Davis destruiu Berinchyk e se tornou o campeão WBO dos leves
Jorge Luiz Tourinho
18 de Fevereiro de 2025
Imagem: Boxing Scene
De forma categórica Keyshawn Davis (13-0) aniquilou o então rei WBO light Denys Berinchyk (19-1) inapelavelmente. Se o favoritismo era dele, restava confirmá-lo. E foi o que aconteceu. Colocou a maior envergadura e sua grande velocidade na movimentação e na soltura dos golpes para nos fazer crer que venceria a disputa antes dos doze tempos. Além disso, exibiu algo que é fundamental: uma pegada cavalar.
Isso tudo o levou a dominar e controlar o ringue atirando e conectando os melhores socos. Um trabalho de demolição feito com maestria e maldade. Uma queda no terceiro assalto e depois outra no quarto que evoluiu para o nocaute abreviaram o combate. O KO foi fruto de um balaço perfurante no fígado. Enfim, foi um triunfo que o alça a condição de pertencer ao seleto grupo dos top-15 dessa divisão. Onde há muita gente boa como Gervonta Davis, Shakur Stevenson, Vasyl Lomachenko e Camarão Zepeda.
Algo a ressaltar é a forma esplendorosa de Davis. Creio se tratar de um "Rato de Ginásio". Era assim que se denominavam no Rio de Janeiro aqueles jovens boxeadores que, todas as vezes que compareciam à Academia, faziam questão de fazer luvas. Sobretudo com os mais experientes dos quais iam recebendo dicas de como fugir e agredir. Também procuravam os companheiros mais pesados que eram mais lentos e davam mais tempo para pensar e esquivar.
Berinchyk nada mostrou. Foi presa fácil. Aparentemente, sem plano de luta. Um campeão sem brilho nenhum. Ganhou o cinturão numa decisão dividida marota em 18 de maio de 2024 contra Emanuel Navarrete. E na noite de 14 de fevereiro na Madison Square Garden em Nova Iorque o entregou a um boxeador muito mais capaz que ele. Aos 36 anos talvez seja a hora de pendurar as luvas. Não está no nível dos melhores dessa categoria.
Peço-lhes licença para abordar uma coisa que achei estranha. Desculpem-me se minha impressão estava errada, mas é importante refletirmos sobre isso. Pela boa transmissão do Canal Combate, pareceu-me que o locutor Rodes e a comentarista Hissa estavam torcendo para o guerreiro americano que acabou vitorioso. Espero estar completamente equivocado, pois a função da imprensa pugilística é informar o que aconteceu encima do quadrilátero, quais as chaves do fulano e do ciclano para chegar à vitória. Não importa o que aconteceu fora do Boxe em tempos pretéritos. O que interessa é o produzido no embate em questão.
Algumas preliminares.
Juanmita de Jesus (1-0) KO1 Bryan Santiago (1-2-1)
Piada de péssimo gosto. Vergonhoso para a Top Rank levar ao mundo um cotejo como esse. Eles não irão se envergonhar porque o negócio deles é fazer dinheiro. Vão inflar o cartel do Juanmita e depois mandarão que ele seja classificado. Nem sei, nem quero saber, em que divisão foi a pantomima.
Médios – Vito Mielnicki (20-1-1) D10 Connor Coyle (21-0-1)
Combate interessantíssimo porque equilibrado. O garoto de Bob Arum teve pela frente um boxeador de verdade e teve dificuldades. Acabou sendo uma luta de difícil marcação. Empataram, mas, pelo menos, mostraram vontade de vencer e intensidade.
Os escores foram: 96-94 para Mielnicki e dois 95-95. O extraordinário comentarista Daniel Fucs e eu coincidimos com o primeiro juiz. Dessa vez acertei….
Médios Ligeiros – Xander Zayas (21-0) TKO9 Slawa Spomer (20-1)
Triunfo notável desse excepcional porto-riquenho que se acerca de disputa de título mundial. Por justiça, não por influência do promotor. Hipnotizou o bravo alemão e o foi esbordoando até o terceiro homem no quadrilátero mostrar compaixão. Zayas venceu todos os rounds.
Em que pese o excelente cartel de Spomer ele não poderia nem disputar os cintos da NABF e da NABO por ser germânico e residir na Alemanha. Essas entidades estão todas vendidas aos empresários endinheirados. Quem diria, a outrora influente NABF se prestar a esse papel de aceitar qualquer um para disputar suas faixas. O Slawa nem classificado estava! Já a NABO nem ranking tem e não deve ser levada a sério. Lamentável.