Joe Joyce venceu outra vez
Por Jorge Luiz Tourinho
27 de julho de 2021
De novo pela via do nocaute. Para tentar valorizar o cotejo estavam em jogo alguns títulos menores que não perderei tempo em citá-los. O oponente foi o veterano Carlos Takam (39-6) de 40 anos. Pelo retrospecto, no qual há um triunfo sobre Daniel Dubois, o favoritismo de Joyce (13-0) era total.
Contudo, depois do cotejo em que recebeu diversos golpes, fica a pergunta: está Joe Joyce pronto para enfrentar Anthony Joshua ou Tyson Fury? Ou Usyk e Wilder, caso vençam os campeões?
O caminho para uma vitória anunciada seria a aplicação dos jabs duríssimos de esquerda. Aberta a janela, os diretos de direita. As diferenças de altura e envergadura mostravam isso. Talvez nem precisasse ver tapes das lutas de Wladimir Klitschko no seu auge.
A velocidade na movimentação e no golpear seria a chave para o franco-africano quebrar as casas de apostas. Mas para isso ele teria que mostrar a volúpia dos grandes pegadores. Encurtar a distância esquivando dos socos retos e metendo a mão com vontade. Até tentou. Na minha visão venceu dois dos cinco assaltos pontuados.
Com menor aceleração acabou sendo alvo mais fácil para o temível pegador inglês a partir do terceiro capítulo. Pareceu que Joyce preferia a média distância e essa aproximação ainda o fez receber outros murros. Não o abalou mas boxeadores desse nível podem e devem esquivar e ter a guarda mais ativa do que exibiu.
O fim da festa se deu após Takam receber um diretaço de direita na cabeça e bambear. Com o adversário trôpego o invicto britânico pôs a mão com vontade. O mediador não deixou terminar o sexto assalto para reclamação do perdedor. Concordo com o protesto. Ele estava encolhido para contragolpear. Para mim foi clara a sua intenção. Estava consciente. O TKO6 foi precipitado. Esse árbitro foi o mesmo que não acolheu a toalha jogada pelo córner de Lewis Ritson quando estava já derrotado por Jeremias Ponce.
O que espera o Sr. Frank Warren, dono da Queensberry Promotions e manager de Joyce? Que seu desejo de levar seu pupilo à disputa de título mundial dos pesados se dê pela Organização Mundial de Boxe (OMB). Parece, pelo que disseram na transmissão da FOX Sports, que a entidade presidida por Paco Valcárcel vai declarar Joyce o seu desafiante obrigatório. Tolice porque Joshua detém três cinturões e é empresariado por outro gigante, Eddie Hearn, que também manda na OMB e maneja a carreira de Usyk.
Preliminares da SSE Arena de Londres exibidas pela FOX Sports em 24 de julho.
Título meio-médio da Comunidade Britânica - Ekow Essuman (15-0) TKO8 Chris Jenkins (22-4-3)
Domínio absoluto do vencedor fez o meu ídolo e comentarista Servílio de Oliveira dizer que estranhava a forma meio passiva como se estava apresentando o então campeão Jenkins. Não era o brigador de outras ocasiões. No oitavo round soubemos o porquê. Uma contusão no ombro ou na parte superior do braço esquerdo o fez fora de combate.
Essuman é técnico e parece ser bom lutador. Aguardemos outro confronto sem que haja problemas. Jenkins tem na agressividade sua marca registrada com a qual chegou até aqui. Deve retomar o rumo.
Leves - Sam Noakes (7-0) TKO3 Naeem Ali (2-71)
É isso mesmo, setenta e uma derrotas! Noakes, como não poderia deixar de ser, dominou desde o gongo inicial. Ali queria apenas terminar de pé e suas fugas mostraram que Sam tem que evoluir muito. O nocaute técnico se deu por causa de hemorragia nasal. O matchmaker contentou-se apenas em levar sua promessa a mais uma vitória, embora ela não valha muito.
Título médio ligeiro OMB Europeu - Hamzah Sheeraz (13-0) TKO5 Ezequiel Gurria (15-2)
Outra peleja que acabou desequilibrada desde o começo. Embora tenha mantido sua invencibilidade, Sheeraz pouco exibiu. Muito lento. Sem ambição de buscar a via rápida. Gurria não poderia ser indicado para disputar esse cinto, pelo que mostrou. Ou melhor, pelo que não mostrou. Limitou-se a sair, a fugir, e a jogar uma mão ou outra. Tratando-se de faixa europeia foi muito pouco. Gancho no fígado provocou a primeira queda. Mais golpes na cintura levaram à segunda que evoluiu para o nocaute técnico.
Foto: The Guardian