Boxe Pela Vida II
Jorge Luiz Tourinho
9 de outubro de 2023
Agradeço ao treinador Walmor de Souza o link para poder assistir o evento Boxe Pela Vida II. O extenso programa contou com diversas lutas entre amadores e seis combates envolvendo profissionais. O Clube dos Comerciários em Sorocaba, SP, mostrou-se um excelente lugar para a prática da Nobre Arte.
Temos que também agradecer à equipe do Canal YouTube Thiago Boxing pela transmissão e pela publicação das filmagens. Contudo, temos que fazer algumas observações em prol da melhoria das futuras programações. A primeira delas diz respeito aos cartéis e demais informações dos pugilistas. Elas deveriam ser obrigatórias e o locutor oficial deveria anunciá-las. Se isso não for feito, como não foi (pelo menos não ouvi), pode-se exibir um quadro com esses dados.
Outra coisa que observei foram diversos erros de português. Verbo ir conjugado errado e até mesmo um "golpe contundido". É tarefa de todo jornalista ou profissional de imprensa procurar se aprimorar no nosso dificílimo idioma. Há Canais no YouTube que uso para estudar e complemento com pesquisa em sites pela Internet. Não custam nada. Porém, se quiserem contratar professor(a) de português, ótimo.
A terceira coisa são as informações relativas ao esporte em questão. Ninguém sabe tudo. Portanto, deve-se ter uma fonte especializada para veicular os fatos e os dados com certeza. Os limites de peso das divisões são diferentes entre as modalidades amadora e profissional. Por isso é importante divulgar o quanto cada boxeador pesou na balança oficial. Não se deve deixar dúvida no público em relação ao enquadramento na categoria que está em jogo.
Vamos às minhas análises. Os resultados, embora as lutas tenham acontecido no dia 10 de setembro, não foram divulgadas no indispensável site BoxRec. Entranho, porque o grupo que supervisionou o evento é aquele que detém uma espécie de monopólio de registro no importantíssimo banco de dados pugilístico.
Pesados – Matheus Munhoz da Penha (4-0-1) W4 Caique "Shazam" de Souza (0-2)
Domínio total do vencedor que derrubou no segundo assalto. Aparentemente, faltou combustível para encerrar antes. O fato é que Matheus venceria com, apenas, a aplicação de jab de esquerda e direto de direita. Enfim, ficou devendo.
O Shazam pode considerar como vitória ter ouvido a decisão dos juízes. Precisa, e muito, de maior preparo físico.
Os três jurados, Reginaldo Peixoto, Marcos dos Reis e Everton Moreira, e eu marcamos 40-35.
Super galos – Patrick Lourenço (2-0) KO2 Genivan Bispo Gomes (1-2)
Excelente linha tem o vencedor! Dominou amplamente e nocauteou com golpes no corpo. Se não tem dinamite nos punhos para jogar na lona com socos na cabeça, a alternativa é bater na linha da cintura.
Lourenço tem mais uma ou duas lutas não registradas no BoxRec porque foram disputas, com triunfo, sob a supervisão da Associação Brasileira de Pugilismo. Gomes foi valente diante de oponente técnica e fisicamente em nível superior ao dele.
Meio-médios – Brenno Petrungaro (1-0) W4 Fábian Ezequiel Campos (0-2)
Interessante e disputada peleja! Ambos buscaram o triunfo com o arsenal que dispunham. Fábian foi anunciado como argentino. Vi alternância no controle do ringue e anotei empate em 38-38.
A decisão foi unânime com: 40-36 e 39-37 (2).
Médios ligeiros – Fernando "Nando Shelby" Farias (1-3) W4 Victor de Oliveira Cardoso (1-1)
Outro combate animado que apresentou alguma dificuldade para a marcação. O mineiro Cardoso dominou metade dos assaltos e foi dominado pelo paulista Farias na outra metade. Para mim, outro empate em 38-38.
A decisão premiou o Nando Shelby unanimemente. 38-37, 39-37 e 40-36 foram os escores.
Super penas – Robson "Prince" Matias de Souza (5-1) W6 Diogo "Yashiro" da Silva Ferreira (0-1)
Foi o combate da noite! O Príncipe fez valer sua boa linha e boa defesa. Venceu todos os rounds, mas teve que se empenhar a fundo para fazê-lo. O que acho que pode – e deve – fazer é desenvolver movimentação para os lados para criar ângulos para golpear após esquivar-se. Como não mostrou poder de punch, tem que intensificar o castigo na zona hepática para tentar o KO.
Yashiro veio de Minas Gerais e exibiu postura de atleta de Kick-boxing. Não aceitou ser dominado e buscou reverter atirando socos e pressionando. Pareceu ter cansado no sexto tempo.
Dois juízes marcaram 59-55 e o outro 60-54 que foi o que anotei.
Super médios – Bruno César "The Hunta" de Paula (7-7) W8 José Conceição Nascimento (5-7)
Foi a luta final e deixou a desejar. Zé Conceição, aos 44 anos, poderia pensar em passar a outra atividade dentro do Boxe. Foi dito na transmissão, por diversas vezes, que ele é o campeão brasileiro dessa divisão. Não pode ser. Com cartel negativo o CNB não deveria nem colocar no ranking brasileiro nem autorizar a disputar seu cinturão.
Bruno conseguiu um knockdown no terceiro capítulo, mas não pode arrematar o confronto com um veterano apenas valente e brigador. Teria faltado gás?
Uma falta por bater na nuca foi marcada contra Nascimento pelo mediador Reginaldo Peixoto. Exagerada ou não, não foi isso que definiu o paupérrimo embate.
As papeletas foram: Júlio Salomão e Everton Moreira 76-74 (foi o que anotei) e Marcos dos Reis 77-73.
Observei nos árbitros do CNB preocupação excessiva quando há alguma hemorragia. Param a luta para que os médicos estanquem o sangramento. Não me parece ser essa a função deles e sim dos cutman. Enfim, fazer o quê? No Rio de Janeiro vi retirarem a vitória do meio-pesado Márcio Blade porque o adversário teve uma ruptura no supercílio. Esse minuto a mais o fez se recuperar e quase vencer. Não lembro o nome dele agora.
Imagem: Portal Parque