Morrell Jr aniquila Agbeko e mantém cinturão WBA
Jorge Luiz Tourinho
20 de dezembro de 2023
Foi muito mais fácil do que o esperado. O extraordinário super médio David Morrell Jr (10-0) aniquilou com categoria o inacreditável desafiante Sena Agbeko (28-3) que nada fez em dois rounds incompletos.
O cubano não tem nada a ver com rivais de nível inferior ao dele. Foi logo dominando o ringue e metendo a mão. No primeiro assalto, limitou-se a estudar o confuso adversário que tinha pela frente. No intervalo deve ter sido instruído a cercar e bater. Foi isso que fez e o ganês acusou a carga e se encolheu nas cordas. O árbitro Mark Nelson, experiente, resolveu encerrar a luta. Acho que poderia deixar prosseguir um pouco mais. Não era disputa de título regular da WBA?
Não se trata de questionar o calibre dos oponentes do excelente Morrell Jr. O que continua sendo inaceitável por aqueles que amam o Boxe é a inclusão de boxeadores de nível mediano nos rankings mundiais para atender a promotores. A verdade é que Agbeko não pode figurar, nesse momento da carreira, na relação de desafiantes a cintos universais importantes. Vejam os adversários que ele venceu.
Sabemos como funciona a coisa. Os promotores de Morrell Jr anunciam na sua lista de manejadores e agentes que o campeão da WBA deve lutar no dia tal. Entre os interessados apresentados é escolhido um. Tudo certo, é assim que se maneja a carreira dos grandes lutadores. A questão é que os combates válidos por títulos têm que ser jogados por membros dos seus rankings. Não pode ser com qualquer um que o promotor quiser. Não acreditem em mim. Olhem o indispensável site Boxrec e tirem suas conclusões. Rivais como Agbeko serão trucidados por Morrell Jr todos os meses!
A atuação dele impressionou outra vez mais quem acompanha a ESPN Brasil. Várias de suas lutas foram trazidas por essa emissora. É compreensível o entusiasmo do bom locutor Hugo Botelho, mas creio que é cedo para enfrentar Canelo Álvarez. Talvez seja melhor, mesmo recebendo bolsa que não se compara às que se pagam para os rivais do mexicano, entrar no ringue com um dos top-15 do mundo. Coisa que não eram Agbeko, Yamaguchi ou todos os outros dez vencidos pelo radicado em Mineápolis, EUA.
Preliminares exibidas no sábado 16 de dezembro do Armory em Mineápolis, EUA.
Meio-médios – Robert Guerrero (38-6-1) W10 Andre Berto (32-6)
Foi uma revanche que poderia ser resumida com um verso.
"Eu não quero ser nocauteado
e você também.
Faz mal cozinhar o galo
numa luta com alguém?".
Possivelmente, é o final da carreira de boxeador profissional de ambos. Aos 40 anos é melhor iniciarem na função de treinador assistente. O extraordinário comentarista Eduardo Ohata e eu marcamos 97-93. Os juízes viram 98-92 (2) e 99-91.
Leves – José Valenzuela (13-2) KO6 Chris Colbert (17-2)
Nocaute brutal propinou o mexicano após dominar amplamente o cotejo. Era um tira-teima porque na luta anterior a vitória de Colbert tinha sido considerada marota. A pedido do então vencedor foi marcada a revanche. Dessa feita, não houve dúvida. O americano foi derrubado no capítulo inicial e estava atrás em todas as papeletas.
O estilo meio estranho de Colbert o levou ao tablado. Como pode ficar recebendo golpes para contragolpear? Sua arrogância pode estar atrapalhando um processo de luta mais racional. Ele tem talento, mas recebendo bombas fica difícil.
Valenzuela merece deixar de ser o testador de boxeadores em ascensão para ser considerado até para faixa mundial. Parece que esteve em jogo mais um lugar de desafiante obrigatório da WBA...