Gilberto Ramirez Nocauteou Sullivan Barrera e Vai Para o Ranking da Revista Ring

12/07/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

11 de julho de 2021

O fato de ter vindo de duas derrotas nas três últimas lutas me fez pensar que Sullivan Barrera (22-4) seria apenas um ex-grande boxeador em atividade. Estaria contratado para servir de catapulta para a já vitoriosa carreira de Gilberto "Zurdo" Ramirez (42-0).

Ledo engano! Barrera foi um excelente oponente para a volta do invicto mexicano. Por causa da pandemia e por falta de acordo com a sua empresa Zurdo Promotions, o combate anterior do nascido em Mazatlán ocorreu em dezembro de 2020 apenas. Pouco para quem deseja abiscoitar um título mundial.

Embora tenha dominado desde o início, Ramirez foi atingido nos dois primeiros assaltos. Teve que trabalhar e se movimentar bastante para receber o 10-9 em ambos. Sua excepcional qualidade foi sobressaindo embora Barrera tenha sido um grande adversário que buscou com muita técnica reverter o favoritismo do contratado da Golden Boy.

As trocas de golpes favoreceram o azteca até uma bomba que me pareceu atingir o estômago fazer o cubano visitar a lona. Fuga sem clinches e o capítulo acabou com 10-8 para Ramirez. Na volta, já sentido, o valente caribenho foi cercado e não teve como superar a pressão e pegada do então dono do ringue. Mais ganchos no corpo e nova queda. Nova resposta aos oito segundos seguida duma enxurrada de murros. Novamente atingido no corpo e outro knockdown. O mediador nem contou. O regulamento do Estado da Califórnia obrigou a decretação do KO4. No Brasil e em boa parte do mundo seria nocaute técnico. A noitada, transmitida pela DAZN na sexta-feira 9 de julho, foi realizada em Los Angeles.

Numa época em que há dezenas de títulos que nada ou pouco valem, estranhei que Gilberto Ramirez não figurasse no ranking da Ring Magazine. Parece-me a única lista de classificados que não sofre a influência dos empresários. É feita pela redação da centenária revista americana. Por jornalistas independentes dos interesses de promotores. Como eram feitos os rankings pelos Comitês de Classificação das entidades reitoras. Mostra os 10 mais em cada divisão. Onze, naquelas em que há um campeão. É natural que o Zurdo entre nesse seleto grupo.

O mais esperado pelos aficionados do boxe é que haja confrontos entre os russos Arthur Beterbiev e Dmitri Bivol e Gilberto Ramirez. Serão embates para enriquecer todos os três e seus apoderados. Oscar De La Hoya acha que seu pupilo e sócio pode lutar com qualquer um dessa categoria. Também acho. Tomara que as tratativas avancem para esses futuros grandes espetáculos.

Preliminares exibidas pela DAZN Brasil.

Título mosca ligeiro feminino OMB - Seniesa Estrada (21-0) W10 Tenkai Tsunami (28-13-1)

Movimentada disputa com clara vitória da então desafiante. Ambas são muito rápidas e movediças mas carecem de pegada. Estrada superou sua guarda esquerda frequentemente e perigosamente baixa com muita velocidade no caminhar e muitos golpes atirados. Cansou no final mas deu para administrar. Tinha uma gigantesca vantagem. Tsunami precisaria de mais atividade para reverter o domínio da norte-americana. Optou por ser conservadora e foi perdendo os tempos. No final ainda tentou mas só um nocaute a faria manter o cinturão.

A decisão: Pat Russell 99-91, Jerry Cantu e Chris Migliore 98-92. Marquei 97-93 para a nova campeã.

Título Continental América AMB leve - William Zepeda (23-0) TKO7 Hector Tanajara Jr (19-1)

Combate interessante entre dois jovens promessas quase realidade. O vencedor é mexicano e, sabedor que seu adversário tinha poucos nocautes no cartel, passou a caçá-lo desde a campainha inicial. Tanajara exigiu muito e vendeu caro a derrota.

Para mim, Zepeda triunfou em todos os seis tempos jogados. O treinador Robert Garcia parou a contenda no intervalo do sexto. Não houve quedas mas o domínio dele foi se acentuando cada vez mais e a desistência foi um ato de inteligência e respeito. A TV deu TKO6.

Anotem esse nome para acompanhar sua trajetória. William Zepeda promete muito nessa divisão cheia de craques.

Título interino CMB leve - Joseph Diaz Jr (32-1-1) W12 Javier Fortuna (36-3-1)

Disputa emotiva entre dois excelentes boxeadores. Talvez um tanto arrogantes fora do quadrilátero mas parte da imprensa gosta dessas atitudes. Os dois subiram de peso. Nessa divisão dos leves já não exibem o mesmo poder de nocaute. Contudo, técnica não lhes falta.

Devido às provocações, os clinches foram seguidos por golpes na nuca ou na parte de trás da cabeça até que o árbitro Raul Caiz Jr marcou falta contra Diaz no quarto round. A partir daí acabaram as escaramuças irregulares e vimos o bom e velho pugilismo limpo.

Houve um choque de cabeças no terceiro assalto. O corte no supercílio esquerdo de Diaz não o atrapalhou em nada. Os capítulos foram vencidos por um e por outro com vantagem em número para o norte-americano. Estranhamente, a esquina do dominicano o incentivava a continuara com seu plano! Ora, será que os caras não estão vendo que a vaca está indo para o brejo?

O único tempo no qual houve alguém nos calcanhares foi o décimo. Fortuna recebeu uma sequência finalizada por cruzado de esquerda na cabeça. Bambeou mas soube superar. Por força disso voltou mais ativo, se arriscou mais e triunfou nos dois últimos rounds.

As papeletas foram: Michael Tate 117-110, Zachary Young 115-112 e Karen Holderfield 116-111. Marquei 114-113 para o vencedor que gostaria de enfrentar Ryan Garcia ou Devin Haney, Boas bolsas mas ele será o azarão contra qualquer um dos dois.