Anote Esse Nome: Tim Tszyu
Por Jorge Luiz Tourinho (03/04/21)
Se você ficou também impressionado com a vitória do meio pesado Artur Beterbiev (16-0, 16 KO), campeão do CMB e da FIB, sobre o desafiante Adam Deines, peço que anote aí um nome: Tim Tszyu. Se você não pode acordar de madrugada para assistir o Insomnia Boxing na ESPN no dia 31 de março, sugiro procurar na Internet e no YouTube a reprise do combate no qual Tszyu (18-0) demoliu Dennis Hogan (28-4-1).
A capacidade de cercar, bater e boxear do russo Beterbiev ficou um pouco diminuída por conta dos diversos socos recebidos de Deines. Embora seus punhos tenham dinamite, receber golpes pode ser o diferencial contra pugilistas do nível de Canelo, Golovkyn ou Ramírez. O caso do australiano Tszyu se apresentou diferente porque a quantidade de toques conectados por Hogan foi mínima.
Estava em jogo na cidade de Newcastle, Austrália, o título OMB Global (que diabo seria isso?) dos médios ligeiros. O caminhar, o domínio do ringue, o cercar e bater - sobretudo na zona hepática - e a pimenta nas mãos me fazem reconhecer um excepcional lutador. Não cometerei o erro dos primeiros anos de jornalismo quando tentei profetizar futuros campeões mundiais e fracassei. Apenas, repito, esse rapaz, que é filho do ex-campeão mundial dos meio-médios ligeiros Kostya Tszyu, merece ser acompanhado de perto.
O cotejo estava fadado a não chegar ao número previsto de assaltos pelo que exibiram nos dois iniciais. Ambos estavam no ranking do Conselho (CMB) e, teoricamente, seria luta equivalente. Nada disso. Tszyu dominou, cercou e bombardeou fazendo a via do sono ser considerada pela dupla Botelho-Ohata e por mim. O irlandês foi um bravo. Mesmo inferiorizado, retrucou como foi possível as cargas vindas do outro lado. Chegou a ferir o supercílio esquerdo de Tim. Bambeou nos terceiro e quarto tempos e, fruto de um uppercat e um hook no fígado, caiu no quinto. Embora visivelmente abalado, respondeu à contagem de oito mas sua esquina mostrou a toalha. TKO5. Tszyu venceu todos os assaltos.
Na entrevista que se seguiu, falaram que Tszyu quer terçar luvas com boxeadores americanos ou britânicos de "bom nível". Parece que a mensagem foi para seu conjunto de patrocinadores. A Austrália, assim como a América do Sul, está fora da rota das principais programações de boxe. Será caro levar para a terra dos cangurus um grande boxeador mas é empreitada possível pela tradição local.
Nas duas lutas anteriores que pude ver, ficou claro que na Austrália pouco tempo se espera para colocar um lutador diante de outro. Mesmo que os carteis o desaconselhem.
Títulos WBA Oceania e IBO Internacional médio ligeiros - Wade Ryan TKO10 Koen Mazoudier.
Combate meio estranho. Ambos apresentaram movimentação defeituosa. Ryan projetando a perna de trás quando aplicava mais de um golpe. Suas pernas quase em paralelo não lhe proporcionam a base para soco demolidor. Mazoudier trocou de base no movimento para atacar. Vício que já vi em lutadores que vem do Kick-Boxing. Embora o excelente comentarista Eduardo Ohata tivesse a pontuação equilibrada até o décimo e último capítulo, eu estava vendo a vitória de Mazoudier. Contudo, depois de muitas trocas, entendeu o mediador que Koen não poderia seguir e decretou o nocaute técnico no décimo. Como ninguém reclamou, ficou de bom tamanho. Ryan é o atual campeão australiano e foi para 18-9. Mazoudier ficou com 8-2. Talvez tenha sido precipitado esse cotejo. A curiosidade foi um knock-down no quarto não ter sido considerado. O diretor da TV australiana não exibiu o porquê. Botelho viu um soco, Ohata uma trombada e um golpe. Eu vi um trança-pé de destro com canhoto.
Super penas - Paul Fleming (27-0-1) TKO7 Tyson Lantry (8-4).
Luta desigual no papel, foi também na realidade. Fleming é muito bom pugilista. Promoveu um verdadeiro massacre encerrado com a toalha do corner de Lantry. Inclusive, seu treinador errou em deixar o combate continuar para entrar no ringue. Porque não desistiu no intervalo? Veja os carteis. Na Austrália eles deixam o pau comer. Quer lutar? Assine o contrato e entre no quadrilátero. Depois não reclame.
Foto: BoxRec