Boxing For You #12

Jorge Luiz Tourinho

20 de setembro de 2022

Mais uma vez São Paulo foi a capital brasileira do Boxe. Um grande evento teve lugar na Arena de Lutas da capital paulista no dia 17 de setembro. Dessa vez os organizadores resolveram fazer apenas quatro lutas entre profissionais com alguns combates entre amadores para completar a jornada. O saldo foi positivo e animador. Assisti pelo canal do YouTube, mas o programa poderia ir ao ar pela TV sem susto porque teve qualidade para isso. Aliás, não sei se aconteceu a transmissão televisiva.

O cotejo final marcou a quarta defesa do título brasileiro dos super penas do sólido campeão Eduardo "Pará" Costa do Nascimento (9-1). Uma vitória categórica e inquestionável! Sobrou desde a campainha inicial até o gongo derradeiro. Tomou conta do ringue e esbanjou técnica, movimentação e recursos de defesa. Seu adversário foi Jonatas Rodrigo de Oliveira (3-2) que subiu dos penas para aproveitar a oportunidade que se apresentou.

Esta foi a única disputa que se avizinhava desequilibrada no papel. De fato, o excelente Eduardo dominou completamente e construiu um triunfo unânime ao fim dos dez assaltos. Houve uma falta marcada contra o desafiante no quinto round que poderia não ter havido. O golpe na nuca foi no calor do combate e fruto das esquivas e movimentos. Não houve maldade. José Borges 99-90, Everton Moreira e Júlio Salomão 100-89 (foi o que marquei) foram os juízes. Reginaldo Peixoto o árbitro.

Pelo que foi informado pela equipe de transmissão do próprio promotor, houve dificuldades em se trazer um desafiante com melhor cartel para enfrentar o campeão. O fato é que o Pará merece ter oponentes de melhor nível. A empresa promotora parece ter condições de buscar na Argentina, na Colômbia ou na Venezuela rivais que estejam perto da classificação dele no Boxrec e possam testá-lo para alavancar sua carreira e subida aos rankings continentais.

Jonatas ainda vai crescer muito pois tem saúde e poderá se desenvolver se tiver condições para isso. Contudo, ainda não está no patamar do campeão brasileiro. Inclusive, muito pouco fez para sair de São Paulo com o cinturão do CNB. Deu a impressão que estava conformado com a ideia de perder por pontos.

O que escreverei agora não é nenhuma crítica. É apenas uma constatação do que vi. Acho, concordando com o grande Servilio de Oliveira, que o boxeador que puder deve materializar sua vantagem e domínio com a busca do nocaute. Eduardo Costa buscou e conseguiu vantagens cada vez mais claras em cada episódio, mas não partiu para aplicar o castigo que poderia abreviar a contenda. Talvez, se apertasse com golpes no corpo e com mais intensidade, não chegaríamos a ouvir a decisão dos jurados.

Preliminares envolvendo profissionais.

Super médios - Marcus Vinícius de Barros (2-0) W4 Bruno Tavares Santos (1-2)

Triunfo claro mas trabalhoso do Vini Barros. As vitórias parciais foram conseguidas por pouca margem. Bruno exigiu muito do vencedor, mas a decisão foi unânime como não poderia deixar de ser. José Borges, Everton Moreira e Marcos dos Reis marcaram 39-37. Para mim, 40-36.

Meio-médios - Arnaldo "Moska" de Souza Pinto (2-0) W4 Rodolfo Bispo (1-2)

Outro cotejo interessante cujo vencedor teve que trabalhar bastante para sacar vantagem em cada capítulo. O Moska deverá ser acompanhado pois exibiu força e boa linha. Talvez seja melhor lutar na longa ou média distâncias. Bispo não deve desanimar pois fez luta equilibrada. As papeletas foram: José Borges 39-36, Marcos dos Reis e Reginaldo Peixoto 39-37. Anotei 40-36.

Leves - Hector de Souza Santiago (3-1) W6 Alan Felipe "Jequié" Sena (1-2)

Foi a luta da noitada! Bem que o comentarista e matchmaker falou durante a transmissão. Santiago, que veio do kick-boxing, mostrou a volúpia da escola mexicana e levantou o público. Seu adversário não fez por menos e ambos eletrizaram o ginásio. A intensidade com que se apresentaram deve ser aquela perseguida por quem deseja ser contratado para outros eventos.

O mediador Marcos dos Reis marcou uma falta contra Sena no quinto tempo. Nem lembro porquê. Para minha surpresa a decisão foi dividida. Os escores foram: José Borges 56-58, Everton Moreira 58-56 (foi o que marquei) e Júlio Salomão 59-54.

Foto: Vavel.com