Miguel de Oliveira, CMB, Mairis Briedis e David Cuellar

18/10/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

17 de outubro de 2021

Miguel de Oliveira, ex-campeão mundial dos médios-ligeiros.

Deixou-nos aos 74 anos no último dia 15 de outubro, dias dos professores. Estava internado há algum tempo para tratamento de um câncer no pâncreas que o acabou vitimando. Todos que o conheceram, em especial seus companheiros de São Paulo, foram unânimes em retratá-lo como um cavalheiro além de grande boxeador.

Servílio de Oliveira, colega de muitas delegações brasileiras de amadores, fez sobre ele um comentário que reproduzo com minhas palavras. Nunca o viu proferindo impropérios para quem quer que fosse. Eduardo Ohata, o outro comentarista dos canais Disney, ressaltou a importância de sua conquista pois só haviam duas entidades concedendo títulos mundiais.

Sua carreira foi composta de 45-5-1. Sua primeira derrota foi por disputa de cinturão AMB-CMB contra Koichi Wajima em 1974. Um dos juízes - foram todos japoneses - marcou empate. Já haviam empatado em 1973 em combate pelo mesmo cinto. Miguel havia sido campeão brasileiro dos meio-médios antes da vitoriosa empreitada na divisão imediatamente acima. Depois da derrota majoritária para Wajima venceu seis oponentes e se qualificou para lutar e vencer José Durán e voltar para SP como o segundo brasileiro a ostentar faixa mundial.

Penduradas as luvas foi treinador e apareceu também como eventual comentarista de TV. Nossos sentimentos à sua família de sangue e à grande família do pugilismo.

CMB encerra controvérsia Valdez-Conceição.

Em carta resposta ao empresário Sérgio Batarelli, o Conselho Mundial de Boxe deu por terminada a questão. Sua comissão independente viu o video-tape e considerou o resultado normal e possível numa luta equilibrada e de difícil marcação. Batarelli nunca pediu a anulação do resultado como alguns afirmaram. Sua petição foi para ser ordenada uma revanche imediata. Na impossibilidade dessa, classificar Robson como o número um dos super penas.

As ofensas, acusações e insinuações de conspiração, em minha opinião, impediram a decisão do CMB pela revanche e, talvez, sua aceitação por parte de Bob Arum. Se decretasse a necessidade de revanche imediata, o CMB estaria aceitando que seus três juízes da referida luta são ladrões e alimentaria as manifestações denunciando armação.

Falar é fácil, mas talvez o melhor caminho fosse o da negociação direta, nos bastidores, com o Conselho, Arum e Frank Espinoza. O presidente Sulaimán apoiaria a ideia de sentarem para negociar uma solução.

Enquanto a negociação não vem, o manda-chuva do CMB prometeu colocar Conceição na posição quatro da entidade. Admitiu, ainda, a possibilidade dele participar de eliminatória pelo mesmo título.

Mairis Briedis mantém cinturão dos cruzadores.

Com uma vitória convincente e arrasadora. Desde o início tomou conta do ringue e foi colocando suas mãos num desafiante de penúltima hora que quase nada mostrou. O cazaque-alemão Artur Mann tem um bom cartel - tinha 17-1 antes da luta - mas está em outro patamar. Substituiu o primeiro classificado na relação da Federação Internacional de Boxe (FIB), o polonês Michal Cieslak, e pouco pode fazer diante de um craque como Briedis que foi para 28-1. Além do título da FIB estava em jogo o do revista Ring.

Mann foi derrubado uma vez no segundo assalto e duas no terceiro. A última queda evoluiu para o nocaute. Certamente, vale uma indagação. Como é que o perdedor foi classificado como número quatro da FIB? Reforço o que já escrevi: toda entidade que concede títulos deve ter um Comitê de Classificação. Há, pelo menos, vinte boxeadores mais indicados do que Mann para terçar luvas com Mairis Briedis.

Preliminares exibidas na Fox Sports 2.

Super médios - Francis Rozentals (7-0) W4 Topias Lepo (4-1).

Trocação franca que agrada o quase sempre inconveniente locutor Pereira. O vencedor levou a melhor e tem boa linha que precisa ser aprimorada. O perdedor também mostrou qualidades mas deve aprender que é preciso esquivar e não receber golpes. Um juiz viu 39-37 (foi o que marquei) e outros dois 40-36.

Médios - Jevgenijs Aleksejevs (13-0) W8 Pavel Semjonov (25-19-2).

O perdedor foi contratado para que testasse o adversário. Vendeu caro a derrota e valorizou barbaridade o triunfo de outro letão que estão levando com muito cuidado e atenção. Aleksejevs tem muito boa linha pugilística e pode ir mais longe porque pareceu ser muito forte. Os escores foram: 80-72, 77-75 (o mesmo marcado por Servílio de Oliveira) e 78-74. Pontuei da poltrona 79-73.

David "General" Cuellar é outra promessa espetacular.

Quase uma realidade, melhor dizendo. É desses jovens aztecas que vão para cima pegando e esquivando sem medo da trocação que faz parte de sua cultura. Em jogo o título CMB Silver galo do CMB que não sei o que significa nem para que serve. Cuellar (20-0) tomou conta do quadrilátero e foi batendo e recebendo até aplicar um brutal e preocupante nocaute no sexto capítulo. A vibração do locutor da ESPN foi inversamente proporcional à minha preocupação com a saúde do perdedor que caiu desacordado.

Moisés Fuentes (25-7-1) já foi campeão mundial em divisões de menor peso e disse que não seria escada para o General. Empenhou-se a fundo mas foi amplamente dominado. Fiquem de olho nesse excelente Cuellar, jovem de 21 anos apenas.

Preliminares exibidas pela ESPN.

Super penas - Alberto Mora (1-0) TKO2 Néstor Mejía (0-2).

Estreia animadora de um boxeador que exibiu muito boa linha pugilística. Outro futuro destaque dentro dos milhares de lutadores que tem o México. Faz parte do grupo de importante promotor que atua na cidade de Cancún.

Super galos - Cristopher "Pollo" López (14-0-1) W10 Franklin Manzanilla (20-7).

Oponente considerado difícil mas ultrapassado com categoria por outra promessa mexicana. Valeu o cinturão Fecarbox do CMB. Houveram alternativas mas López aguenta e pega como um animal. Manzanilla está ranqueado e vencê-lo deverá alavancar o Cristopher para a mesma relação. Impressiona como esses jovens boxeadores mexicanos tentam sempre a definição pela via do clorofórmio! Os juízes viram 95-93, 97-91 e 98-89. Vi 96-92. O perdedor sofreu duas quedas, uma no sexto tempo outra no oitavo. Teve uma falta contra si no mesmo sexto capítulo.