Decisão de empate entre Charlo e Castaño adia unificação nos médios ligeiros
Por Jorge Luiz Tourinho
18 de julho de 2021
Após uma excelente luta entre dois grandes boxeadores, acabou frustrada a tentativa de unificação dos títulos médios ligeiros. Seria a primeira vez que o super campeão da Associação Mundial de Boxe (AMB) ostentaria também os cinturões do Conselho Mundial de Boxe (CMB), da Federação Internacional de Boxe (FIB) e da Organização Mundial de Boxe (OMB) nessa divisão. Poderia ser a primeira vez de um latino-americano chegar lá. De quebra, no combate de sábado 17 de julho, estava em jogo o cinto da Revista Ring. Título que cresce de importância pela pouca ou quase nenhuma influência que tem os promotores na confecção de seu ranking.
Numa contenda entre dois top 10 do mundo o empate poderia ser bem visto por todos. Ainda mais porque ambos mantiveram suas faixas. Contudo, pelo que foi apresentado, acho que o argentino Brian Castaño (17-0-2) saiu menos conformado que Jermell Charlo (34-1-1).
O primeiro assalto foi de estudos com o platino no centro do ringue fazendo o americano girar. Muito poucos golpes levaram o 10-9 para Charlo. No segundo o bicho quase pegou! Brian encurtou e bateu com vontade para mostrar ao mundo que o arrogante texano tem aço na mandíbula. Só não houve queda por causa das cordas. O caminho estava exibido: para vencer Castaño teria que jogar na curta distância.
Esse script foi seguido com êxito do terceiro até o oitavo capítulo. Tendo recebido duas bombas no segundo tempo, Charlo optou por tentar boxear jogando na distância. As trocas na curta, no meu ponto de vista, não lhe foram favoráveis até então.
Era necessário mais atividade e golpes. Isso foi feito no nono round embora sem que fizesse o sul-americano retroceder. Orientado a buscar queda ou nocaute para sair campeão, foi o que fez Charlo. No décimo foi a vez de Castaño exibir um queixo com aço. Bombardeado, quase caiu e, pela única vez, usou um clinche. No final desse assalto girou e evitou a troca insana para sobreviver.
O grande público americano passou a gritar e se manifestar com a possibilidade do encurtamento da peleja. Os dois últimos capítulos foram de domínio de Jermell. Os dois guerreiros foram aplaudidos de pé pela massa que já pode estar presente nos eventos do AT&T Center em San Antonio, Texas.
Fomos para as papeletas. O empate se deu com: Steve Weisfeld 113-114, Nelson Vazquez 117-111 e Tim Cheatham 114-114. Coincidi com o excelente comentarista Eduardo Ohata em 115-113 para Castaño.
Muitas conversas se darão após essa decisão. O mais provável é que ambos ponham em jogo seus títulos com desafiantes de suas organizações. Na OMB surge o promotor de Tim Tszyu oferecendo uma excelente gaita para seu pupilo tentar reinar. Veremos como evoluirão as negociações.
Preliminares em San Antonio exibidas pela FOX Sports
Médios) Amilcar Vidal Jr (13-0) W10 Immanuwel Aleem (18-3-2)
Vidal me impressionou muito nas suas duas lutas anteriores a essa. Ontem, mostrou-se confuso com a movimentação pouco produtiva do adversário apenas esforçado. Com envergadura e altura muito maiores, não tinha porque procurar o infight. Se o Sr. Samson Lampkin queria catapultá-lo para voo mais alto, terá que rever seus planos. Nessa categoria, para sonhar com título mundial, o jovem uruguaio precisa evoluir ou continuar a evolução que vinha mostrando.
Título interino leve AMB) Rolando Romero (14-0) TKO7 Anthony Yigit (24-2-1)
Outro interinato que só serve para que a AMB arrecade pagamento de taxas... Romero é um tremendo golpeador com gigantesco poder de punch. Apenas isso. Pode ser a atração que boa parte do público gosta de ver. Entretanto, ainda não reúne as virtudes para um enfrentamento de igual para igual com Gervonta Davis, o craque que ele desafiou.
Yigit foi um substituto de última hora e nada pode fazer além de tentar boxear a fera. Não teve condições físicas e técnicas e foi derrubado no quinto e duas vezes no sétimo. Ainda assim, venceu dois rounds. Romero é estabanado e teve uma falta contra si no mesmo quinto assalto quando derrubou. Usa o cotovelo e antebraço para "ajeitar" o oponente e empurra para agilizar as quedas. Acho que o knockdown nem deveria ser computado se houver empurrão.
Combates de Juárez, México, na ESPN Brasil em 16 de julho
Título super mosca CMB) Lourdes "Lulu" Juárez (32-2) W10 Diana "Bonita" Fernández (23-4)
Emotiva e movimentada disputa entre duas guerreiras mexicanas. Faltou pegadas a ambas mas esbanjaram vontade e empenho. A campeã Lulu, na minha visão, dominou e merecia o triunfo unânime. Fernández teve seus melhores momentos quando se colocou na média distância. O intercâmbio franco de socos favoreceu a Juárez. Marquei 97-93 para ela. Entendi que um juiz deu empate...
Moscas) Adrián Curiel W8 Ali Cortez
Peleja emotiva com a tradicional troca quase insana de golpes desses eventos vindos do México. Dois jovens guerreiros que poderiam sair com o empate. Eduardo Ohata e eu pontuamos 76-76. Os juízes viram: 80-72, 76-74 e 79-73.
Moscas) Hugo Hernández W8 Hiran Díaz
Outro cotejo cheio de más intenções desde a campainha inicial. Sobraram vontade e empenho mas faltou pegada para definir antes da hora. A decisão foi dividida: 74-79, 79-78 e 79-73. Marquei 78-74 para Hernández e Ohata 77-75 para Díaz.