Fábio Maldonado é o campeão brasileiro dos cruzadores
Jorge Luiz Tourinho
13 de fevereiro de 2022
Com uma vitória mais do que esperada. Um cotejo classificado, por quem o assistiu, como algo que não foi legal. Todos, ou quase todos, sabiam que o Caipira de Aço sairia do ringue com o título brasileiro. Bastaria olhar os cartéis e os últimos resultados dos contendores para deduzir isso.
Maldonado (28-5) venceu por nocaute técnico no segundo assalto. Seu adversário no evento de Santos, SP, foi Joselito dos Santos (17-14). Sobre a luta nada a dizer. A disparidade entre ambos foi clara desde o início. Tem certa razão o manager do vencedor, Sr. Edinei "Pernilongo" Ferreira, ao justificar o combate. Houve a oportunidade de inserir uma luta para seu pupilo no programa organizado por um grupo da cidade de Santos. Dois ou três lutadores não quiseram ou não tiveram condições de enfrentar Maldonado como cruzador no dia 12 de fevereiro. Foi oferecido Joselito "Tatuado" dos Santos.
Ambos apresentaram os exames médicos de praxe. Por que não fazer-se a disputa? Até aí concordo com o Sr. Ferreira. Os dois queriam boxear, tem os exames, tudo bem, a luta sai. O que não dá para concordar é que os cartéis apontavam para equilíbrio ou equivalência. 27-5 não é similar a 17-13. Outra coisa incompreensível foi ter valido o título brasileiro.
Maldonado vinha de fazer campanha como pesado, mas deu o peso dos cruzadores. Sua aparição anterior foi um KO3 sobre Diogo Oliveira em setembro de 2021. Em que pese uma dura derrota sofrida em Moscou, Rússia, Maldonado goza de justificado prestígio no cenário da América do Sul.
O Tatuado lutou a última vez em outubro de 2020 quando perdeu para Claudiomar Pedra dos Santos em combate por título brasileiro dos super médios. Vinha de parado desde maio de 2017 quando tropeçou diante de Alex Sandro Duarte na divisão dos meio-médios. Jogar agora nas 200 libras?
Enfim, temos o novo rei dos cruzadores para o qual se espera desafiante à altura. Ou, pelo menos, que saia do ranking dessa divisão ou das categorias imediatamente acima (pesados) ou abaixo (meio-pesados). Não valoriza em nada o cinturão brasileiro colocar-se um super médio praticamente retirado para terçar luvas com ele. O título foi deixado vago pelo antigo campeão, Yamaguchi Falcão, que faz atualmente carreira entre os super médios. Inclusive, quando conquistou o cinto o fez sobre Clebson Tubarão em outra luta sem nenhuma equivalência. Tubarão caiu quatro vezes no primeiro round antes de ver decretada a derrota por TKO.
Até quando teremos combates sem equivalência? Até quando não se respeitará o ranking das categorias? Por falar em ranking é necessário adotar alguns cuidados. Nas listas só devem aparecer boxeadores ativos (tendo lutado há um ano e dois meses, pelo menos) e com cartéis positivos. O Comitê de Classificação deve ser independente.
O mundo do Boxe quer ver agora Fábio Maldonado defender o cinto contra Lucas Silva. Joselito talvez possa continuar na dura profissão de boxeador profissional, mas não nesse nível de competência. Pela idade - têm 40 anos - já podem pensar a contribuir com a modalidade como treinadores ou assistentes técnicos.
Estreia dos ex-olímpicos no Rio de Janeiro.
O que seria um grande acontecimento para o pugilismo fluminense, a entrada no profissionalismo dos ex-boxeadores olímpicos Patrick Lourenço e Michel Borges, acabou sendo uma decepção que gerou muita controvérsia.
Não pelo que ambos apresentaram dentro do quadrilátero. Venceram categoricamente por nocaute no segundo tempo e confirmaram que são duas promessas a serem levadas com atenção. O problema foi o local onde foram realizadas as lutas. Na quarta-feira anterior ao sábado 5 de fevereiro, dia previsto para o evento, foi avisado o promotor que o local solicitado não havia sido liberado pelo Corpo de Bombeiros. Era uma mansão no bairro da Joatinga e, a exemplo do magnata Eddie Hearn, fariam os combates nos seus quintais.
Na impossibilidade de fazer-se lá, a programação foi transferida para o Clube Radar em Copacabana, outro bairro da Zona Sul da capital do Estado. O erro foi usar um local de treinamento para os combates. Isso está levando os organizadores a receber uma enxurrada de críticas, muitas com razão. Alguns desavisados tentaram qualificar como clandestino o evento. Nada disso. Foi fechado por causa da pandemia mas era de conhecimento geral que aconteceria e quais as lutas estavam no card.
Enfim, o melhor seria o adiamento já que não foi possível encontrar local adequado. Até quando teremos boxe na praia (na areia) e sem os equipamentos regulamentares?