Luis Nery foi demais para Azat Hovhannissyan
Jorge Luiz Tourinho
20 de Fevereiro de 2023
A clara vitória de Luis Nery (34-1) no ESPN Knockout de sábado (18 de fevereiro) trouxe de novo alguns pontos para análise. O primeiro diz respeito aos combates eliminatórios que o WBC continua aceitando por exigência de promotores influentes. Para que sacar-se desafiante obrigatório se há ranking mundial? Não tem necessidade disso. Basta seguir o procedimento que o mesmo Conselho tinha em prática na década de 1990. Alternar defesas obrigatórias - contra o primeiro desafiante - e opcionais.
Outra coisa a ser investigada é a qualidade e o porquê um boxeador apenas brigador ser levado ao ringue como possível candidato ao título dos super galos. Azat Hovhannissyan (21-4) é ou foi o exemplo marcante de que o Boxe não é só bater. É golpear e não receber. Embora tenha o estilo adorado pelo exigente público norte americano, Azat pareceu-me ser somente um vencedor de oponentes de segundo escalão. Escassos recursos de defesa o fizeram ser atingido desde o gongo inicial. Seu rosto cortado e inchado prenunciou o que ocorreu. Foi derrubado no décimo assalto e, após ser castigado, teve a derrota por TKO decretada no round seguinte.
Não gosto de falar de pontuações de juízes como se elas fossem erradas. Ainda mais porque estava em casa sem a profundidade e a proximidade daqueles que pontuaram o cotejo ao lado do quadrilátero. Contudo, temos que escrever, novamente, que caminhar para a frente não significa estar em vantagem nem levar quem o faça ser considerado vencedor no período.
Para mim, o armênio só ganhou um dos dez tempos marcados por mim. Não anotei quantos 10-9 para ele anotou o comentarista Eduardo Ohata. Mesmo com a queda conseguida no décimo episódio os juízes davam para Nery três pontos de vantagem (dois deles) e um ponto (o outro jurado). Muito pouco para o desnível entre ambos. Nery deveria ter toureado a fera se aceitar a trocação, mas isso foi até correto para demarcar o seu patamar.
Preliminares exibidas.
Super médios - Rowdy Montgomery (9-4-1) W8 Cristian Olivos (22-9)
Combate apenas razoável. Montgomery dominou o cotejo, mas esteve longe da vitória por nocaute. Quem deveria aparecer na TV era uma das promessas da Golden Boy. Uma contusão colocou em cena o Rowdy que aproveitou bem a oportunidade.
Decisão unânime com 79-73 (2) - foi o que Eduardo Ohata e eu marcamos - e 80-72.
Moscas - Ricardo Sandoval (21-2) KO2 Jerson Ortiz (17-7)
Gancho no fígado abreviou uma luta que se prenunciava movimentada. Sandoval é o boxeador que De La Hoya quer levar ao cinturão mundial. E tem qualidades para isso. Ortiz aceitou a disputa sem maiores chances de triunfo.
Super médios - Shane Mosley Jr (19-4) W10 Mario Lozano (33-11)
Combate chato sem clareza. Mosley dominou e bateu nos dez assaltos sem convencer a ninguém que pode chegar a disputar título mundial. Lozano é um vencedor de perdedores.
Decisão clara e unânime com 100-90 e 99-91 (2 juízes e eu). Eduardo Ohata marcou 98-92.
Imagem: Bad Left Hook