Há 50 anos Éder Jofre conquistou o título mundial dos penas
Fonte: São Paulo Futebol clube - NCI - News
Imagem: Youtube
No dia 5 de maio de 1973, Éder Jofre sagrou-se novamente campeão mundial. No Ginásio de Esportes de Brasília, venceu o espanhol José Legra, por pontos, e conquistou o cinturão da categoria pena do Conselho Mundial de Boxe.
O "Galo de Ouro" já havia conquistado o mundo anteriormente, em 1960, pela Associação Mundial de Boxe, onde justamente ganhara esse apelido, quando lutava entre os galo. Depois, unificou o título da AMB e com a União Europeia de Boxe – UEB em 1962. Éder manteve o cinturão como o melhor pugilista da categoria até 1965, quando foi derrotado por Masahiko "Fighting" Harada.
Desgostoso com a decisão, Eder abandonou os ringues em 1966, mas só conseguiu se manter afastado dos tablados por três anos. O tempo em que esteve ausente refletiu na condição física do são-paulino, que regressou em nova categoria, cujo limite era de 57,153 quilos. Foram necessários quase quatro anos, mas vencendo luta após luta, Eder chegou novamente à condição de disputar o título mundial.
Com quase vinte anos de carreira (estreou como amador em 15 de março de 1953) e 37 de idade, Eder Jofre superou o descrédito que os especialistas da época tinham acerca do desempenho e das chances do pugilista na contenda. Houve quem considerasse Jofre velho para o Boxe. Sim, estava velho para uma modalidade exigente, mas sua qualidade superior fez a diferença.
A luta, em si, foi um verdadeiro espetáculo, tendo batido o recorde de público em eventos no Distrito Federal até então, com lotação esgotada. Não houve transmissão ao vivo por televisão – A TV Brasília somente exibiu o VT da disputa no dia seguinte, com mais ênfase que a decisão do campeonato carioca –, mas a imprensa, brasileira e mundial, cobriu os passos de Jofre e Legrá por uma semana antes do combate. Não havia mais vagas em hotéis, porém no aeroporto e terminais rodoviários a movimentação era amplamente de torcedores. A cidade parou para ver o confronto.
Foram necessários 15 assaltos para que Éder vestisse novamente o cinturão de campeão do mundo. O combate foi duro, o cubano naturalizado espanhol, Legrá, aplicou muitos golpes. Jofre chegou a cair no terceiro round, mas triunfou de forma categórica.
"A atuação de Eder foi perfeita, sendo considerada por todos os presentes ao Ginásio de Esportes como altamente técnica, explorando todas as falhas do adversário.". Reportou o "Correio Braziliense" do dia seguinte à luta. Em verdade, ela poderia ter acabado por nocaute no quarto assalto, quando Éder acertou uma série de "hooks" no fígado e no baço do adversário, que, para escapar, teve que empurrar o brasileiro, até mesmo com cotoveladas.
Até mesmo o juiz espanhol Sanchez Villar reconheceu as falhas de Legra, tirando pontos do compatriota por cabeçadas e empurrões. Para o árbitro, o confronto foi 143 a 143. Os outros dois jurados deram vitória ao paulista. Newton Campos, brasileiro, marcou 148 a 143 e o norte-americano Jay Edson, contabilizou 146 a 141 pontos.
"Éder deu outra demonstração de sua fibra. Ninguém esperava que ele aguentasse quinze assaltos. Todos queriam ver o ex-campeão mundial dos galos partindo para cima do espanhol logo nos primeiros assaltos. O que ninguém tinha ideia é que Éder continuaria lutando com a mesma técnica e o mesmo vigor físico até o fim. O mais importante: em nenhum momento da luta ele se desesperou. Sabia que estava bem preparado e confiava no seu Boxe. O azar de Legrá é que ele não esperava que aquele a quem chamou de velho, de acabado para o Boxe, estivesse ali, à sua frente, como um pugilista ressuscitado". Foram as marcantes palavras de Edson Scatamachia na "Folha de S. Paulo", do dia posterior ao confronto, que resumiram o desempenho do eterno Galo de Ouro na conquista de seu segundo título mundial, há 45 anos.