Katie Taylor vence Chantelle Cameron e é campeã unificada em duas divisões

30/11/2023

Jorge Luiz Tourinho

30 de novembro de 2023

Um combate duríssimo que entrou para a história. A 3Arena em Dublin, Irlanda, foi o palco do megaevento promovido pelo espalhafatoso Eddie Hearn no dia 25 de novembro. Katie Taylor (23-1) conquistou os títulos WBA, WBC, IBF, WBO e IBO das super leves e entrou de forma mais marcante na história do Boxe.

O triunfo majoritário sobre a então campeã Chantelle Cameron (18-1) foi dificílimo e, talvez, controverso. A começar pela aceitação da revanche imediata imposta por contrato pelo Mr. Hearn. Claro que o entorno de Cameron teria que aceitá-la. O valor das bolsas foram as maiores quantias recebidas por ela. Como recusar outra luta com Taylor?

Os melhores momentos da irlandesa foram quando ficou na longa distância e atirou sequências de poucos certeiros golpes com muita velocidade. Entretanto, o domínio do ringue sempre foi da inglesa que demorou alguns assaltos para entender ou ser instruída que o corpo-a-corpo era o caminho.

Embora possa concordar com aqueles que definiram o embate como de difícil marcação, devo pontuar algumas coisas. Admito o clinche como uma forma de defesa, mas utilizado de forma insistente passa a ser falta. Taylor usou e abusou desse artifício de forma acintosa, em especial, nos últimos rounds.

Bem preparada, a boxeadora da casa praticou sua movimentação para os lados e criou ângulos para alguns bons socos. No terceiro tempo um choque de cabeças provocou um grande corte na testa da brava inglesa que não esmoreceu por isso. Ao encurtar para evitar que a mobilidade de Taylor lhe atrapalhasse, Chantelle era invariavelmente recebida por abraços e agarrões. Seus protestos e gestos para o mal árbitro Roberto Ramirez Jr foram levados em conta apenas para a separação das duas.

Muito bem, as papeletas foram lidas. Ferenc Budai 95-95, Jan Christensen 98-92 e Steve Morrow 96-94. Para mim, Cameron 96-94. Dessa forma Katie se tornou a rainha unificada das leves e super leves e, aos 37 anos, já pode se retirar porque está rica. As duas irão para o Hall da Fama assim que forem elegíveis.

Não gosto de xingar juízes e/ou mediadores. Nem alimentar os comentários sobre existir máfia no Boxe ou coisas do gênero. Porém, não posso deixar passar meu inconformismo com a não decretação de queda contra Taylor no primeiro capítulo. Um jab de esquerda jogou na lona a então desafiante e o senhor Ramirez considerou um desequilíbrio.

Ora, jab ou direto que leve para o tablado deveria ser knockdown. Pode ser que esteja enganado. Vejam o vídeo e me digam. Mesmo que não houvesse perigo de nocaute, a marcação do KD levaria os juízes e dar 10-9 ou 10-8 se Cameron estivesse dominando nas suas análises.

De fato, não foi isso que levou a boxeadora de Mr. Hearn a vencer, pelos escores divulgados pelo indispensável site Boxrec. Contudo, fico me perguntando o que diriam se uma brasileira aplicasse uma queda e não fosse considerada? Se fosse a contratada da Matchroom a derrubar, o que faria o senhor Ramirez? E os inúmeros e faltosos clinches que não provocaram nenhuma advertência a Taylor? Nenhuma admoestação.

Enfim, uma noite admirável para o Boxe. Será que haverá uma trilogia sendo gestada?