Lembrando de Brasilino Fino

Jorge Luiz Tourinho
2 de Junho de 2025
Brasilino Fino foi um destacado boxeador brasileiro ativo nas décadas de 1930 e 1940. Há poucas fontes e citações de suas lutas e de sua vida. Começando pelo nascimento em São Paulo. Em que data? Quando veio a falecer?
Há uma tese de mestrado da USP, escrita por Breno Costa de Macedo e defendida em dezembro de 2021, da qual retirei algumas informações. Sob a orientação de Flávio de Campos e com o título "Sangue, suor e lágrimas: o Boxe em São Paulo de 1928 a 1953" deixou-nos um capítulo no qual escreve da relação de Brasilino com um treinador.
Outra fonte foi o indispensável site Boxrec. Não tenho condições de ir a São Paulo e pesquisar no arquivo da Federação Paulista de Pugilismo, se ainda existirem. Também não reúno a vitalidade para pesquisar nos arquivos digitais dos jornais da capital paulista.
Sua carreira profissional foi entre os pesos médio e meio-pesado de 1933 a 1947. Na época em que lutou não havia a divisão dos super médios. Pendurou as luvas com um cartel de 59 vitórias (26 KO), 6 derrotas e 10 empates. Ressalto que só no fim do século passado as entidades reitoras optaram por mandar não se dar empate em nenhum assalto. Muitos desses boxeadores antigos têm muitos empates porque era quase uma praxe os juízes, por má formação ou sei lá o quê, preferirem o empate a apontar vencedor. Até bem pouco tempo a papeleta era o local onde o juiz ia marcando todos os rounds e, se quisesse, calculando o empate.
O início da jornada não apontou futuro, mas Brasilino o superou com os atributos natos do boxeador: coragem, persistência e resiliência. Seu debute foi uma derrota por pontos em quatro tempos para Irineu Nascimento, também estreante, no Teatro da República do Rio de Janeiro no dia 30 de setembro de 1933. Seguiram-se duas derrotas. Por nocaute no segundo para Antolin Rodrigo (então com 16-16-2) no Estádio Brasil, Rio de Janeiro em 19 de janeiro de 1934. Outra por desclassificação por golpe baixo no quarto capítulo. O oponente foi Armando Moraes (1-0 antes do combate) no Estádio Riachuelo no Rio de Janeiro.
Quem souber o que aconteceu com esses dois Estádios, por favor, avisar-nos. O Teatro da República ainda existe. É o Teatro João Caetano da Praça Tiradentes no Centro da capital fluminense.
Após o começo turbulento, Brasilino engatou mais vitórias que empates e derrotas e seguiu numa excursão pioneira para a Europa. Em 1935, sob a orientação e manejo do treinador italiano Celestino Caverzasio, Brasilino viajou com ele e o pugilista português radicado no Brasil Antônio Rodrigues. Durante cerca de 14 meses, competiu nas cidades de Lisboa, Porto e Madri.
Brasilino Fino participou de 15 lutas nesse período. Venceu todas, um feito notável para um boxeador sul-americano na Europa naquela época. Sobretudo porque enfrentou os melhores lutadores ibéricos disponíveis. Em outubro de 1936 já estava lutando no Brasil.
Há relatos que mostram Brasilino Fino como um boxeador técnico, cerebral e rápido. Ele utilizava movimentação constante e golpes retos (jab e direto) com grande precisão.
Por duas vezes venceu Virgolino "Lampeão" de Oliveira em confrontos nos quais estavam em jogo o título brasileiro dos meio-pesados. Na primeira, Brasilino venceu aos pontos após doze episódios. Em 21 de agosto de 1937 no Estádio Brasil. Lampeão contava com 30-23-11 e Fino com 29-4-3. Na segunda vez, no mesmo Estádio Brasil, em 4 de dezembro de 1937, houve um nocaute no oitavo assalto. Brasilino contava com 35-4-3 antes da luta!
Depois disso atuou em Santos, São Paulo e Porto Alegre. Encerrou a carreira com um empate em seis rounds com Teodoro Cabral em 28 de maio de 1947 no Ginásio do Pacaembu, São Paulo.
Espero que esses escassos dados sobre Brasilino Fino sejam estímulos para que os atuais e futuros dirigentes do Boxe brasileiro não esqueçam dos nossos guerreiros de todas as épocas.