Boxe ainda é duvida para Paris 2024

20/09/2021

O Comitê Olímpico Internacional (COI) enviou carta aberta para a Associação Internacional de Boxe (AIBA) externando grandes preocupações em relação às questões administrativas da entidade. Atualmente, a AIBA encontra-se suspensa do Movimento Olímpico, devido a diversos escândalos envolvendo seu antigo presidente Gafur Rakhimov. 

A carta, assinada pelo Diretor-geral do COI, Chistophe De Kepper, e direcionada ao atual presidente da AIBA, Umar Kremlev, afirma que o boxe está sob ameaça no programa olímpico em Paris 2024, pois a federação não implementou a maioria das reformas exigidas. 

Vale destacar que a AIBA não teve envolvimento na realização do torneio de boxe em Tóquio 2020, que foi gerido por uma força-tarefa criada pelo COI. 

A carta sugere que a entidade tem muito trabalho a fazer em relação às mudanças exigidas pelo COI. "Considerando as inúmeras preocupações existentes e não resolvidas, o Conselho Executivo do COI solicitou ao diretor geral e ao diretor de ética e conformidade do COI que acompanhassem a situação da AIBA, e analisassem todos os elementos solicitados, bem como as análises dos vários especialistas independentes", escreveu De Keeper. Em outro trecho da carta, De Keeper disse que "o Conselho Executivo do COI reafirma suas preocupações mais profundas e reitera sua posição anterior com relação ao lugar do boxe no programa de Paris 2024 e edições futuras dos Jogos Olímpicos". 

A resposta: "A AIBA está trabalhando em uma reforma abrangente há algum tempo e é grata pelo reconhecimento público do COI de que um passo em frente foi certamente dado em termos de boa governança". "Reformas abrangentes já estão em andamento em termos de integridade financeira, boa governança e integridade esportiva, incluindo todas as áreas mencionadas pelo COI e muito mais". 

Kremlev vem tentando reformular a entidade e uma de suas primeiras ações foi contratar especialistas independentes, como Richard McLaren, para investigar denúncias de corrupção nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e ajudar a liquidar parte da dívida da entidade. 

Na carta do COI, também foi solicitado que a AIBA forneça um cronograma detalhado sobre sua promessa de renovar a liderança e realizar eleições para seu Conselho de Administração. O COI alegou que o Comitê Eleitoral da AIBA estava ciente da informação "em relação a um dos candidatos" na votação presidencial, mas que o painel que supervisionava não levou as informações em consideração. Não está claro a qual candidato o COI se refere, mas preocupações foram levantadas em relação ao então presidente interino e chefe do boxe africano, Mohamed Moustahsane, e Domingo Solano, da República Dominicana, entre outros. Vale lembrar que ambos foram liberados para concorrer ao Comitê Eleitoral antes que o dominicano se retirasse antes da votação. 

Na carta, o representando do COI ainda descreve que foi informado de uma série de reclamações sobre o julgamento e arbitragem pelos participantes do Campeonato Mundial Juvenil da AIBA e do Campeonato Asiático realizados no início desse ano, e que também estão sendo investigados por McLaren. 

Finalizando, De Keeper ainda afirma que a maioria das práticas sugeridas pela força tarefa que organizou o boxe nas Olimpíadas não foram executadas e pede maiores explicações.