Gervonta mantém título dos Leves em grande evento do PBC

06/12/2021

Jorge Luiz Tourinho

6 de dezembro de 2021

Com muito trabalho o favorito Gervonta "Tank" Davis (26-0) manteve seu título dos Leves da Associação Mundial de Boxe (AMB). A luta de domingo passado no Staples Center de Los Angeles, EUA, foi a grande final de um evento espetacular do Premier Boxing Champions (PBC). O bravo e duro mexicano Isaac "Pitbull" Cruz (22-2-1), na base da raça e da valentia, fez combate emotivo e equilibrado com o craque manejado pela Mayweather Boxing.

A decisão unânime desagradou a alguns poucos que não entendem que caminhar para a frente não significa necessariamente vencer o assalto. De qualquer forma, a contusão no punho esquerdo de Davis contribuiu para a vitória parcial do azteca nos rounds finais. Contudo, não diminuiu em nada o processo de luta do desafiante. Pressionando, apertando sempre com a guarda fechada, foi impondo dificuldades que obrigaram Gervonta a trabalhar muito mais do que eu esperava. As papeletas ficaram assim: Carla Caiz e Max DeLuca 115-113 e Zachary Young 116-112. O extraordinário comentarista dos Canais Disney, Eduardo Ohata, e eu marcamos 114-114.

Logo no primeiro capítulo, Cruz mostrou ao que veio. Foi logo cercando, encurtando com movimentos de cabeça e tronco para evitar as cargas do favorito e metendo a mão na cabeça e no corpo. Estava lançada a estratégia para obrigar Gervonta a se proteger e a esquivar com muita intensidade e aspereza. Com mais golpes significativos conectados, o desafiante venceu os dois primeiros tempos.

A partir do terceiro luziu a categoria excepcional de um boxeador que poderia ser menos arrogante. Ainda foi faltoso em três ocasiões mas contou com a complacência do árbitro Thomas Taylor que poderia ter lhe quitado um ponto por bater depois do comando Break. No entanto, dá gosto ver a sua veloz movimentação e facilidade para a aplicação de socos e criação de ângulos para os contragolpes.

Mesmo assim, o Pitbull fez jus ao apelido e com arriscadas trocas acabou triunfando no quarto e no oitavo tempos. Não sei quando foi que Gervonta machucou a mão esquerda. A menor atividade dele o levou a perder dois dos três episódios finais quando se viu obrigado a abusar do jab de direita e tentar ficar na longa distância. Se Cruz tivesse optado por somente buscar a cintura e o peito e não tivesse atirado bombas na cabeça que foram quase todas neutralizadas com esquivas e aparas, talvez a história contada hoje seria a de nova zebra no Boxe.

A informação trazida pelo locutor Hugo Botelho deu conta que o campeão teve a bolsa fixa de um milhão de dólares e mais um percentual da parcela do pay-per-view que lhe daria cerca de mais 2,5 US$ milhões. O mexicano recebeu fixos 300 mil dólares e um variável de 40% da parcela do pague para ver. Talvez chegue a mais um milhão.

Olhando para a divisão dos Leves, há bons nomes para que o PBC faça outros mega-eventos com Gervonta Davis na final. Georges Kambosos Jr, Vasyl Lomachenko, Devin Haney, Rian García. Esperemos pela luta de Loma com Commey e pela recuperação do rei da AMB para ver o que vem por aí.

Preliminares exibidas pela TV brasileira.

Super penas - Eduardo Ramirez (26-2-3) W10 Miguel Marriaga (30-5)

Outro grande cotejo da noite de boas lutas transmitidas! Ramirez e Marriaga não economizaram energia e buscaram com tudo o triunfo. Ramirez levou a melhor e parece que o veterano colombiano radicado no México terá muita dificuldade de fazer combates com os melhores dessa divisão. Houve um knockdown maroto no terceiro episódio mas o nocaute nunca esteve perto de ocorrer. Os três juízes e o comentarista Ohata marcaram 99-90. Eu vi 97-92 para o vencedor que é mexicano e era o segundo do ranking do CMB.

Médios - Carlos Adames (21-1) W10 Sergiy Derevyanchenko (13-4)

Excelente combate! Cheio de alternativas e intensidade por parte de ambos. Adames impressionou pela movimentação mas acabou desgastado. O ucraniano é bom lutador e, mesmo aos 35 anos, disse que continuará boxeando. Adames aproveitou a entrevista após a decisão proferida para dizer que aceita disputa de título mundial. Pode ser nos médios ou nos médios ligeiros.

A decisão majoritária se deu com: 95-95, 97-93 e 96-94 (foi o que marquei). O comentarista Ohata anotou 98-92 para o dominicano.

Médios ligeiros - Sebastian Fundora (18-0-1) W12 Sergio Garcia (33-1)

Outro excelente cotejo de uma grande noitada de Boxe! Dois guerreiros que se empenharam a fundo por uma vaga em alguma possível futura disputa de título mundial em alguma entidade. Fundora tem altura para jogar entre os cruzadores. Parece frágil mas não é. As vezes meio desengonçado sabe golpear mas prefere o corpo a corpo. Precisa desenvolver o jogo na longa distância para aproveitar a sua envergadura e dar menos oportunidades a quem precise encurtar para bater. Ohata e eu vimos outra luta que a que viram os juízes. Num confronto cheio de alternativas marcamos 114-114. Os oficiais produziram a decisão unânime com: 115-113, 117-111 e 118-110.