Iludiram Muita Gente
Por Jorge Luiz Tourinho
Primeiro anunciaram que o excepcional pesado Mike Tyson voltaria aos ringues. Farto material mostrava o ex-campeão mundial treinando e vencendo a camada adiposa e a falta de ritmo. Quem não se entusiasmou com a possibilidade de rever o Iron Man mesmo que na proporção de 50-60% do que havia sido no auge?
Material foi divulgado com alguns brasileiros elogiando a sua raça e o seu empenho para uma volta triunfal. Até lutadores de MMA foram citados. Possíveis adversários foram listados com bolsas estimadas em até US$ 5 milhões. A mídia nem quis mais saber de Dubois-Joyce. O retorno de Tyson tomou conta de todas as pautas esportivas ligadas ao pugilismo.
Eis que outro ícone já aposentado foi seduzido por uma bela gaita a trocar golpes com o temível filho adotivo de Cus D'Amato. Nada menor que o também excepcional Roy Jones Jr, o boxeador da década de 1990. Pronto, a luta iria sair mas... lembraram que na Terra de Tio Sam tem-se que apresentar uma série de exames e se precisa da autorização de uma Liga Atlética.
Aí mudou para exibição. Duas estrelas que marcaram época subiram ao quadrilátero para trocar alguns jabs e esquivas e, quem sabe, jogar alguns beijos para a plateia dos lares que pagariam o pay-per-view.
Exibição? Essa classificação atrapalharia a arrecadação e, consequentemente, os percentuais distribuídos para ambos. Nada disso. Tyson foi logo discursando para levantar o interesse popular: "Vou nocautear.". Pronto, os holofotes continuaram iluminando a 'volta do século'. Algumas análises sobre o que seria A Luta. Eu mesmo deixei escapar meu inconformismo com o perigo de levar-se dois cinquentões para dentro de um quadrilátero com luvas calçadas. Escrevi no FaceBook que o melhor que poderia acontecer para o boxe de verdade seria o triunfo do ex-condenado por decapitação do figurante do filme Matrix.
Sangue? Perigo? Não senhores, foi apenas uma exibição. A meu ver, um evento que não mereceu nem 10% do tempo e espaço recebidos. Muito menos valeu a fortuna captada. Se estimaram que Tyson, o grande chamariz, receberá 50 milhões de dólares, imaginem quanto foi arrecadado.
De olho na possibilidade de se faturar com o prestígio de outros famosos retirados, apareceram os abutres levantando a ideia de uma categoria senior, para veteranos e inativos. O também fora de série Oscar De La Hoya já embarcou no primeiro vagão. Como Tyson, disse que quer é lutar e já chamou o médio Gennady Golovkin para a dança. Não posso acreditar que o Golden Boy não tenha nenhum amigo que o advirta do ridículo e perigoso que a empreitada pode ser.
Para o início dessa decepção, tivemos uma luta que mostrou o que seria a noitada. Um pena chamado Edward Vazquez venceu em 8 assaltos a outro novato. Não sei como pode ser boxeador profissional. Não sabe nem caminhar. Faltou às três primeiras aulas: caminhar, movimentar e defender jabs com a mão de trás. Nem quero saber quem é o treinador dele. Avançava para golpear como quem anda na fila do bandejão. Deve ter sido um garoto brigão a quem foi apresentado o boxe.
Pesados: Joe Joyce KO Daniel Dubois e Tony Yoka W10 Christian Hammer.
Adriana Salles Vieira - vi por acaso uma postagem dela no FaceBook. Mora em São Paulo e é treinadora de boxe pelo que entendi.
Efemérides: 29 de novembro
2008 - Donetsk, Ucrânia
welter - Vyacheslav Senchenko W Adonisio Francisco Reges
Adonisio nasceu no Paraná em 22 de abril de 1977.