Fábio Maldonado na Polônia
Jorge Luiz Tourinho
15 de outubro de 2023
Se você é realmente amigo do Fábio "Caipira de Aço" Maldonado (27-8), por favor, tente convencê-lo a parar de lutar. Caso tenha alguma intimidade com ele, incentive-o a procurar e fazer um bom curso de formação de treinadores. Ou ajude-o a conseguir apoio para abrir uma academia aproveitando o seu nome e prestígio.
Foi triste vê-lo na Polônia como sombra do lutador que foi um dia. O discurso daquele que o levou para boxear na Europa é o mesmo que é dito desde a década de 1990. O atleta precisa ganhar o dinheiro da bolsa. Esses "muy amigos" que ganharam parte do prêmio pactuado e os dirigentes que autorizam saídas para lutas quase impossíveis de vencer não se importam com a integridade física dos agenciados. Em caso de lesão grave indicam o caminho do INSS e, em caso de morte, o da agência funerária e o do Itamaraty para repatriar o corpo.
Agradeço ao consagrado comentarista do Sportv e Combate e árbitro e juiz internacional, Daniel Bergher Fucs, o envio do link da TV polonesa. Espero que ainda esteja disponível quando a coluna for publicada. Como ex-dirigente que foi da CBBoxe, na época em que era a reitora do Boxe profissional, Fucs conhece como poucos a triste realidade que mobiliza para aventuras perigosas no exterior.
Claro que lutadores podem e devem ir ao estrangeiro para combater e receber grana por isso. O que não é desejável é que sejam levados para serem massacrados. Assim com a Nobre Arte, o Muay Thai e o Kickboxing têm perigos intrínsecos, o indispensável site BoxRec não deixa mais ninguém mentir nem enganar. Basta entrar lá para vermos que a chance do Maldonado voltar com a vitória era mínima ou inexistente.
Depois do confronto no dia 7 de outubro numa cidade que não consigo entender o nome, Fábio é o número 285. Seu adversário, também quarentão, Krzysztof Wlodarczyk (63-4-1), está na posição 19 do BoxRec. Suas quatro derrotas e o empate foram por disputas de título mundial dos cruzadores. Mesmo que um bom soco mude todo o panorama, há que concordar que isso era improvável.
Maldonado foi derrubado no primeiro assalto e duas vezes no sétimo. A última queda levou o péssimo árbitro a decretar o TKO. Quase como um principiante, o Caipira usou e abusou de clinches e agarrões para travar o cotejo sob o olhar complacente do mediador. Só tentou agredir e atirar golpes no quarto round, quando o vi fazer o 10-9. No mais foram tentativas de sobreviver e ouvir o resultado dos juízes. Aos 43 anos, acho que não dá mais para continuar a lutar.
O evento foi muito bem trabalhado e a Polônia deverá se consolidar como importante palco para disputas de cinturões europeus. Os promotores escolheram Maldonado pela idade próxima a de Wlodarczyk e por saberem que o triunfo do seu compatriota era o esperado. Querem uma última disputa de cinto importante para que ele encerre sua carreira. Pelo que mostrou diante do brasileiro, também não dá para enfrentar os melhores cruzadores da atualidade.
Imagem: Portal Porque