Revanche Valdez Vs. Conceição não é a prioridade de Bob Arum
Por Jorge Luiz Tourinho
12 de setembro de 2021
Seus planos continuam de vento em popa conforme as ações planejadas inicialmente. Mesmo com os percalços sofridos a poderosa empresa Top Rank segue visando outro mega evento. Praticamente acertada está a unificação dos títulos super penas do Conselho Mundial de Boxe (CMB) e da Organização Mundial de Boxe (OMB).
Oscar Valdez (30-0) manteve, a duras penas, seu cinturão frente a Robson Donato Conceição (16-1) na noite de sexta-feira 10 de setembro. Um combate contra um boxeador pouco conhecido da mídia norte-americana que foi rankeado no CMB por pedido de Mr. Arum seria o ideal para que o campeão Valdez conquistasse um triunfo categórico e apagasse a mancha do exame anti-doping positivo.
Seria a vitória para catapultá-lo como favorito e estrela nesse futuro embate unificador. O adversário sairá do embate pelo cinturão OMB entre o seu rei Jamel Herring (23-2) e Shakur Stevenson (16-0) marcado para Atlanta, EUA, no dia 23 de outubro.
A presença de fermentina no exame realizado em 13 de agosto foi superada com a entrada do protocolo da WADA em substituição ao da VADA que acompanha os lutadores do CMB. Uma Comissão Atlética do Estado do Arizona e o próprio Conselho também o aceitaram e a luta saiu. Bastaria somente uma apresentação de gala com a presença do craque Canelo Álvarez para jogar o possível doping para escanteio.
Entretanto, esqueceram de combinar com os brasileiros. Apesar das dúvidas quanto à realização do cotejo na data prevista, Robson não se abalou e foi muito bem preparado na Academia Robert García. Por outro lado, o mexicano deve ter achado que estaria diante um boxeador que seria facilmente derrotado e talvez se deixado abater pelas notícias de dopagem.
Nos primeiros assaltos Robson mostrou muita evolução comparando com suas duas lutas anteriores. Fez de sua maior envergadura, aliada a uma movimentação inteligente que evitava a trocação franca, a chave para golpear com socos retos acabando as sequências com ganchos no corpo. Surpresa: a provável vítima estava vitimando e causando preocupação.
Só a partir do sexto capítulo foi que Valdez passou a controlar o ringue e a atingir Conceição. Uma exagerada decisão puniu o sul-americano no nono tempo por golpes na nuca. Mesmo com dificuldade o campeão acertou uns poucos golpes que foram lhe dando as vantagens parciais. Os diversos clinches foram, no meu entendimento, uma demonstração que o desafiante sentiu os murros atirados no corpo. Inexplicavelmente, Robson deixou qualquer pretensão de lado nos dois últimos episódios. Girou, fugiu e não golpeou deixando o 10-9 para o contrariado e frustrado Valdez.
Cabe uma explicação face a diversas manifestações nas redes sociais. Um combate é pontuado round a round. Terminá-lo com mais ferimentos não leva o boxeador a ser declarado perdedor. Se assim fosse, Humberto González sairia derrotado da luta contra Melchor Cob Castro quando acabou todo arrebentado. O supercílio foi cortado no segundo assalto!
Enfim, não irei criticar ninguém que viu o que viu e escreveu e disse o que achou que devia. Respeito quem tenha visto a vitória do Robson. Inclusive, talvez seja o único brasileiro que não a tenha visto. Tenho a certeza que o CMB aceitou ou escalou o trio de juízes para fazer o que fazem: marcar a luta. Não foram pinçados para garantir o triunfo do mais importante dos lutadores da noitada para a Top Rank.
A decisão foi unânime mas há vários jornalistas especializados que concordaram com ela e outros que não o fizeram. Em minha opinião, seria o caso de se ordenar uma revanche imediata para o tira-teima. Claro que não é a prioridade atual de Bob Arum. As papeletas foram 117-110 e 115-112 (2) que foi o que marquei do sofá.
Abaixo, seguem meus comentários sobre as duas preliminares do Casino Del Sol em Tucson, Arizona. O locutor e o comentarista da Band Sports estavam animados para mandar abraços para amigos, conhecidos e telespectadores. Acabaram confundindo-se geograficamente. Tucson é uma cidade do Estado americano do Arizona, fronteira com o México. Las Vegas é outra cidade mas no Estado de Nevada. O Casino Del Sol fica em Tucson, não em Las Vegas.
Super penas - Luís Alberto López (23-2) W10 Gabriel Flores Jr. (20-1).
Uma verdadeira paliça que não foi suspensa pelo pai e treinador de Flores. Incrível como esse Gabriel Flores Sr. tratou o próprio filho! Lamentável.
López tem uma movimentação nada ortodoxa mas aguenta pancada e quer bater, custe o que custar. Com a guarda baixa e vazada foi cercando e batendo com vontade e produzindo a vantagem em cada tempo.
A provável toalha não foi jogada. O abandono não veio nos intervalos, sobretudo no último. A agonia seguiu até o gongo final com o perdedor derrotado desde o sexto episódio.
Decisão unânime com 98-92 e 100-90 (2) que foi o que anotei.
Título mosca OMB - Junto Nakatani (22-0) TKO4 Angel Acosta (22-3).
Pareceu-me excelente o campeão Nakatani. Fez o que manda Servílio de Oliveira. Cerca e bate com vontade de abreviar a disputa. Acosta teve o nariz quebrado no segundo assalto. Após o médico ser chamado duas vezes, o combate foi encerrado antes de iniciar-se o quarto tempo.
O campeão deve ser observado. A Top Rank deverá programá-lo outras vezes.
Foto: Boxing Junkie - USA Today