''Nasci para quebrar regra e não para cumprir'', diz organizador de evento clandestino que resultou em morte de lutador amador
Fonte: Portal G1
Em áudio obtido pela TV Clube, o organizador da luta clandestina realizada em uma academia na Zona Norte de Teresina fala sobre o dia do evento, que resultou na morte do lutador amador Jonas de Andrade Carvalho Filho. A Polícia Civil do Piauí também teve acesso a essa gravação e a incluiu no inquérito policial.
No áudio, o organizador do evento se mostra irredutível a mudança ou cancelamento das lutas clandestinas, mesmo com os decretos estadual e municipal proibindo a realização de eventos com aglomeração de pessoas. Segundo ele, se houvesse um decreto proibindo o evento, o público teria que pagar pelo link da Live para assistir as lutas.
"Eu tenho outros lutadores aqui que já concordaram que a gente faz a live e vende o link, aí o cara assiste pelo celular... mesma coisa. Não é a mesma coisa porque a única pessoa que vai sair perdendo sou eu. Mas o evento vai acontecer dia 24. Agora se não tiver mais decreto, aí sim posso fazer presencial", falou.
A Polícia Civil do Piauí vai apurar as circunstâncias da morte do lutador amador, que aconteceu no dia 24 de abril, na Zona Norte de Teresina. Ao G1, o proprietário afirmou que não se tratava de um evento clandestino, mas o CREF15-PI informou que a academia não tinha registro e nem autorização para realizar as lutas.
Ainda na gravação, o proprietário da academia afirmou que nasceu para quebrar regras e que nenhuma entidade religiosa o faria cancelar o evento.
"Fica assim, o evento é dia 24 e pode Deus e o demônio descer na terra dizendo para mim não fazer que assim mesmo eu ainda faço, entendeu? Que eu nasci foi para quebrar regra e não para cumprir", afirmou.
Além da morte, a polícia também vai apurar a responsabilidade pelo evento que violou o decreto vigente no dia 24 de abril publicado pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que proibia a realização de qualquer tipo de evento, em ambiente aberto ou fechado. Durante esse final de semana apenas atividades consideradas essenciais poderiam funcionar.
Quatro pessoas foram indiciadas por crime contra a Saúde Pública, em decorrência do evento clandestino que resultou na morte de Jonas de Andrade Carvalho Filho, de 34 anos. As pessoas indiciadas são dois enfermeiros, um radiologista e um fisioterapeuta.
Segundo o delegado Menandro Pedro, titular do 7º Distrito Policial, os profissionais estavam participando do evento e por serem da área da Saúde, teriam obrigação de saber que o local não tinha condição de funcionar como academia.
"Nenhum órgão foi comunicado dessa luta, totalmente irregular, com 300 pessoas, a maioria sem máscara, consumindo bebida alcoólica e sem distanciamento, desrespeitando os decretos municipal e estadual", disse.
Além dos profissionais de saúde, os organizadores do evento e o lutador adversário podem ser indiciados por homicídio culposo, caso o laudo cadavérico aponte a morte de Jonas de Andrade por traumatismo craniano. Ao todo, 20 pessoas foram ouvidas no inquérito policial, que ainda não foi concluído.