Navarrete vence Valdez em combate memorável

17/08/2023

Jorge Luiz Tourinho

16 de agosto de 2023

Emanuel Navarrete (38-1) confirmou seu favoritismo e manteve seu título super pena da WBO num combate espetacular. Muitos assaltos, a maioria deles, foram episódios de verdadeira guerra que, talvez, só boxeadores mexicanos estejam dispostos a oferecer. O desafiante Óscar Valdez (31-2) deixou tudo dentro do ringue, mas não foi suficiente para arrebatar o cinturão do Vaqueiro.

As marcações dos juízes podem dar a impressão de vitória fácil. Nada disso! Foi um triunfo claro, porém trabalhoso, do qual muito se exigiu do campeão que fazia sua primeira defesa de cinto. Navarrete fez bom uso da maior envergadura e neutralizou quase sempre as cargas que vinham do oponente. O décimo round poderá entrar como o tempo do ano tal foram as incessantes trocas durante os três minutos.

Valdez foi instruído por seu treinador, o consagrado Eddy Reinoso, a mudar sua forma de aproximação no segundo intervalo. Deveria trocar o jabear pela movimentação em direção do campeão. A ideia era fugir dos uppercats de Navarrete e golpeá-lo com ganchos no corpo e na cabeça. Isso até que funcionou em alguns capítulos, mas foi insuficiente para dominar o quadrilátero. Por outro lado, o dono da faixa acertava na distância e seus golpes o foram levando a fazer 10-9.

Não houve cheiro de nocaute. Apenas no terceiro assalto Valdez acusou uma sequência. Apesar da intensidade, o árbitro Wes Melton teve pouco trabalho. Ambos se respeitaram como deveria ser sempre. Nas entrevistas, após a proclamação do resultado, Navarrete agradeceu o espetáculo que seu adversário proporcionou com ele. Valdez afirmou que o vencedor era um grande campeão.

Já existe o desejo de que Navarrete enfrente Shakur Stevenson por parte de sua equipe. Parece mais um manifesto por melhor bolsa do que a recebida pelo combate de 12 de agosto na desert Diamond Arena em Glendale, Arizona. Campeão nos super galos, penas e agora super penas, pode estar de olho em título na quarta divisão. O que o colocaria num lugar destacado na galeria dos boxeadores aztecas. Contudo, penso que eles deveriam buscar a unificação. Essa categoria está acessível para que o Vaqueiro acumule cinturões.

Valdez continuará nos rankings mundiais. Basta vencer um ou dois rivais para que seu nome volte à baila para outra disputa universal. Ao contrário de jornalista americano, acho que qualquer um dos dois poderá vencer O'Shaquie Foster.

As papeletas foram: Zachary Young 116-112 (foi o que marquei), Chris Wilson 118-110 e Lisa Giampa 119-109. O excelente comentarista do canal Combate, Daniel Bergher Fucs, anotou 117-111. Todos os escores para o vencedor.

Preliminares exibidas no Combate. Muito inferiores à final.

Leves – Emiliano Vargas (6-0) TKO2 Jorge Luis Marques Alvarado (3-6-1)

Vargas é filho de Fernando Vargas e por ele treinado. Não teve nenhuma dificuldade para punir a maluquice de Marques que se atirou tentando um murro decisivo. Resultado: foi punido até que as duas quedas no segundo round fizeram o mediador Joey Chaves acabar com a farra.

O vencedor pertence a uma família de boxeadores. Veremos o que vai oferecer quando programado contra alguém de melhor nível.

Pesados – Richard Torres Jr (6-0) TKO1 Willie Jake Jr (11-4-2)

Outra decepção! Jake saiu de longa inatividade para não mostrar nada. Torres é profissional, ou seja, vive para treinar e lutar e tem larga experiência no amadorismo. Fez sua excelente linha prevalecer sem dificuldade. No tocante ao seu futuro, discordo do grande comentarista Fucs. Ainda é cedo para prever se ele chegará a lutar por título mundial. Temos que vê-lo triunfar sobre oponentes de melhor nível.

Super leves – Lindolfo Delgado (18-0) W10 Jair Valtierra (16-3)

Outra peleja que, embora tivesse equivalência nos cartéis, acabou desequilibrada. Todas as preliminares destoaram da final. Delgado subiu acompanhado do super-hiper-mega conceituado treinador Robert Garcia. Exibiu excelente linha, mas faltou a gana para tentar terminar um confronto desigual. Que sua maior técnica fez ficar desigual. Ou seja, não empolgou a ninguém.

O perdedor talvez possa se considerar vitorioso por ter oferecido resistência e até vencido poucos assaltos e ter ouvido as pontuações.

Lindolfo deverá ser observado contra adversário mais qualificado. Ou será que querem inflar seu registro?

A decisão unânime se deu com os escores: 98-92 Dennis O'Connell (o mesmo que marcamos Daniel Fucs e eu) e 99-91 Craig Harmon e Esther Lopez.