Lopez é o campeão leve
Por Jorge Luiz Tourinho
Com a decisão unânime e clara, Teofimo Lopez unificou os títulos WBA, IBF e WBO dos leves. Seu estilo de brigador é o que mais agrada o público norte-americano que paga por ingressos e pelo pay-per-view. Agrega-se a sua qualidade de pegador e temos aí outro futuro milionário do boxe. Contudo, pelo que assistimos nos últimos assaltos da luta com Vasiyl Lomachenko, temos que perguntar: por quanto tempo será o rei dos leves?
Estratégias que se mostraram corretas com táticas nem tanto. Lopez começou tomando a iniciativa e o centro do ringue. Se seus golpes não abalaram o extraordinário ucraniano o levaram a vencer os sete assaltos iniciais. Loma pareceu atrair o ianque mas pouco ou nada contragolpeou. Atuação muito fria. A partir do oitavo capítulo resolver fazer o que muitos de nós esperávamos: agredir e tomar as rédeas do cotejo. Já era tarde. Se não derrubasse, perderia por pontos.
Dos tempos de número oito até o último vi o confronto desequilibrado para Vasiyl. Vale a reflexão nas academias e locais de treino. As esquinas devem ter alguém capaz de dizer ao lutador que ele está atrás nas papeletas. A reação vinda em busca de nocaute nem sempre é exitosa. Foi o caso desse sábado 17 de outubro no Hotel MGM em Las Vegas.
Teofimo (sem acento porque é americano) irá festejar e curtir com todo o merecimento. Afinal, inscreveu seu nome na história. Porém, seus apoderados devem ter visto que, quando agredido, raramente voltou contragolpeando. Também pareceu esgotado nos roundes finais. Para um boxeador desse nível são apenas pequenos detalhes a melhorar.
Lomachenko deve estar frustrado por não ter iniciado outro sistema de luta antes do oitavo assalto. O que teria dito seu corner? Minha análise é que a família Arun trabalhará nos bastidores para fazer uma revanche imediata. Se isso acontecer, jogo todas as minhas fichas nas luvas do agora californiano. Porque acho que não se cometerá o mesmo erro de entregar o controle do combate para Lopez.
Marquei 115-113 para o vencedor. O que foi ponto fora da curva. Dois juízes viram outra luta. Tim Cheatham 116-112, Julie Lederman 119-109 (sic) e Steve Weisfeld 117-111 foram as marcações. Os cartéis foram para 16-0 e 14-2.
Ameaça inacreditável - Visando desenvolver a atividade no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Pugilismo (ABP) contatou e praticamente acertou a vinda do pugilista Douglas Ataíde para uma luta em seis capítulos. Eis que o treinador Lopes comunicou à ABP que ele e o boxeador sofreram amaeaça inacreditável atribuída ao Sr. Mike Miranda. Se lutasse Ataíde no Rio estaria fora do Conselho Nacional de Boxe (CNB) que já havia cassado o título do Lucas Martins por ter feito um combate na capital fluminense. Não acredito. Deve ter havido um mal entendido. Fazer uma luta com alguém que está parado só colocaria esse pugilista no radar e valorizaria a possível futura disputa de título CNB. A menos que haja alguma cláusula contratual, não se pode impedir qualquer lutador profissional de combater para receber bolsa em evento legal supervisionado por entidade legalizada. Aguardemos o esclarecimento desse lamentável incidente.
Efemérides: 18 de outubro
1970 - Lyon, França
? - Rene Roque W10 João dos Santos
welter - Abdendi Baali TKO6 Garibaldi Pereira
1980 - Saint Malo, França
welter? - Claude Martin KO7 Nelson Gomes
Os perdedores são brasileiros. Nelson Gomes de Almeida aproveitou o convite e se radicou na Itália quando a atividade pugilística no Brasil começou a decair. Quem sabe por onde andarão hoje?