Jermell Charlo é o rei dos médios ligeiros
Jorge Luiz Tourinho
16 de maio de 2022
Também garantiu a indicação para o Hall da Fama e a independência financeira com a grande vitória sobre o então invicto campeão da Organização Mundial de Boxe (OMB), Brian Carlos Castaño (17-1-2). A revanche foi marcada pelo ajuste de procedimentos feito por Jermell Charlo (35-1-1) em relação à luta anterior entre ambos. Coisa executada erradamente pelo perdedor.
Vale aqui a reflexão: treinador ganha o combate? Não, mas ajuda a triunfar e pode atrapalhar o caminho. Neste confronto que valeu, além do cinturão da OMB, os da Associação Mundial de Boxe (AMB), do Conselho Mundial de Boxe (CMB), da Federação Internacional de Boxe (FIB) e da Revista Ring pudemos ver isto. Para a História, o vencedor é o primeiro médio ligeiro a unificar os títulos dos quatro principais organismos e o sétimo boxeador a fazê-lo na chamada Era dos Quatro Títulos.
Muito estava em jogo. O entorno do norte-americano tratou de estudar o cotejo anterior e o craque Charlo evitou as trocas francas e fez da movimentação constante e castigo no corpo as armas para a vitória. Foi apenas ele quem conseguiu fazer retroceder o adversário. Mesmo assim, os assaltos foram vencidos por um e por outro. Na minha marcação Jermell tinha um round de vantagem ao final do nono tempo. No décimo, golpes duríssimos produziram as duas quedas que levaram ao nocaute.
Incrivelmente, Castaño não repetiu o plano de luta que quase o levou a vencer o combate anterior. Pressionar, tentar afogar, jogar na cuta distância e bombardear no corpo e na cabeça. Em que pese Charlo não ter aceito a curta com clinches, era o processo de luta que interessava ao argentino. Talvez seja o momento de nos perguntarmos se não valeria a pena ter sido contratado um treinador experiente, estrategista, para ajudar seu pai, Carlos Alberto Castaño, a prepará-lo para a oportunidade gigantesca que se ofereceu.
Como Charlo é um dos contratados da Premier Boxing Champions (PBC), parece certo que seu próximo oponente será Tim Tsziu (21-0). Sua aparição num evento da PBC no qual venceu Terrell Gausha (22-3-1) deve ter sido parte do acordo. Assim, fica valendo o tal desafiante obrigatório da OMB e os outros que esperem na fila. Inclusive, existe um campeão interino do CMB, Sebastian Fundora (19-0-1), um brigador que pode executar o que Castaño não pode ou não quis.
Preliminares exibidas na ESPN direto de Carson, Califórnia, EUA:
Super galos - Kevin González (25-0-1) W10 Emanuel Rivera (19-2)
Combate duríssimo de difícil marcação. González era o cara da PBC. Teve que se empenhar a fundo para levar a decisão unânime. Mostrou-se mais forte fisicamente. Isso impressiona alguns juízes... As papeletas foram: 96-94 (o mesmo que o extraordinário comentarista Eduardo Ohata e eu marcamos), 97-93 e 98-92.
Eliminatória FIB dos meio-médios - Jaron Ennis (29-0) KO2 Custio Clayton (19-1-1)
Verdadeiro massacre do craque Ennis que espera chance contra Erroll Spence Jr que estava na plateia. Clayton em nenhum momento deixou ver que poderia sair como o desafiante obrigatório (mais um!) da FIB. Pouco importa. Ennis se colocou como capaz de protagonizar luta memorável contra Spence ou Crawford e, talvez, encerrar as tratativas para que eles se enfrentem.
Foto: DAZN