte da galera reclamou. A forma de se encolher para depois atirar um gancho de esquerda já tinha sido feito pouco antes. A falta de recursos defensivos levou a esse artifício.
Nery venceu. Contudo, não pode exibir muita coisa. Fica para a próxima.
Super penas – Wilames "Will" do Carmo Silva (2-2) TKO1 Adriano Correia Neves (0-1)
Outra curta trocação acabou com dois knockdowns aplicados pelo pupilo do treinador Fábio Campos e o nocaute técnico. Também reclamaram, desta vez da decisão tomada pelo árbitro Jeferson Silvano. A animada peleja prometia, mas terminou logo.
Super moscas – Catherine Tacone Ramos (2-2-1) D4 Daniela da Silva Custódio (0-0-1)
Duas novatas se empenharam e o empate majoritário ficou de tamanho regular. Já é uma coisa notória as damas não possuírem dinamite nos punhos. Portanto, devem acelerar e atirar mais socos. Faltou um pouco mais de intensidade.
Apesar disso, vi a vitória de Catherine por boa margem. Os juízes pontuaram da seguinte forma: Leonildo de Souza e Eugênio dos Santos 38-38; Maura Costa 39-37 (foi o que marquei).
Penas – Isabela "Bella" Costa Moysés (1-0-1) D4 Jorgina Ramos da Conceição (0-0-1)
Outra decisão majoritária com a qual não concordei. Embora tenha faltado mais intensidade pareceu-me ter havido o domínio da capixaba Moysés. Jorgina foi brava e acabou ferindo o supercílio direito da oponente, mas acabou a mais feliz das duas pelo resultado.
Os escores foram: Milton Munhoz Martins e Marcos Machado 38-38; Eugênio dos Santos 39-37. Para mim, 40-36 para Isabela.
Leves – Mariano Agustin Rico (3-0) KO1 Ezequiel Santos Jesus (0-2)
Ezequiel tentou pressionar. Levou uma bomba no baço e caiu. Voltou afoito querendo descontar e foi à lona com um misto jab-direto de esquerda. Respondeu aos oito segundos e partiu para revidar. Resultado: um cruzado de direita levou ao nocaute. Preocupante, pois o perdedor levou algum tempo para voltar a caminhar.
Rico é argentino e merece ser novamente programado. Explorou muito bem a pressa e a defesa vazada do adversário.
Pesados – Mateus Munhoz "Campinas" Matias da Penha (2-0-1) W4 Renan "Shampoo" Martins Gonçalves (0-1)
Combate um pouco cadenciado que pode ter dado a impressão de equilíbrio que não houve. Domínio total do Campinas que poderia ter apertado mais. Quando apertou foi quando sobrou. Contudo, é preciso entender que não é fácil trabalhar e treinar Boxe.
Gonçalves se moveu bastante, mas precisava conectar golpes. Só fugir não dá o 10-9.
A decisão se deu com: Leonildo de Souza 40-38; Maura Costa 38-38; Eugênio dos Santos 39-37. No meu entender 40-36 para o vencedor.
Pesados – Carlos Eduardo Souza Custódio (1-0) W4 Bruno Luiz Neves Nicolau (0-1)
Luta mais equilibrada e movimentada. Os dois guerreiros buscaram o triunfo que sorriu sem novidades para Custódio. Nicolau não se entregou nunca. Faltou um pouco mais de combustível para reverter.
Decisão majoritária com: Paulo Santos e Leonildo de Souza 39-37 (foi o que marquei) e Jeferson Silvano 38-38.
Meio pesados – Lucas Vinícius "Mexicano" Izidoro (1-0-1) D4 Márcio Carlos "Blade" de Oliveira Soares (2-2-1)
Cotejo meio estranho. Blade derrubou duas vezes no segundo assalto. Para surpresa geral, o mediador Marcos Machado resolveu levar Izidoro para o canto neutro para ser olhado seu supercílio pelo médico. Ora, isso não era hora para paralisar a luta! Praticamente, esse minuto a mais fez o Mexicano se recompor e quase vencer.
Enfim, isso é matéria para o Diretor Técnico da FPERJ.
Os juízes Maura Costa, Eugênio dos Santos e Leonildo de Souza e eu marcamos 37-37.
Médios - Thiago Ferreira da Silveira (5-0) TKO4 Jonathan Caetano Minervino (0-1)
Combate que o bom Silveira fez ficar desequilibrado. Acabou se transformando num massacre desnecessário. Minervino sofreu três quedas no quarto round. O treinador não jogou a toalha e o árbitro Leonildo de Souza demorou a paralisar as escaramuças. Via-se na expressão do Jonathan que ele estava batido. É outro tema para o Diretor Técnico FPERJ.
Título brasileiro leve – João Gabriel "Monkey" Cândido Rocha (8-0) W10 Gabriel Adryan "Pretão" Soares (4-1-1)
Muito boa luta! O título brasileiro acabou vago porque o então campeão Jonhatan Cardoso seguiu para campanha nos EUA. João Rocha aproveitou a chance e, depois de se tornar o campeão interino, assumiu a titularidade.
Soares e ele protagonizaram uma incrível guerra nos quatro derradeiros capítulos. Comparável aos confrontos entre mexicanos.
Como o Pretão não deu o peso, o título só serviria para Rocha caso vencesse. Foi o que ocorreu com uma decisão majoritária. As papeletas: Leonildo de Souza 98-92; Maura Costa 96-94; Eugênio dos Santos 93-97. Minha marcação foi 97-93 para o campeão.
Ambos podem e devem desenvolver a movimentação para os lados. Não basta caminhar para a frente e para trás. Há que criar ângulos para golpear e contragolpear. Daí a necessidade de fugir para os lados.