Aprovados com nota mínima

04/10/2020

Por Jorge Luiz Tourinho

Quando uma empresa promotora faz um evento normalmente o faz com a expectativa de ver seus contratados darem passos na direção das classificações mundiais. Não foi diferente o programa do PBC em Los Angeles, Estados Unidos, sábado 3 de outubro. Quatro de suas promessas - uma delas já é realidade - seriam testadas contra boxeadores de cartéis equivalentes. A ideia era apresentar combates equilibrados em teoria.

Se os irmãos gêmeos Barrientes, Chavez e Angel (super galos), Paul Kroll (meio médio) e Mark Magsayo (super pena) não decepcionaram, também não empolgaram quem ficou acordado até tarde assistindo o Knockout ESPN. O filipino Magsayo está rankeado mas, depois do apresentado, não se pode falar em disputa de título mundial. Enfrentou o atleta mexicano Rigoberto Hermosillo de boa linha pugilística que chegou a vencer alguns assaltos e ouviu a decisão unânime dos juízes ser pronunciada. Pouco para quem foi apresentado como a nova sensação das Filipinas. Ficou com 21-0.

Angel trocou golpes com o também novato Fernando Ibarra e não soube fazer valer sua enorme estatura. Triunfo por pontos com a sensação de que poderia agredir mais. Deve aperfeiçoar sua movimentação. Foi para 4-0. É como disse o então comentarista Servílio de Oliveira, futuro vereador em Santo André, SP: boxeador tem que bater com vontade. Chavez foi mais lúcido que seu irmão mas pegou um adversário de maior nível, Ivan Varela, que exigiu bastante do mais velho dos Barrientes. Triunfo claro mas com pouca vantagem que também o levou para 4-0. Kroll teve pela frente um lutador com experiência e boa linha e deve agradecer aos juízes que não viram a luta empatada como o excelente analista Eduardo Ohata. Teve até papeleta 99-91 e não foi piada! Por três ocasiões Lucas Santamaria atingiu o favorito na zona hepática e o colocou em situação difícil.

A ausência de nocautes não transformou a noitada em fiasco. O entusiasmado locutor Matheus Pereira acha que a quantidade de KO é o que o leva a considerar o programa bom ou ótimo. Acho que não. Vencer antes do limite é resultado do trabalho em cima do ringue ou de uma bomba bem colocada.

Inclusive, tenho certeza que os matchmakers do PBC continuarão a trazer oponentes de nível cada vez maior para os seus atletas. O negócio não é inflar recordes com resultados que nada somam para as carreiras dessss promessas. É comum que aconteçam surpresas e/ou imprevistos quando se trata de prospectos. No caso do evento de sábado eles foram aprovados com nota mínima.

Efemérides: 4 de outubro

1957 - Ginásio do Pacaembú, São Paulo, SP

médios - Nelson Andrade W Dante Nolasco

? - Claúdio Tonelli W Jaime Fontes

? - Euclydes de Queiroz W Itamar Cavalcanti

? - Cristobal Ferrer D Walter Valentim

Época de ouro do boxe brasileiro. Programas semanais no Rio e em São Paulo. Nesta noitada lutaram Nélson de Paula Andrade - disputou os títulos brasileiros dos médios e dos meio pesados - e Cláudio Tonelli que disputou o dos penas.

1959 - Auditório da TV Rio, Rio de Janeiro, RJ

Celestino Pinto TKO5 Ruben de los Santos

Pinto chegaria a disputar o título brasileiro dos meio médios.

1961 - Auditório da TV Tupi, Rio de Janeiro, RJ

médios - Felipe Cambeiro Wdq8 Francesco Buccio

Raul Justo W8 Roque Alfonso

Cambeiro, espanhol naturalizado brasileiro, foi campeão sul americano dos médios. Em outra jornada, neste mesmo local, venceu a um jovem boxeador argentino por pontos em 8 assaltos tendo-o derrubado 3 vezes. O perdedor anos depois se tornaria o maior peso médio do universo: Carlos Monzón.

1964 - Auditório da TV Rio, Rio de Janeiro, RJ

médios - Mário dos Santos W8 Alfredo Paz

Gideltro dos Santos TKO2 Cipriano Viana

Wagner Gil D4 Mário Sereno

1964 - Auditório da TV Excelsior, São Paulo, SP

título brasileiro meio médio - Juarez de Lima W12 Edmundo Leite

Josué de Morais W6 José da Silva

Antônio Carlos dos Santos D4 Renato Reale

Adriano Gonçalves W Luiz Correia

Juarez de Lima também foi campeão sul americano dos meio médios.

Edmundo Leite foi campeão brasileiro dos médios.

Josué de Morais disputou o título sul americano dos leves duas vezes.