A lição dada por Jonnie Rice a Michael Coffie

02/08/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

1 de agosto de 2021

Acho que não precisamos dizer ou escrever que Boxe não é somente dar socos. O que ainda me impressiona negativamente é assistir lutas de classificados em rankings mundiais que mostram que eles são apenas golpeadores com rudimentares técnicas de defesa.

Foi o que ocorreu no programa do Premier Boxing Champions (PBC) levado ao ar pela ESPN Brasil na noite de sábado 31 de julho. O então invicto com 12-0, Michael Coffie, foi apresentado pela boa equipe de transmissão como o nono da relação da Associação Mundial de Boxe (AMB). Essa posição não está no ranking de julho da entidade sediada no Panamá (obrigado Daniel Fucs!!!) mas confere com o arquivo divulgado pelo conceituado site Boxing Rankings. Pouco importa no momento essa divergência. Coffie era o favorito e o boxeador da casa.

Jonathan "Jonnie" Rice, outro gigantesco peso pesado, substituiu Gerald Washington e disse nas entrevistas prévias que acabaria com a invencibilidade de seu oponente. A razão? Coffie nunca havia enfrentado alguém do seu nível. A profecia se cumpriu com um TKO5. Rice venceu os quatro assaltos pontuados dando ao perdedor uma verdadeira aula de boxe.

Pegadores como Coffie tem que apertar, pressionar e tomar a iniciativa para jogar suas bombas. No combate de ontem, Michael se mostrou lento e com pouquíssima iniciativa. Foi boxeado por um adversário mais veloz e muito mais móvel além de ter mais fundamentos. A combinação desses fatores foi levando o Jonnie a golpear para vencer os capítulos e provocar ferimento no olho esquerdo. No quinto, o árbitro encerrou a contenda depois que Coffie virou o rosto e pôs a mão no olho inchado. Alegria do vencedor que vinha de duas derrotas e foi para 14-6-1.

O triunfo pode catapultar Rice para novos embates que lhe deem boas bolsas. Coffie é fortíssimo e tem pegada. Precisa ser treinado para melhorar sua defesa senão será apenas um vencedor de perdedores.

Outros combates desde Newark, Nova Jérsey, EUA.

Super médios - Joey Spencer (13-0) W8 James Martin (7-3).

A despeito das derrotas no cartel, Martin é um bom pugilista. Exigiu do jovem Spencer esforço para triunfar. Diante de oponente que não tinha nocautes no cartel, o invicto de 21 anos deveria ter pressionado e tomado a iniciativa. Sua quase irritante espera - parece que gosta de contragolpear - o levou a decepcionar quem dele espera evolução para voos mais altos. Enfim, se Martin era o teste, acho que não passou. Precisará de outro choque em oito tempos. Martin trabalhou muito e é o cara para experimentar lutadores em ascensão. As papeletas foram: 79-73 (2) e 80-72. Marquei 77-75 para Spencer.

Meio-médios - Vito Mielnicki Jr. (9-1) TKO2 Noah Kidd (6-4-2).

O jovem vencedor vinha de derrota, nessa categoria, para James Martin. Queria a revanche mas não foi possível pelo atual peso de ambos. Teve que se contentar com um substituto de última hora que pouco agregou na sua campanha. Kidd mostrou-se atabalhoado e sem precisão. Apertou no início mas foi boxeado e derrubado no primeiro round. No segundo, uma enxurrada de murros o levou a se ajoelhar. Foi a deixa para a decretação do nocaute técnico. Olho nesse filho de poloneses!

Super leves - Karl Dargan (20-1) TKO3 Ivan Delgado (13-4-2).

Dargan voltou dominando um adversário apenas brigador. Esquivou, boxeou e meteu a mão com vontade. Duas quedas aplicadas no terceiro assalto levaram o mediador e encerrar o cotejo, acertadamente. É outro boxeador que o PBC deve promover pois mostrou muitas qualidades.

Pesados - Norman Neely (9-0) W6 Juan Torres (6-4-1).

Mais uma promessa contratada por empresa associada ao PBC que triunfou categoricamente. Faltou a decisão ter vindo antes da distância pactuada. A diferença técnica entre eles é enorme. Torres valorizou a luta mas está em outro patamar. Vem lutado, segundo a equipe dos canais Disney, em eventos de Muay Thai e boxe sem luvas (briga de homens). Tem muita saúde e valentia mas foi dominado por Neely. 60-54 foi o que marquei.

Meio-pesados - Andre Dirrell (28-4) TKO3 Christopher Brooker (16-8).

Oponente escolhido a dedo para a volta - quase triunfal - de um grande boxeador. Fez sua luta anterior em dezembro de 2019. Mais duas vitórias contra lutadores do segundo escalão, pelo menos, o levarão à condição de ser programado por disputa de título mundial.