A Covarde e Nefasta Subserviência

15/03/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

É com revolta que leio que a Associação Mundial de Boxe (AMB) suspendeu o juiz que marcou 117-111 para Juan Francisco Estrada na sua peleja com Román Chocolatito González.

Vamos à luta. Qual foi a marcação dos "dirigentes" da AMB? Claro que apontada durante o cotejo, nunca depois. Quanto tinha na sua papeleta oficiosa o Sr. Gilberto? Esse combate poderia ter diversos vereditos em face ao que ocorreu dentro do ringue. 115-113 ou 114-114 apareceram na minha coluna anterior. Marcadas durante a luta. Será que merecemos alguma sanção? Ou o jurado Carlos Sucre está sendo usado para a defesa de interesses do desagradável promotor Eddie Hearn?

Repito: é fácil falar. Ainda mais depois do resultado. Quero ver os caras da AMB divulgarem suas marcações logo após o gongo final. Vale para todos os que escrevem nas redes sociais sobre "roubos" e "erros de juízes". Façam algum curso de formação de oficiais para tentar falar ou escrever com propriedade. Quem atua como juiz de boxe não pode nem deve olhar para a empresa que promove o lutador. Nem sua nacionalidade e etnia. O regulamento é o que importa. Vença o melhor na sua visão.

Quem pode estar na bronca com o resultado da luta final no American Airlines Center em Dallas, EUA?

O presidente AMB Gilberto Mendoza parece ter motivo. O campeão do Conselho, Estrada, venceu o titular da AMB e ficou com os dois cintos. Mas...o extraordinário mexicano não seria digno desse galardão? Claro que tê-lo como rei dos super moscas é fato que orgulha qualquer organismo!

E porque agora a suspensão? E outros casos de decisões estapafúrdias que nada motivaram? O que há de novo? Os interesses do espalhafatoso Hearn, herdeiro da empresa Matchroom. O magnata percebeu, e ele é ladino, que uma luta que teve 2593 socos aplicados merece uma revanche para que ele fature mais uma bela grana. No caso seria o terceiro encontro entre Estrada e Chocolatito. Uma espécie de tira teima já que cada um venceu uma.

A jogada pode até provocar uma loucura: a mudança do resultado para empate ou a anulação do combate. Tudo isso para garantir que a Matchroom e Hearn Jr. tenham nas mãos ou nas câmeras outra luta entre eles. Pouco importa que haja um desafiante obrigatório no CMB, o tailandês Srisaket Sor Rungvisai. Nem que existam outros candidatos aos títulos AMB e CMB. O que mais parece importar é o desejo de vender outra disputa milionária, sobretudo para os empresários.

Realmente o boxe está cada vez mais negócio e entretenimento do que esporte. E a influência dos megaempresários é cada vez maior. Por outro lado, dentro das organizações pugilísticas, cresce a relação de covarde subserviência às empresas promotoras.