Katie Taylor é a rainha do Boxe

05/05/2022

Jorge Luiz Tourinho
Foto: The Irish Times     

5 de maio de 2022

O triunfo em decisão dividida sobre Amanda Serrano (42-2-1) só fez ressaltar que se tratou do grande combate da curta história do Boxe feminino. O evento no lendário Madison Square Garden de Nova Iorque, EUA, esteve à altura da importância da luta. A empresa Matchroom Boxing de Eddie Hearn mostrou ao mundo que também sabe produzir espetáculos e transmiti-los pela rede DAZN.

Estavam em jogo os títulos mundiais das leves da AMB, do CMB, da FIB e da OMB. Taylor (21-0) e Serrano transformaram a disputa em verdadeira guerra! Amanda saiu caçando e tomando a iniciativa. Teve o cotejo nas mãos no quinto assalto quando colocou a campeã nos calcanhares. Não entendi porque a irlandesa aceitou a trocação franca neste quinto round e no último. Sua velocidade para se movimentar e golpear estavam lhe dando vitórias parciais. Além disso, seu forte é a técnica aliada à velocidade. Ela não tem dinamite nos punhos.

Embora reconheça que o caminhar para a frente possa influenciar muitos juízes, o julgamento deve levar em conta, principalmente, os melhores golpes e a quantidade de bons murros conectados. A decisão se deu com as seguintes papeletas: Glenn Feldman 97-93 (foi o que marquei), Guido Cavaliere 96-93 (deu 10-8 no quinto tempo) e Benoit Russell 94-96.

Decretada a manutenção dos cinturões, a perdedora e seu entorno foram cumprimentar a Rainha do Boxe. Nada de xingamentos e ofensas aos juízes. A qualidade do combate e a decisão não unânime levarão, com certeza, a uma revanche imediata que Katie quer que seja em Dublin, Irlanda. É merecido. Aos 35 anos, poderá pendurar as luvas com outra bolsa milionária e esperar a indicação para o Hall da Fama.

Amanda Serrano é pouco mais nova e poderá herdar as coroas de Taylor. Vencendo a revanche ou conquistando-as após a sua retirada. É outra grande lutadora que também será indicada para o Hall da Fama. O que talvez deva observar é que nessa divisão das leves sua pegada não é tão determinante como foi nas categorias menores nas quais foi campeã mundial.

Preliminares da noitada de 30 em abril.

Super leves - Reshat Mati (12-0) W8 Joe Eli Hernández (12-2).

Domínio total do vencedor que é albanês. Os três juízes e eu marcamos 80-72.

Médios - Austin Williams (11-0) TKO1 Chordale Booker (17-1).

Impressionante triunfo de Williams! Valeu o título Continental das Américas da AMB. O vencedor é fortíssimo e pega demais. Mostrou, além disso, excelente linha. O nocaute técnico veio depois da queda aplicada no capítulo inicial. Fique de olho nesse Austin Willaims.

Meio-pesados - Khalil Coe (3-0-1) W6 William Langston (6-3).

Confronto sem nenhuma lucidez. Foi a decepção da noite. A decisão foi difícil. Para mim Coe venceu todos os episódios. Os escores: Eric Marlinski 59-55, Kevin Morgan 60-54 e Waleska Roldan 58-56.

Moscas - Galal Yafai (2-0) TKO2 Miguel Cartagena (17-7-1).

Um massacre do último campeão olímpico dos moscas. Mr. Hearn quer fazê-lo campeão mundial rapidamente a exemplo de Vasyl Lomachenko. Pelo que exibiu, ainda falta caminhar um pouco. Cartagena é um vencedor de perdedores. Nem mesmo a volúpia dos mexicanos ele mostrou.

Unificação das super médios - Franchon Crews-Dezorn (8-1) W10 Elin Cederroos (8-1).

Como é que estas duas boxeadoras puderam unificar os quatro principais cinturões da categoria? Nada ou muito pouco apresentaram. Franchon deixa ver seus golpes. Flexiona um pouco os joelhos e atira suas bombas sem pimenta. Foi acertando porque Cederroos é limitadíssima. Não sabe se mover e sua guarda é toda vazada. Enfim, parece que outra boxeadora vai tirar as faixas da atual campeã unificada. Para o bem do esporte.

Médios-ligeiros - Liam Smith (31-3-1) TKO10 Jessie Vargas (29-4-2).

Título Intercontinental da OMB, outro cinturão para arrecadar a taxa. Smith dominou com algum sofrimento. Vargas não é aquele que foi campeão dos meio-médios mas ainda sabe oferecer combate e resistência. Nessa divisão será apenas uma escada. Smith é um bom valor desse peso e espera uma chance para disputar título importante.