Possíveis melhores cenários para os envolvidos na controvérsia Valdez - Conceição
Por Jorge Luiz Tourinho
18 de setembro de 2021
Recebi no dia 15 de setembro um áudio do líder e dirigente do Conselho Nacional de Boxe (CNB), Mike Miranda Sr, a quem agradeço pela consideração. É uma gravação do manager de Robson Conceição (16-1), Sérgio Batarelli. No arquivo o ex-campeão mundial de Full Contact esclarece algumas coisas.
Disse ter recebido resposta do Presidente do Conselho Mundial de Boxe (CMB), Mauricio Sulaimán, à sua carta protesto ao resultado da luta de sexta-feira 10 de setembro. Um grupo de juízes, de seis a sete deles, comporão uma comissão para analisar o resultado da disputa do título super pena do CMB. O resultado foi prometido para 10 dias. Óscar Valdez (30-0) manteve o cinturão em controvertida decisão por pontos sobre o Robson.
Também disse o sócio do Boxing For You que o CNB nada tinha a ver com a decisão e com o desdobramento. Agrego eu que também a Comissão Atlética da Tribo Pasqua Yaqui da região do Estado americano do Arizona que engloba a cidade de Tucson nada tem relação com o ocorrido. Mesmo que os juízes tenham sido indicados por ela, desde que o CMB os escalou passou para si a responsabilidade pela sua conduta.
Parece-me estranho darem 10 dias para uma análise que já poderia ter sido feita na segunda-feira (13 de setembro) logo após ter se estabelecido a controvérsia. Contudo, é preciso reconhecer que na política dar tempo ao tempo pode ser um caminho de quem espera alguma coisa acontecer. Talvez se espere o resultado de outro exame anti-doping.
Outro ponto aclarado foi a não reação ao doping. Robson convenceu a todos da sua equipe que estava com vontade de voltar como campeão do mundo e com muita confiança para triunfar. Eis a razão de ter-se aceitado a luta na data marcada.
Vou analisar os possíveis melhores cenários para cada um dos envolvidos.
Para Robson Conceição e Sérgio Batarelli o melhor a acontecer é a comissão de juízes concluir que houve um erro de direito dos jurados e indicar a revanche imediata. Nesse cenário, Robson entrará como desafiante mesmo que Valdez não queira ou não possa enfrentá-lo. Ou seja, o direito do baiano disputar o cinturão na sua próxima luta estaria garantido. Contra o campeão ou contra outro aspirante.
Para Óscar Valdez e Frank Espinoza o melhor será a referida comissão concluir que o combate foi de difícil marcação e admitir escores na faixa de 115-112 até 112-115. O primeiro extremo foi a marcação de dois dos juízes do cotejo. O terceiro, Stephen Blea, reagiu às críticas ao seu original 117-110 revendo-o afirmando em carta aberta que os totais de 115-112 ou 114-113 seriam mais corretos. O outro limite foi a marcação de Sérgio Portugal. Anotou 8 assaltos para Robson e 4 para Valdez. Com o desconto fruto da falta marcada no nono round temos o 112-115. Pontuações fora dessa faixa foram desconsideradas por mim.
Dessa forma, Espinoza poderá seguir com o plano de unificação com o campeão da Organização Mundial de Boxe (OMB). Seu rei Jamel Herring (23-2) enfrentará Shakur Stevenson (16-0) em Atlanta, EUA, no dia 23 de outubro.
Para Bob Arum e a Top Rank o melhor cenário será a comissão concluir que o resultado vale. Eles então, para ficar bem com todo mundo e para aproveitar a celeuma para valorizar ainda mais seus boxeadores, proporão fazer a revanche mesmo sem obrigação de fazê-la. A controvérsia irá aumentar a audiência e valorizar a futura unificação dos títulos super penas do CMB e da OMB. Talvez as bolsas cheguem na casa de sete dígitos. Vale a pena esperar alguns meses.
Se receber ligação do Batarelli para acertar a disputa e/ou para receber agradecimento, é capaz de pedir o telefone do Sr. Edinei Pernilongo para tentar contratar o Jonhatan Cardoso para a Top Rank.
Para o CMB, por incrível que possa parecer, o melhor é aparecer de novo a substância fermentina no exame do mexicano. Assim a controvérsia acabaria com a cassação do título e um gancho para Valdez. Dependendo da política tratada nos bastidores, Conceição poderá ser indicado para disputar o cinto vago, ou uma eliminatória se houver muitos interessados na faixa melhor classificados do que ele no ranking mundial. Outra possível opção seria oferecer ao brasileiro um lugar de muito destaque na relação dos super penas caso vença um oponente de certo nível. Poderia ser um ex-campeão mundial em decadência como Tomás Rojas, por exemplo.
Para os inimigos do Boxe o melhor que poderá acontecer é a comissão concluir que houve uma conspiração. Lá nos EUA, conspiração é crime e o caso poderá parar no FBI com consequências péssimas para a atividade pugilística. Investigações consumirão tempo e poderá haver indiciamentos ou prisões.