Andy Ruiz venceu por pontos Luis Ortiz

09/09/2022

Jorge Luiz Tourinho

8 de setembro de 2022

O extraordinário comentarista da ESPN, Eduardo Ohata, decifrou o enigma pouco antes de começarem a lutar Andy Ruiz (35-2) e Luis Ortiz (33-3). O evento em Los Angeles, Califórnia, começou na noite de 4 de setembro e invadiu a madrugada. Embora tivessem vindo de vitórias, ambos visitaram a lona e deram a volta por cima contra, respectivamente, Chris Arreola (em 1-maio-2021) e Charles Martin (1-jan-2022). Fariam um combate cauteloso a princípio e a velocidade poderia fazer a diferença.

Ortiz foi derrubado duas vezes no segundo assalto e uma no sétimo. Já lhe faltaram a mobilidade e a velocidade para poder encarar qualquer peso pesado top-10. A Fisiologia diz que o auge de um atleta se dá aos 27 anos, geralmente. Essas melhores condições permanecem até os 32 anos, exceto nos super dotados. Aos 43 anos, o cubano-americano poderia mudar de função. Deixaria de ser boxeador e iniciaria carreira de treinador, manager ou agente. Quem sabe, até mesmo promotor. Dinheiro não lhe faltará para qualquer coisa que sugeri.

Ruiz fez da espera para contragolpear no momento certo a sua marca para ir vencendo a maioria dos capítulos e sair com a certeza que irá enfrentar o vencedor de Deontay Wilder e Robert Helenius pelo título do Conselho Mundial de Boxe (CMB-WBC) ou pelo direito de ser o desafiante obrigatório de Tyson Fury, se esse recuar da ideia de aposentar-se.

O cotejo que poderia ser explosivo decepcionou e gerou até vaias em alguns momentos. A verdade é que um desafiante a cinturão importante ou contendor por luta eliminatória, nessa divisão, deve estar preparado para atirar até 60 golpes nos três minutos que compõem cada tempo. Não é saudosismo, mas quem não se lembra das guerras que Riddick Bowe e Evander Holyfield protagonizaram? Daqui a pouco mais de um ano, quem se lembrará com boas recordações do confronto Ruiz - Ortiz?

Alguém saberia dizer porque o quinto e o oitavo ranqueados no WBC disputaram essa eliminatória? Creio que foi por indicação dos seus promotores ou da Premier Boxing Champions (PBC). Para quê eliminatória se há ranking? Tal coisa se justificaria se não houvesse, mas parece que a possibilidade de arrecadar outra taxa falou mais alto...

Ruiz esteve perto de vencer pela via rápida no segundo. Um direto de esquerda recebido no final desse mesmíssimo round o fez voltar para o terceiro esperando a iniciativa de um lento e confuso oponente. Ortiz pareceu estranhamente conformado com o desenrolar das ações. A menos que seu córner achasse que estava na frente nas contagens. Ainda assim, pode triunfar em alguns episódios.

Ao final, decisão unânime com: 113-112 e 114-111 duas vezes (foi o que marquei). Ohata anotou 113-112 para Luis Ortiz.

Preliminares que assisti.

Leves - Abner Mares (31-3-2) D10 Miguel Flores (25-4-1)

Combate duríssimo e equilibrado trouxe de volta aos ringues o ex-campeão em três categoria Abner Mares. Disse que se motivou com a luta entre Gervonta Davis e Mario Barrios. Muito bem, mas voltar a disputa de cinto mundial será difícil. Ainda mais entre os leves. Flores pode não ter sido brilhante, porém mostrou qualidades diante de um boxeador de primeira linha.

A decisão foi majoritária e desagradou ao ídolo mexicano Mares. 96-94 (foi o que marquei) e dois empates em 95-95 foram as papeletas. Ohata anotou 97-93 para Abner.

Leves - Isaac Cruz (24-2-1) KO2 Eduardo Ramírez (27-3-3)

Anote aí: Cruz é o cara! Novamente, fez jus ao apelido de Pitbull. Caçou um adversário movediço até derrubar e depois nocautear para delírio do público e do bom locutor Hugo Botelho. Pena que não motivou os astros da peleja final.

Tratou-se de outra eliminatória do WBC. Cruz era o terceiro e Ramírez o quarto na sua lista. E tome taxa sendo paga...    


Foto: Wuztrending Canada