Nem a vitória retumbante de Anthony Yarde salvou evento da Queensberry
Jorge Luiz Tourinho
8 de dezembro de 2021
Considerando-se o tamanho e o poderio econômico da empresa de Frank Warren, a Queensberry Promotions, só podemos classificar como medíocre o seu último evento. As imagens da Copper Arena em Londres chegaram ao Brasil e ao mundo. Nas quatro lutas exibidas pela ESPN Brasil somente um assalto foi vencido pelos quatro perdedores. O que nos faz crer que seus matchmakers estejam se preocupando apenas em inflar carteis para depois levar os contratados de Mr. Warren à disputas de títulos importantes.
Podemos excluir a luta final da noitada porque o campeão acabou sendo demolido. Porém, nas outras os perdedores nada apresentaram. Exceção foi o argentino Juan Jurado que mostrou algum empenho e valentia. Nada mais.
Nem mesmo a vitória retumbante de Anthony Yarde (22-2), nocaute técnico no quarto período, sobre Lyndon "King" Arthur (19-1) salvou o evento. O então invicto Arthur era o campeão britânico e Intercontinental da OMB dos meio-pesados. Foi completamente dominado pelo desafiante que veio disposto a apertar e golpear. Estava claro que não se chegaria à distância. O "Rei" não teve velocidade e movimentação para tourear o determinado Yarde que fez 10-9 nos três rounds iniciais. Uma queda no quarto tempo levou o árbitro Bob Williams a decretar o TKO já que a expressão do derrubado era de quem já havia perdido. Foi a revanche do cotejo de 5 de dezembro de 2020.
Com a quantidade de boxeadores existentes no Reino Unido e na Europa, é de se estranhar não haver lutas equilibradas em programas desse nível. A empresa em questão, antes da pandemia, chegou a ter lucro de 350 milhões de libras esterlinas num único ano. Não é possível, ainda mais com a televisão transmitindo, que não tenham caixa para contratar outros bons boxeadores além dos da casa.
Preliminares exibidas
Dennis McCann (11-0) W8 Juan José Jurado (15-5-3)
Lutaram com 55,340 Kg e McCann venceu todos os assaltos. O árbitro-juiz (ainda existe isso no Reino Unido) marcou 80-72. Só assistimos a partir do quinto episódio mas não duvidamos da marcação. Pelo menos o perdedor mostrou empenho e lutou com bravura.
Leves - Sam Noakes (8-0) TKO9 Shaun Cooper (11-3)
Incrivelmente, valeu o título Silver Internacional do CMB. O que será que vale? Nos oito tempos pontuados, Noakes fez 10-9 em todos. O perdedor nada apresentou. O comentarista Servílio de Oliveira foi feliz mais uma vez. Disse que se Noakes apertasse a luta acabaria antes da hora marcada. Lamentavelmente, ele só fez isso no nono capítulo no qual produziu a queda que antecipou o nocaute técnico. O árbitro Ian Lewis ainda deixou seguir um pouco depois que o Escorpião Cooper respondeu à contagem de oito. Logo depois encerrou a disputa desigual desde a primeira campainha.
Noakes acumula oito nocautes em oito combates. Se todos seus adversários foram desse quilate, nada demais.
Médios-ligeiros - Hamzah Sheeraz (14-0) TKO9 Bradley Skeete (29-4)
Outro confronto desequilibrado desde o início. Apesar dos carteis serem aceitáveis para fazer a luta, na prática foi outro massacre. Inexplicavelmente, valeu o título europeu da OMB. Sheeraz tem apenas 22 anos e é um dos lutadores da Queensberry. Entretanto, precisa ser programado com quem possa lhe exigir algo para vencer. Bater em sacos de pancada vivos é fácil. Ainda conseguiu, com sua pouca volúpia, perder um dos oito assaltos marcados por mim. Skeete parece ser apenas um vencedor de perdedores. Agiu certo o mediador Steve Gray. Era um monólogo de punhos, como dizia Newton Campos.