MAIS UMA VEZ, OS “JURADOS AMERICANOS” FIZERAM A DIFERENÇA
Por Paulo Roberto Godinho
O que eu temia aconteceu. O histórico dos jurados americanos, que sempre tendem para os "favoritos", levaram Floyd Mayweather Jr manter sua invencibilidade e seus títulos, e agora tem mais um, o WBO. Ao final da luta, entrevistado, Pacquiao falou com humildade, que nada tinha a declarar, pois, aqueles que viram a luta, sabem que ele ganhou. E eu concordei com ele. Esse é um velho problema do Boxe, a imparcialidade dos julgadores, que sempre tendem para beneficiar interesses, pessoais ou financeiros, ...ou ambos, o que é pior.
Sentei à frente do TV e preparei uma papeleta para fazer as marcações sem partidarismos. O combate começou com Mayweather na defensiva, e, para surpresa de quantos achavam que ele arrazaria o asiático no decorrer da luta, enganaram-se, ou melhor, decepcionaram-se, pois o fanfarrão que declarara semanas antes do combate, que era melhor do que Sugar Ray Robinson e Muhammad Ali, continuaria naquela "tática" defensiva, contando com o beneplácido dos seus amigos jurados, e assim foi, até o final do 12º tempo. Agora, posso afirmar com absoluta segurança, que "Money" nunca viu nem leu nada sobre Robinson e Ali. E mais, evidenciou covardia explícita, nas horas em que a trocação entre ele e Pacquiao era inevitável; clinchou exageradamente, e, não entendi o por que de Kenny Bayless não ter marcado falta, por abuso ostensivo de agarrões nada convencionais, verdadeiros golpes de Jiu-Jitsu, Wrestling, ou mais modernamente, MMA. Simplesmente, cheguei à conclusão que mais e mais, Mayweather poderá chegar ao Record de Rocky Marciano (49-49-0-0), chegará em números, porque a História jamais irá esquecer seus momentos de covardia, quando mais forte teria que se apresentar para justificar tais conquistas, ainda que em números se iguale a Marciano, em valentia.... tem que nascer outra vez.
Se o resultado das papeletas apontava por unanimidade a "preferência" (eu disse preferência) por Mayweather Jr, esses número chegaram às raias do absurdo, quando o jurado Dave Moretti pontuou 118-110. Positivamente, ele extrapolou, passando o recibo da sua incompetência, ou da sua desonestidade; oito pontos! Foi demais.
No íntimo, eu sabia que Pacquiao só ganharia por KO ou TKO, pois essas "decisões americanas" (na dúvida,... para o favorito) não são mais novidades, e, o máximo que ouvi em termos de protesto sobre a decisão final da luta, foram algumas vaias durante a comemoração do resultado por parte do "vencedor". Um amigo comentou, que Pacquiao merecia uma revanche, mas estaremos sujeitos a assistir novamente outra patriotada made in USA. Se vocês assistirem novamente a luta, reparem no procedimento round a round do pai de Floyd Jr, que se apresentava intranquilo a cada vez que atendia seu filho no canto. Ele sabia que o asiático estava complicando as coisas para o "Jr", e o "Money" olhava para o lado, como se mostrasse ignorar o que seu pai-treinador lhe dizia. Só esse detalhe, evidencia o que se passou ontem no ringue do MGM Grand, em Las Vegas.
Quem ousar dizer que Mayweather Jr fez uma boa luta, por certo esquece que Boxe é ataque, o mais importante de todos os quesitos, e não viu o "Money" correndo desesperado nos momentos em que a importância de seu nome o obrigaria a enfrentar a tormenta e fazer-se presente no desafio. Mayweather Jr correu, é bem diferente de movimentar-se no ringue com inteligência. Ele correu, olhos arregalados, assustados, quando mais quente era a chegada do filipino na sua curta-distância. Eu, que assisti a mais de 20 lutas de Robinson e de Ali, não posso ficar calado ouvindo as heresias de Mayweather Jr quando se referia a esses dois fenômenos de fato, pois ele, 'Money", na comparação com aqueles dois mitos, só ganha deles nas quantias arrecadadas e, ...na amizade dos jurados, coisa que Robinson e Ali (especialmente este) nunca necessitaram desses favores para se fazerem vencedores.
Heresia é coisa séria; cuidado, que Deus castiga!
Imagem: Quinto quarto