Apenas pegada não basta para Makhmudov

23/09/2022

Jorge Luiz Tourinho

22 de setembro de 2022

Todas as atenções se voltaram para o Casino Montreal no Canadá. O invicto peso pesado russo radicado nesse país foi apresentado como potencial futuro campeão mundial. O cartel perfeito de 14-0, 14 KO falava por si só. Bastaria que Arslambek Makhmudov detonasse o duro adversário que lhe colocaram pela frente para que se especulasse a data em que a disputa de título universal aconteceria.

Há ocasiões, no Boxe, em que o favorito precisa lutar e se empenhar a fundo. A noitada de 16 de setembro foi uma delas. O camaronês naturalizado francês e radicado nos EUA, Carlos Takam, vem trabalhando como sparring de bons boxeadores e, com seu bom recorde, seria um oponente que valorizaria os cinturões em jogo.

Cintos regionais importantes impulsionaram o evento. NABF, NABA e WBC Silver foram eles. Um knockdown logo no assalto inicial prenunciou o que o promotor queria: uma vitória rápida e retumbante. Contudo, a bravura e resiliência de Takam surpreendeu a todos e mostrou ao mundo que somente a pegada cavalar pode não bastar para que Makhmudov chegue lá.

Ao não conseguir nocautear, o favorito se precipitou em atirar bombas que foram absorvidas ou evitadas pelo rival que não queria perder. O resultado foram rounds vencidos e perdidos por um e outro. Houve ainda outra queda pessimamente anotada pelo árbitro no sétimo tempo. Foi fruto mais de um encontrão do que de golpe, mas valeu para dar-se o 10-8.

Takam conectou alguns bons socos, mas o russo é muito forte e resistente. Embora com granito no queixo, Makhmudov carece de velocidade e mais clareza quando ataca. Bastou um adversário duro e experiente para expor suas deficiências. A decisão foi unânime, sem problemas. Dois juízes marcaram 96-92 (foi o que anotei) e o outro 97-91. O comentarista Servílio de Oliveira anotou 98-91. Todos para Arslambek que foi para 15-0. Takam foi para 39-7-1.

Em entrevista prévia, o vencedor teria afirmado que deseja pegar Anthony Joshua. Fanfarronice de quinta categoria! Todos já sabem que se está preparando um super combate entre Tyson Fury e Joshua pelo título do CMB. Estranhamente o mesmo CMB autorizou duas eliminatórias para sacar o desafiante de Fury ou, se ele se aposentar, indicar o campeão. Andy Ruiz venceu Luis Ortiz e Deontay Wilder enfrentará brevemente Robert Helenius. Enfim, Frank Warren tem muita influência.

Preliminares exibidas pela ESPN.

Meio-médios - Hanza Khabbaz (5-0) W4 José Bolaños (2-6).

Triunfo categórico num cotejo desequilibrado. Khabbaz precisa de oponente de melhor nível para vermos suas reais pretensões.

Penas - Emma Gongora (5-2) W6 Martine Bisson (5-2)

Boa vitória da francesa Gongora. Bisson é canadense e mora em Montreal, mas não foi páreo para a europeia que a derrubou no segundo episódio. Duas faltas meio malucas foram marcadas contra a vencedora. Não viraram o resultado, felizmente. As papeletas foram 57-54 (2) e 58-53 que foi o que marquei.

Super penas - Jean François (3-0) W4 Andrés Ramírez (4-5-3)

Confronto confuso com pouca lucidez. Ramírez veio brigar e quase conseguiu impor seu intento. François, se não decepcionou, não agradou. Os escores foram 40-36 (2) e 39-37 que foi a marcação de Servílio e minha.

Super penas - Thomas Chabot (7-0) TKO2 Armando Ramírez (3-2)

Uma verdadeira coça aplicou o canadense no mexicano. Três quedas e o mediador fez bem em terminar a agonia.

Título NABF dos médios - Steven Buttler (31-3-1) TKO2 Mark DeLuca (28-4)

Esperávamos cotejo equilibrado, mas DeLuca foi presa fácil para Buttler. Talvez tenha entrado frio e um golpe foi suficiente para tirar sua lucidez.     

Imagem: El Paso Times