Campeões Sem Brilho

13/12/2020

Por Jorge Luiz Tourinho

A mais midiática categoria do boxe é a dos pesados. Quando há uma disputa de um desses títulos mundiais todas as atenções se voltam para ela, naturalmente. Ainda mais em se tratando de vários cinturões em jogo. Da AMB, da FIB, da OMB, da OIB, esqueci algum? Anthony Joshua disse que queria o tira teima com o também britânico Tyson Fury mas os empresários de ambos entenderam como precipitado.

Dillian Whyte havia perdido. A escolha recaiu sobre o búlgaro Kubrat Pulev já que outros exigiram fortunas para encarar o inglês. Mesmo sem grandes triunfos no cartel suas constantes vitórias o colocaram nas primeiras posições do famoso site BoxRec e nos rankings mundiais. Com 28-1 antes da luta, com a única derrota em combate de título contra Wladimir Klistchko, foi aceito como oponente sério.

O desafiante, a qualquer título, deve apresentar o mínimo que é vontade de se sagrar campeão. E desse, esperamos o empenho para continuar com o reinado. Infelizmente, não foi o que assisti. Joshua dominou desde a campainha inicial até o nocaute no nono assalto. Ter ido até lá depois de duas quedas no segundo e diante de um adversário que já entrou derrotado não foi algo para elogios. A diferença técnica e física entre ambos é enorme. Espera-se de um campeão unificado que materialize seu domínio e vença com autoridade. Se possível, pela via do sono.

Provavelmente escaldado pelo TKO sofrido contra Ruiz, AJ resolveu cozinhar o galo até o cozimento completo. Pulev não só perdeu todos os capítulos como pouco ou nada fez para mostrar que queria algo mais que a bolsa. Bastaria ter visto as duas lutas anteriores de Joshua contra Ruiz para saber qual é o caminho para tentar vencê-lo. Pelo contrário, ele fez o indesejável: ficou na longa distância esperando o espaço para bombardear. O resultado foi o que se viu. Foi esbordoado até o árbitro acabar o embate depois de cair duas vezes no nono. Alguém dirá: - "O Cobra sabia que não tinha condições de vencer.". Mais um motivo para bancar o kamikase e partir para a frente batendo com vontade e fechado para evitar os uppercats. Joshua foi para 24-1 e espero que enfrente Wilder ou Usyk.

O mesmo brilho faltou ao argentino Jeremías Ponce, campeão super leve da OIB. Com o cartel de 26-0 antes da luta de sexta-feira foi apresentado como uma das grandes esperanças do boxe platino. Será? Enrolou-se com um oponente experimentado e andou na lona no terceiro round, mas acabou vencendo por pontos, merecidamente. Tem boa linha pugilística mas precisa ter boa defesa. Jonathan Eniz exigiu bastante do favorito com uma postura pouco ortodoxa, às vezes confusa. A impressão que tive foi que vencia até o quinto tempo quando o combustível escasseou. A partir daí usou e abusou dos clinches faltosamente. O árbitro? Bah, o mediador não seria aprovado nos excelentes cursos de formação de oficiais nos quais o ex-dirigente, ex-lutador e ex-treinador e atual jornalista Paulo Roberto Godinho formou árbitros como André Godinho, Daniel Fucs, Elber do Nascimento e Eurico Martins. Ou então aprenderia a diferença do clinche como defesa e como falta.

Combate mais do que interessante reuniu nos EUA os super penas Chris Colbert e Jaime Arboleda. Vitória do primeiro por TKO11. Deve ser um rato de ginásio pois desenvolveu uma capacidade extraordinária de movimentação aliada a uma velocidade invejável. Foi para 15-0 e se considera um dos melhores da divisão. Veremos contra outro oponente que tenha mais pegada. Embora o triunfo tenha sido incontestável, Colbert recebeu golpes. Muitos pela sua postura quase irresponsável de ficar nas cordas para atrair e jogar contragolpes. Arboleda fez um combate equilibrado até o nono. Perdeu mas mostrou que é um boxeador para se levar em conta.

No Rio de Janeiro, mesmo com todas as dificuldades agravadas pela pandemia, a Associação Brasileira de Pugilismo (ABP) programou uma luta entre super médios na qual Valmir "Bidú" da Silva W4 Danilo Martins. Os golpes foram trocados no CT Pedro Rizzo na capital fluminense. As papeletas: Allan Neves e Eduardo Balduíno 40-36 e Renato Moura 39-37. A jornada foi completada com lutas entre amadores.

Efemérides - 13 de dezembro

2013 - Associação Punhos de Ouro, Santos, SP

pesados) Raphael Zumbano W ???

médios ligeiros) Mike Miranda W Adaílton dos Santos

cruzadores) Hairton Campos W José Paulo da Silva

cruzadores) Clebson Tubarão D Thabiso Mogale

Raphael Zumbano Leite está radicado nos EUA. Quem sabe, ou conhece quem saiba, qual foi o adversário vencido por ele na jornada acima?