O Monstro, a Fera e a Zebra

03/12/2020

Por Jorge Luiz Tourinho

Pouquíssimas vezes fiquei tão impressionado com um pugilista que assistia pela primeira vez. A última foi quando vi lutar o extraordinário ucraniano Vasyl Lomachenko. Nesta ocasião, quem me encheu os olhos foi o super médio David Morrell Jr. (4-0). Seu triunfo sobre Mike Gavronski no sábado 26 de dezembro, na sua quarta luta como profissional, foi avassalador e capaz de levá-lo à disputa de título mundial na quinta!

Anunciado pela ESPN Knockout como ex-campeão mundial júnior da AIBA, o cubano Morrell defendia o título interino da AMB que conquistou na luta anterior. Seu cartel amador não chega a entusiasmar: 48-5. Sem medalha olímpica, foi pinçado para a equipe Sampson Boxing e mostrou o porquê. Pega, se movimenta bem e tem boa guarda. Com apenas 22 anos, já está sendo colocado diante de quem o queira enfrentar e seu cinturão interino já o guindou à primeira posição da lista de desafiantes da entidade sediada na Venezuela.

O combate foi o que se pode definir como massacre. Gavronski (26-3-1) caiu no fim do assalto inicial e foi salvo pelo gongo. O excelente locutor Hugo Botelho foi muito feliz ao dizer: -"Começou o segundo round. A previsão é de 12 mas não chega lá de jeito nenhum.". Claro que era a única análise possível. O norte americano pareceu surpreso com a potência e a técnica do oponente. Foi espancado até o knock-down sem ter acertado nenhum golpe.

Começou o segundo tempo e nada de novo ocorreu. Morrell caçando e socando e Botelho narrando: -"Entrou de novo o upper. Sentiu. Vai acabar. Vai acabar.". Acabou o capítulo dois. Com a lataria amassada, farol direito quebrado e radiador vazando o trôpego Mike foi acompanhado ao corner pelo árbitro que falou algo aos segundos. Assim mesmo voltou para o terceiro e último para ser esbordoado e declarado perdedor, acertadamente. Aliás, não sei como seu treinador não interrompeu a paliça naquele intervalo. Um soco pode mudar um combate mas ele não havia acertado nenhum. Tudo ficou na guarda do vencedor.

Uma das preliminares trouxe a volta de James Kirkland. Lamentavelmente, sua condição não é boa. O saudoso amigo Santo Arias diria: - "Está xarope.". No primeiro golpe recebido caiu e as duas quedas seguintes foram logo em sequência. KO1 e suspensão pela Liga Atlética da California. Juan Macias Maciel (22-4-2), super médio mexicano, não tinha nada com isso e venceu fácil e surpreendentemente. Kirkland foi para 34-3 e deve parar de lutar.

Não me interessa quem estava na esquina. Os treinadores têm que ter alguma estima pelos lutadores que trazem para o ringue. Dizem os mais conscientes que devem amar seus pupilos como se fossem seus filhos. Gostaria que essa coluna chegasse aos treinadores brasileiros para saber o que pensam a esse respeito.

2021 começou com a afirmação de Ryan Garcia (21-0). Também com 22 anos é mais uma das estrelas da equipe Golden Boy. Nocauteou no sétimo round o britânico Luke Campbell (20-3) com um gancho no corpo e saiu com o título interino dos leves do CMB. Evento acontecido em Dallas no sábado 2 de janeiro. Outro jovem que pratica o boxe supervalorizado pelos americanos. Vai pra cima buscando a definição desde a campainha inicial. Sofreu um contragolpe no segundo tempo que o levou à lona mas teve a calma e a consciência para dominar até o final. Linha pugilística e pegada cavalar. Vai encerrar a carreira rico.

Efemérides. 3 de janeiro

1962 - Auditório da TV Tupi, Rio de Janeiro, RJ

Luís Ignácio D10 Aparecido dos Santos

Luiz Pinheiro W6 Peri Costa

Luís "Luisão" Ignácio acabou a carreira com possíveis 37-11-4. Nasceu em 22 de maio de 1929 e morreu em 2 de agosto de 1977.

Aparecido dos Santos pode ter finalizado a carreira com 6-16-3. Paulista?

Luiz Pinheiro pode ter mais que os 2-1 registrados. Paulista?

Peri Costa talvez tenha 1-2-1. Carioca?