Luís Alberto López e Matheus da Silva
Jorge Luiz Tourinho
28 de maio de 2023
Dois grandes eventos no sábado (27 de maio) marcaram o Boxe mundial e sul-americano. O maior e mais badalado aconteceu em Belfast, Irlanda do Norte. Chegou-nos através do canal Combate que parece ter entrado na competição pela audiência da Nobre Arte. O segundo, foi realizado no Estádio Delmi em Salta, Argentina. Também muito bem montado, pode ser visto pelo canal Facebook Watch da empresa promotora, a Apolo Promotions.
Luís Alberto "El Venado" López (28-2) KO5 Michael Conlan (18-2).
Vitória espetacular foi a construída pelo campeão pena da IBF! Mostrou a quem quis ver como se atua na casa do rival. Um começo equilibrado deu lugar a um domínio total do mexicano sobre um dos ídolos locais. Belfast é um conhecido celeiro de grandes boxeadores.
Concordo com o extraordinário comentarista do Combate, Daniel Bergher Fucs. O primeiro assalto teve o 10-9 para o desafiante por causa de quatro ou cinco esquerdas conectadas em cruzados ou ganchos. Daí para a frente López tomou conta e passou a caçar o irlandês. Ele é baixo para a divisão dos penas e compensa a menor envergadura com uma movimentação pouco ortodoxa – às vezes esquisita – combate na curta distância e muitos golpes atirados.
Na quarta etapa, uma bomba no corpo fez Conlan se encolher e buscar o clinche. Era o prenúncio que aconteceria a via rápida. Não deu outra coisa. No quinto round um uppercat de direita provocou a queda e o nocaute preocupante. Quem compreendeu o que fez o córner do perdedor atirando a toalha quando seu pupilo estava desmaiado? O resultado aparece como TKO porque o mediador Michael Alexander não abriu contagem com o pugilista desacordado. Foi KO.
É sempre bom lembrar da intensidade com a qual boxearam quase todos os atletas dessa noitada. Não tem essa de economizar golpes para os tempos finais. Eles tiveram certeza de que dispunham de condição física para apertar e tentar vencer antes da hora. Parece-me ser algo para ser praticado nas terras brasileiras.
Durval Elias Palacio (12-2) KO8 Matheus da Silva (8-1)
Durval é o nono super médio da relação do indispensável site BoxRec na América do Sul. Matheus estava na posição número 12 entre os meio-pesados também do nosso continente. Isso é importante divulgar porque a FECONSUR do CMB não tem ranking desde a última fase da FESUBOX. Seus cinturões são disputados por qualquer um que tenha entrada num evento importante.
Estava em jogo o cinto dos meio pesados da entidade que tinha sede em Buenos Aires, Argentina. Ao contrário de outra luta envolvendo brasileira, essa disputa estava teoricamente equilibrada analisando-se os cartéis e as posições no BoxRec. Pode ser que esse triunfo leve o vencedor para o ranking do CMB entre os 40. Não é nada, não é nada, valoriza o atleta que lá está. Além disso, disputas de títulos sempre chamam a atenção da mídia.
Os melhores momentos do brasileiro, em minha opinião, foram quando se postou na longa distância e fez do jab de esquerda e direto de direita suas mais eficazes armas. Pelo que assisti, o combate no corpo a corpo não foi a escolha mais acertada. Fazer uso de seu tamanho e alcance abusando dos jabs e atirar golpes sem economia poderia levar o argentino a tentar encurtar. A partir disso, sair e manter a distância.
Os comentaristas enalteceram a resistência da Matheus. Esperavam pelo nocaute e ele acabou vindo com um gancho no fígado. Outra coisa que eles também perceberam foi o cansaço dos contendores a partir do sétimo episódio. A decisão por pontos favorecendo Palacio foi considerada como líquida e certa, se fossem lidas as papeletas. Talvez valha a pena comparar a intensidade jogada no norte argentino com o programa de Belfast ou de outras praças mais tradicionais.
Além da aprimorar sua condição física, o treinador Sr. Márcio terá que trabalhar a movimentação do campeão brasileiro. Deve se mover para os lados criando ângulos para bater ou contragolpear. Será um vício que vem do amadorismo andar apenas em linha reta para a frente e para trás?
Imagem: Boxing News