Investigação Força & Luta: os adversários de Adilson “Maguila” Rodrigues
Fonte: Força & Luta
Imagem: Tudo Rondônia
Walter Daniel Falconi - o argentino, que foi o primeiro oponente a nocautear o nosso querido Maguilão, não era um lutador tão ruim assim. OK, não estava no mesmo nível de grandes pugilistas de seu país do passado, como por exemplo Carlos Monzón, mas não era nenhum "frango". Não mesmo. Venceu suas 12 primeiras lutas como profissional e, em 31 de maio de 1985, derrotou Maguila por nocaute, no ginásio do Corinthians (SP). Após sua vitória sobre Maguila, venceu suas duas lutas seguintes, conquistando o título dos pesados da Federação Argentina de Boxe.
Em uma dessas lutas, venceu o pugilista norte-americano Rocky Sekorski, que cerca de um ano depois, também seria derrotado pelo nosso peso pesado. Seu cartel final foi de 21 lutas, com 17 vitórias. Nossa conclusão: apesar de jamais ter sequer disputado o título mundial de sua categoria de peso, Falconi não era um "frango", pois, um país com o boxe com o nível da Argentina, o fato dele ter sido campeão nacional, é um feito digno de elogios.
André van den Oetelar - o "martelo holandês" não era lá muito técnico, mas tinha uma pancada respeitável. Das suas dez primeiras lutas (venceu todas, por sinal), apenas uma foi vencida por pontos. As demais, todas ele venceu por KO (nocaute) ou por TKO (nocaute técnico). Em 17 de novembro de 1985, sua "vítima" foi o próprio Maguila, que perdeu por ele por TKO, no quinto assalto, em luta realizada em Sorocaba (SP), no Ginásio Gualberto Moreira. O cartel de Oetelar, foi de 25 lutas, com 15 vitórias, sendo que quase todas essas vitórias foram por KO ou TKO.
Maguila o nocauteou cerca de um ano depois, no terceiro assalto, no ginásio do Parque São Jorge, em São Paulo (SP). Essa foi a primeira de uma série de oito derrotas, até ele encerrar sua carreira de lutador de boxe, em 1989. Ou seja, Maguila o enfrentou no auge de sua carreira, quando nocauteava quase todos os seus oponentes. E mais: o holandês visivelmente era mais forte e pesado do que o brasileiro (e mais alto, com 1,93 m de altura). Nossa conclusão: Oetelar não foi um adversário fácil para Maguila, especialmente por sua grande força física.
Rocky Sekorski - o americano Rocky Sekorski aposentou-se do boxe em 22 de novembro de 1993, após uma carreira em que lutou 36 vezes, com 23 vitórias, sendo 11 delas por KO. Com 1,82 m de altura e 1,78 m de envergadura, ele venceu duas 13 primeiras lutas como profissional, o que chama logo a atenção. Enfrentou lutadores respeitáveis, tais como: George Foreman, Jimmy Young, Leon Spinks (por sinal, Sekorski venceu Spinks por TKO no sexto assalto, em 2 de agosto de 1986, cerca de quatro meses antes de lutar com o Maguila), Francesco Damiani e Michael Dokes. Sekorski chegou a disputar o título mundial dos cruzadores, pela IBF (perdeu por KO para Marvin Carmel, em 21 de maio de 1983, no nono round). A decadência desse americano foi entre 1991 e 1993, quando perdeu quatro lutas seguidas, "pendurando as chuteiras", após sua quarta e última derrota em série.
E, sim, Maguila o derrotou em 21 de dezembro de 1986, por pontos, em uma luta de 12 rounds, em São Paulo (SP), pelo título intercontinental dos pesados, pelo WBC (Conselho Mundial de Boxe). Consideramos Serkorski superior a Falconi e a Oetelar, pois Maguila não conseguiu nocauteá-lo, indo a luta até a decisão por pontos, favorável ao brasileiro. O próprio Falconi o derrotou também por pontos, numa luta de 10 rounds, em Buenos Aires. Nossa conclusão: Rocky Sekorski foi um bom adversário para Maguila e, se não era exatamente um dos melhores do mundo, também estava longe de ser um oponente tão ruim assim.
Alfredo Evangelista - nascido no Uruguai e naturalizado espanhol, com 1,85 m de altura, Evangelista conquistou um cartel de 62 vitórias, com 43 delas por nocaute, em 79 lutas como profissional. Disputou o título mundial dos pesados pela primeira vez em 16 de maio de 1977, contra ninguém mais ninguém menos do que Muhammad Ali. Perdeu por decisão, após um combate de 15 assaltos. Tentou, novamente, conquistar esse tão cobiçado cinturão em 10 de novembro de 1978, contra Larry Holmes, sendo nocauteado no sétimo assalto. Note-se que não foram disputas de títulos por organizações que não têm tanto prestígio mas, sim, pelo título unificado da WBA (Associação Mundial de Boxe) e do WBC (Conselho), no caso da luta com Ali e pelo Conselho Mundial de Boxe, na luta com Holmes. Ele foi, também, duas vezes, campeão europeu dos pesos-pesados.
E, em 8 de janeiro de 1987, venceu o "martelo holandês" (sim, ele mesmo, o Oetelar), por TKO, no quinto assalto). Por sinal, no mesmo ano (1987), perdeu por KO, no sétimo round, para o sueco Anders Eklund (28/03) e por pontos, para o sul-africano Pierre Coetzer (30/08), antes de perder por pontos, numa luta de 10 assaltos, para o Maguilão, em 20/12 (no mesmo ano).
Antes que alguém diga que Maguila ganhou de um bom lutador, mas "que estava acabado", é bom que se recorde que, além de Maguila não conseguir nocauteá-lo, ainda por cima Evangelista fez mais uma luta, antes de se retirar dos ringues, nocauteando, no segundo round, o norte-americano Arthur Wright, em 15 de abril de 1988... Nossa conclusão: apesar de, realmente, não estar mais no seu auge, Evangelista foi, sim, um oponente de respeito, para Maguila.
James Smith, o "Quebra-Ossos" - Smith começou a lutar quando já tinha um curso superior ao nível médio, mas inferior ao universitário (talvez equivalente a um curso técnico de ensino médio, no Brasil), em administração de empresas. Sim, meus caros, ele não tinha curso superior antes de se tornar lutador profissional de boxe, conforme alguns disseram, na época. Lembramos, claramente, que havia quem dissesse que Smith "era o único pugilista profissional com curso universitário"...
Essa luta foi para lá de polêmica e seu resultado, objeto de muita discussão. Desde que foi nocauteado por Falconi, muitos diziam que " o Maguila só ganha de adversário fraco; quando enfrenta um bom, ele apanha". Note-se que, entre sua derrota para Falconi e a luta em que foi nocauteado por Oetlelar, Maguila fez outras três lutas (todas essas cinco no mesmo ano: 1985), tendo vencido duas por KO e uma por TKO. E, sim, os "haters" afirmavam, sim, que "Tá vendo só? Quando pegou outro cara bom, perdeu de novo!", após a derrota para o holandês.
A luta em que Maguila derrotou Smith por decisão dividida (10 rounds, em 9 de agosto de 1987, em São Paulo, Capital, no Ginásio do Ibirapuera) foi muito comentada; infelizmente, de forma negativa. Curiosamente, muitos dos que criticavam pesadamente nosso peso-pesado quando ele perdia, eram os mesmos que o idolatravam, quando de suas vitórias. Estranho, não?
Smith apanhou bastante e seu rosto ficou marcado, pelos golpes do Maguila. Agarrava o oponente a todo momento, o que caracteriza conduta anti-esportiva e, sim, poderia ter sido desclassificado pelo árbitro. Na primeira falta, o lutador recebe (ou, pelo menos, deveria receber) uma advertência; na segunda, perde um ponto e, na terceira, é desclassificado, no boxe profissional. O fato de muitos árbitros não seguirem isso à risca, não é apropriado (para dizer o mínimo) e pode, sim, ser um incentivo implícito aos contendores cometerem faltas. Se o árbitro tivesse desclassificado o James Smith (seria o caso, em nossa modesta opinião), aí sim é que o "buxixo" seria ainda pior! De qualquer forma, é bom que note que, em seis verbetes da Wikipedia, em diferentes idiomas (português, espanhol, italiano, francês, inglês e alemão), não é mencionado nenhum tipo de polêmica ou irregularidade referente a essa luta. Smith era um bom lutador? Sim, ele era um lutador de alto nível, que chegou a ser campeão mundial dos pesos-pesados pela WBA (Associação Mundial de Boxe), uma das mais prestigiadas (até os dias de hoje por sinal) organizações de pugilismo profissional do planeta. Com 1,93 m de altura e impressionantes 2,08 m de envergadura, Smith teve 44 vitórias (32 por KO), em uma carreira de 62 lutas. Venceu lutadores de renome, como: Frank Bruno (por KO, em 13 de maio de 1984) e Tim Whiterspoon (por KO, no primeiro assalto, em 12 de dezembro de 1986, quando conquistou o título mundial dos pesados, pela WBA). Em 1990, obteve o título de campeão peso-pesado das Américas, pela WBA e, em 22 de julho de 1991, o cinturão de campeão peso-pesado Jr., pela IBC.
Não, não dá para dizer que Smith "estava em franca decadência" quando enfrentou Maguila, pois havia conquistado um título mundial pela WBA, ao nocautear Tim Whiterspoon (um grande lutador), menos de nove meses antes, no primeiro round! Nossa conclusão: Smith talvez tenha subestimado nosso lutador (muitos de seus oponentes diziam nunca ter ouvido falar dele) e isso pode ter contribuído para a vitória de Maguila. E mais: apesar de Maguila não ter um "queixo de aço", mas um direto de direita muito forte (fato confirmado pelo fato da potência de seu soco ter sido medida, nos EUA), o que foi demonstrado, pelos ferimentos que Smith exibiu no rosto, ao final da luta. Não, Smith não era, de forma alguma, um adversário fraco.
Juan Antonio Díaz - argentino, Díaz lutou duas vezes com Maguila: uma em 25 de abril de 1992 (quando Díaz perdeu o título Sul-Americano dos Pesos-Pesados) e em 17 de janeiro de 1999 (foi a penúltima luta de Maguila, antes de ser nocauteado por Daniel Frank, em 29 de fevereiro de 2000), quando a luta entre ambos terminou empatada.
Díaz lutou 35 vezes, com 25 vitórias, sendo 16 delas por KO ou TKO. Note-se que sua derrota para nosso campeão foi por pontos; não por nocaute e, anos mais tarde, Maguila obteve apenas um empate, contra o lutador argentino.
Esse argentino, de 1,96 m de altura, obteve os seguintes títulos, no peso-pesado: 1) Campeão Sul-Americano, em 2 de março de 1989, por TKO, contra Kevin Sheeley. 2) Campeão Fedelatin (pela WBA), em 30 de novembro de 1992, derrotando Martin Jacques por KO. 3) Campeão Pentacontinental (título vago, pela WBA), em 8 de dezembro de 1992, por KO, contra Jacobs Morais. 4) Campeão Argentino (título vago, pela FAB), em 20 de agosto de 1993, vencendo Daniel Eduardo Neto, por decisão unânime. 5) Campeão Brasileiro (título vago), em 16 de dezembro de 2005, ao derrotar Jurandir Barbosa da Silva, por nocaute técnico. Assim como Maguila, ele também foi campeão brasileiro (e argentino, coisa que o brasileiro não foi) e sul-americano, além de também conquistar alguns títulos menores. E, sim, teria condições de obter um título mundial em alguma das organizações menores, tal qual aconteceu com o lutador brasileiro, provavelmente.
Nossa conclusão: De fraco, ele não tinha nada. Muito contrário, podemos considerá-lo um lutador aproximadamente do nível do próprio Maguila, dado o seu cartel. Mesmo porque, nos dois confrontos diretos entre ambos, foi claro o equilíbrio entre eles.
Evander Holyfield - até hoje foi o único pugilista profissional a conquistar cinco vezes campeão mundial dos pesos-pesados. Venceu Mike Tyson por duas vezes (uma por nocaute e outra por desclassificação), bem como outros grandes nomes da Nobre Arte, tais como: George Foreman, Larry Holmes e Riddick Bowe. Em sua vitoriosa carreira, foram 57 lutas, sendo 44 vitórias (29 delas por nocaute). OK, talvez você diga: "mas essa o Maguila perdeu, por nocaute no segundo assalto e ainda entrou em convulsão, no tablado do ringue"! Mas, porém, todavia, contudo, entretanto: E se fosse Maguila? Brasileiro negociava com Tyson antes de zebra histórica - 11/02/2015 - UOL Esporte
Há quem diga (incluindo nós mesmos) que Maguila teria vencido, por pontos, o primeiro assalto, de tão bem que lutou. E o mestre Wilson Baldini Júnior, um dos maiores especialistas em boxe, no nosso jornalismo, tem o mesmo entendimento: Há 30 anos, Maguila ganhou o 1º round de Holyfield. E caiu no segundo - Estadão (estadao.com.br)
Sim, nosso campeão "foi pra cima", no primeiro assalto: Há 20 anos, Maguila subia ao ringue para enfrentar Holyfield (terra.com.br). Naquele 15 de julho de 1989, o título em jogo nem era o do mundo mas, sim, o Continental das Américas do Conselho (WBC).
E, sim, não adianta negar que Maguila venceu o primeiro assalto. Um soco bem dado, que conseguisse, por acidente, que fosse; vencer toda a habilidade de esquivas, pêndulos e caminhar preciso e senso de ritmo no ringue, do formidável lutador estadunidense, poderia, sim, ter ao menos provocado um knock-down em Holyfield. Um mais forte e bem colocado, seria uma "zebra", tão grande ou maior do que a vitória de James "Buster" Douglas, contra Mike Tyson. Teoricamente, isso poderia, sim, ter acontecido. Não se esqueçam do que dissemos, neste mesmo artigo, sobre a potência do soco do Maguilão... Nossa conclusão: obviamente, não há como dizer, de forma alguma, que Holyfield era um oponente fraco para o Maguila. Longe disso. E mais: se Maguila não fosse um bom lutador, certamente não teria feito um primeiro round de tão alto nível.
George Foreman - sem dúvida nenhuma, ao lado de Holyfield e de outros ícones do boxe, faz parte da seleta lista dos melhores pesos-pesados de todos os tempos. Foreman conseguiu ser campeão dessa categoria, numa época em que houve a "Geração de Ouro dos Pesos Pesados", formada por ele, Foreman, Muhammad Ali, Joe Frazier e Ken Norton. Apenas esse fato seria mais do que suficiente para qualificá-lo como um boxeador de altíssimo nível. Porém, os mais jovens podem não ter consciência do que "Big George" representou e ainda representa para a Nobre Arte, vamos aos fatos: Com 1,92 m de altura, Foreman lutou 81 vezes como profissional e venceu 76 delas, sendo 68 delas pela "via rápida" (KO).
Entre outros nomes conhecidos, derrotou: Chuck Wepner (o "Rocky Balboa da vida real"), George Chuvallo, Joe Frazier, Ken Norton e Michael Moorer. Nocauteou Maguila no segundo round, numa luta realizada em 16 de junho de 1990, no Ceasars Palace, em Paradise, estado de Nevada (EUA).
Nossa conclusão: Foreman foi um dos maiores ícones do boxe de todos os tempos e seria demais querer que Maguila o derrotasse. Nosso lutador afirmou que, seis meses após a luta, ainda sentia dor, nos lugares de seu corpo que haviam recebido golpes do americano.
O detalhe é que parou de lutar em 1977 e retornou aos ringues em 1987 (para ajudar nas obras de sua igreja), sendo novamente, campeão mundial dos pesados (pela WBA e IBF), ao nocautear Michael Moorer, em 1997. Nessa segunda fase de sua carreira, foi ainda campeão pela WBU e IBA (duas organizações menores).
Johnny Nelson - o britânico Johnny Nelson, com 1,93 m de altura e 2,06 m, foi campeão mundial peso cruzador pela WBO (Organização Mundial de Boxe) entre 1999 e 2006, recorde que ainda mantém, o de ter sido o lutador a manter o cinturão mundial dos cruzadores por mais tempo. O cartel desse grande lutador, como pugilista profissional é de 59 lutas, com 45 vitórias, sendo 29 delas por KO.
Foi campeão britânico dos cruzadores, campeão europeu dos cruzadores, campeão peso pesado pela WBF (Federação Mundial de Boxe, título esse que perdeu por pontos para Maguila, em 22 de agosto de 1995 e não conseguiu reconquistá-lo na revanche, que o brasileiro venceu por decisão unânime, em 3 de dezembro do mesmo ano) e, voltando à sua categoria original (cruzadores), foi campeão mundial pela WBO (Organização Mundial de Boxe) e, posteriormente, campeão mundial dos pesados, pela WBU.
Sim, mesmo na categoria acima, a dos pesados, conseguiu ser campeão mundial pela WBF (a mesma do Maguila) e pela WBU. Nossa conclusão: Nelson foi um adversário de respeito para Maguila.
E o Maguila? Nascido em Aracaju (SE), em 12 de junho de 1958, Maguila lutou profissionalmente entre 1993 e 2000, tendo lutado 85 vezes, com 77 vitórias, sendo 61 delas por nocaute. Note-se que 43 desses nocautes foram antes do sexto round. Maguila foi campeão brasileiro dos pesos-pesados e deteve o título de campeão sul-americano, na mesma categoria, de 1986 a 2000. Conquistou, também, Campeão Latino-americano (IBF) e Campeão Fedelatin (WBA). Foi, ainda, campeão Continental das Américas pelo Conselho (WBC) e campeão mundial pela WBF (Federação Mundial de Boxe; uma organização menor). Sim, Maguila foi o melhor peso-pesado que o Brasil já produziu e isso é incontestável. Tivemos outros bons lutadores nesse peso, tais como Luís Faustino Pires, mas, com tantas conquistas como o Maguilão, infelizmente não.