Com decisão polêmica, Natasha Jonas manteve o título IBF
Jorge Luiz Tourinho
22 de Janeiro de 2024
Embora tenham realizado um grande combate a decisão trouxe de novo o debate sobre a necessidade de se ter juízes neutros para as disputas de cinturão. Escrevo mais: se Mikaela Mayer (agora 19-2) fosse brasileira, a xingação estaria comendo solta nas redes sociais.
Mayer entrou como desafiante ao título meio-médio da IBF. A campeã Natasha Jonas (agora 15-2-1) subiu e desceu do ringue com a posse da faixa. Importante faixa. Achei que a contenda foi de fácil marcação. A norte-americana pressionou desde o início e teve o controle na maior parte do combate. Estar em Liverpool, Inglaterra, na cidade natal de Jonas não intimidou a brava Mikaela.
Natasha aplicou alguns bons golpes, sempre em contra-ataques. Contudo, o caminhar para a frente conectando socos me levou a considerar Mayer vencedora. Nos dois últimos assaltos a rainha ligou o modo sobrevivência. Como na maioria das lutas entre damas, faltou dinamite nos punhos das duas. Se tivesse pegada, talvez Mikaela não amargasse essa decepção.
A controvertida decisão majoritária se deu com: 96-94 Frank Lombardi, 93-97 Diana Drews Milani (que foi o que marcou o comentarista Servílio de Oliveira) e 96-95 Michael Alexander. Para mim foi 98-92 para Mayer.
Dessa forma, Natasha Jonas fez sua primeira defesa desse cinturão. Ela já foi a dona de cintos das médios ligeiros. Mayer já foi campeã das super penas. Poderá seguir nessa divisão, apesar de não ter punch para abreviar a duração da festa.
Nas preliminares trazidas pela ESPN desde a Echo Arena de Liverpool (agora mudou o nome) no dia 20 de janeiro a que mais interessou foi a que envolveu a brasileira de Guarulhos, SP, Lila dos Santos Furtado (9-2).
Fez uma luta dura, mas faltou botar mais pressão e tomar conta do quadrilátero. Seus melhores momentos foram aqueles nos quais se jogou para cima da inglesa Karriss Artingstall (6-0). Atingir a adversária não pode ser a senha para recuar e lhe dar espaço. Ainda mais quando se trata de rival mais alta com mais envergadura. A chave para Lila triunfar me pareceu ser jogar no corpo a corpo.
Vale a máxima: se não tem poder de nocaute, tem que ter intensidade e quantidade de golpes. Ainda houve um incidente estranho. Furtado foi derrubada no final do primeiro assalto depois de soar a campainha. Errou o árbitro fazendo contagem. Por sinal foi ele, John Latham, quem pontuou o 77-75 para a britânica. Perdemos o sinal do segundo tempo e de parte do terceiro. Por isso fico devendo a marcação. Nos seis capítulos que pude ver na íntegra, vi Lila ganhar um.
Outras preliminares exibidas.
Super médios – Aaron McKenna (18-0) TKO6 Mickey Ellison (14-7)
Ellison substituiu alguém na penúltima hora e só teve combustível para disputar quatro capítulos. Só o considerei vitorioso no segundo. No mais, só deu McKenna. O mediador resolver encerrar no sexto porque já estava claro que Mickey não tinha mais condições.
Médios – Stephen Clarke (1-0) TKO3 Vasif Mamedov (3-47-5)
Mamedov foi contratado para que Clarke fosse testado. Não gostei. O perdedor era um saco de pancadas vivo e a promessa de Liverpool não conseguiu nada mais do que o 10-9 nos dois rounds pontuados. No terceiro, o árbitro resolveu considerar abandono quando o russo deu as costas. Ora bolas, o cara é primário apesar desse cartel. Virou de costas porque não tinha outro recurso de defesa.
Super médios – Zak Chelli (15-2-1) W12 Jack Cullen (22-5-1)
Combate horroroso que valeu os títulos britânico e da Comunidade Britânica. Chelli se agarrou diversas vezes e Cullen também o fez. O melhor resultado seria a derrota dos dois, mas isso não seria possível.
Assim sendo, Chelli destronou Cullen com a seguinte decisão unânime. 116-112 Victor Longhlin (foi o que anotei), 116-113 Howard Foster e 115-114 John Latham. Servílio de Oliveira pontuou 115-113.
Ambos não irão longe nessa que é a categoria onde está Canelo Álvarez.